"Se eu não morasseapostar skin csgocomunidade e fosse branco, a história seria diferente".
Um caso que deixou feridas pesadas e que dificilmente serão cicatrizadas. Everton Heleno dos Santos, 29 anos, nascidoapostar skin csgoRecife, negro e jogadorapostar skin csgofutebol. Mesmo com pouca idade, o atleta tem várias passagensapostar skin csgovida para contar. Em agostoapostar skin csgo2018, quando defendia o Botafogoapostar skin csgoRibeirão Preto, ele foi preso e, posteriormente, condenadoapostar skin csgoPernambuco pelos crimesapostar skin csgoroubos. A mesma testemunha que o havia apontado como autor dos delitos, voltou atrás e informou que havia se enganado ao acusar o meia, que jamais havia praticado o ato ilícito. Mas não adiantou. Ele ficou na cadeia por um ano e 18 dias. Hoje, pouco maisapostar skin csgoum ano após deixar a cadeia e vivendo a retomada na carreira, Everton Heleno garante que foi vítimaapostar skin csgoracismo.
Em entrevista especial ao ge Paraíba, o hoje jogador do Botafogo-PB contou detalhes do momentoapostar skin csgoque acabou sendo abordado pela polícia, da condução da Justiça no processo que resultouapostar skin csgouma condenação equivocada e comprometeu várias vidas e do resgate que encontrou no clubeapostar skin csgoJoão Pessoa, que abriu as portas para ele voltar a entrarapostar skin csgocampo.
Nascido e criado no Bairro dos Coelhos, periferiaapostar skin csgoRecife, Everton Heleno escolheu o futebol como pãoapostar skin csgocada dia ainda jovem, passou pela base do Sport, mas virou profissional reconhecido com a camisa do Santa Cruz. Também defendeu clubes como Mogi Mirim, ASA, CSA , Atlético Goianiense, até chegar ao Botafogo-SP, onde estava quando viveu os piores momentosapostar skin csgosua vida fora dos campos.
Em Ribeirão Preto, a temporadaapostar skin csgo2018 caminhava muito bem, o Botafogo-SP estava inteiro na busca pelo acesso à Série B do Campeonato Brasileiro. Concentrado com o time,apostar skin csgoSão Paulo, Everton Heleno viu tudo desmoronar no mêsapostar skin csgoagosto.
Everton Heleno conta detalhes sobre a injusta condenação por rouboapostar skin csgocelular
Everton foi reconhecido, segundo a Polícia Civil, por cinco testemunhas, que o acusaramapostar skin csgopráticasapostar skin csgoroubosapostar skin csgoceluraresapostar skin csgoum veículo HB20 branco no municípioapostar skin csgoCamaragibe, na Região Metropolitanaapostar skin csgoRecife. A delegada do caso, Euricélia Nogueira, da 9ª Delegacia Seccional,apostar skin csgoSão Lourenço da Mata, no Grande Recife, informou que já havia um mandadoapostar skin csgoprisãoapostar skin csgoaberto, que foi cumprido logo após a versão da testemunha. Em dezembro daquele ano, o jogador acabou condenado a sete anos e seis mesesapostar skin csgoprisão.
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Foram longos meses até chegar o mêsapostar skin csgomarçoapostar skin csgo2019, quando uma das testemunhas prestou um depoimento admitindo que havia se enganado ao acusar Everton Heleno. Apesar disso, o jogador só conseguiu o habeas corpus no mêsapostar skin csgoagosto, pouco maisapostar skin csgoum ano depoisapostar skin csgoter sido preso. Uma injustiça acabou interrompendo a carreiraapostar skin csgoum profissional.
Pela primeira vez após o turbilhão que aconteceu naapostar skin csgovida, Everton Heleno contou os detalhesapostar skin csgosua história recente: a acusação, a abordagem policial, os dias no cárcere, o apoio e o drama da família e a injustiça sendo admitida. O relato é forte, mas o jogador, mesmo traumatizado pelo caso, demonstra muita firmeza e jamais paraapostar skin csgosorrir.
– É uma ferida que dificilmente vai ser curada. Eu passei um ano e 18 dias preso, inocente, por causaapostar skin csgorouboapostar skin csgocelular. Eu fui nascido e criado na comunidade e nunca precisei roubar nadaapostar skin csgoninguém. A minha família sempre me deu um respaldo bom e não foi por esse caminho. Quem moraapostar skin csgocomunidade sabe o quanto é fácil você pegarapostar skin csgoarma,apostar skin csgodroga. É muito fácil. Mas, graças a Deus, a minha família sempre me deu um respaldo bom, para mim e para o meu irmão, que também é jogador. Porque eu estava muito bem na minha vida profissional, no meu auge, aí veio uma coisa dessas para acabar com os meus sonhos. Mas eu sabia, eu disse a mim mesmo, que passaria dois ou três anos ali e a verdade apareceria. Eu jamais penseiapostar skin csgoroubar celular. Eu estavaapostar skin csgoSão Paulo no dia do assalto, registreiapostar skin csgofoto. Tiveram evidências que comprovaram a minha inocência, mas eles não acreditaram. Não tinha nenhuma digital minha no carro e, mesmo assim, eu permaneci preso. No mesmo diaapostar skin csgoque a mulher me acusou, ela voltou à delegacia para dizer que não era eu, mas a delegada não quis escutá-la. Só eu sei o que a minha mãe passou, a minha avó. É muito triste. Eu sei jogar futebol e (pausa e chora) nunca precisei fazer outra coisa para conseguir o que quero. Eu não aguento, a minha mãe ficou o couro e o osso, vivendo à baseapostar skin csgoremédio. A minha família ir a um lugar daquele... Lá naquele lugar, os próprios agentes e presos me conheciam e sabiam que eu não tinha feito aquilo, me acolheramapostar skin csgouma forma interessante, até me surpreendendo. Eles sabem quem comete crimes e quem está sendo injustiçado. Mas aqui no Brasil, o negócio é fechar inquérito: encontra duas ou três testemunhas e fecha. Se eu não morasseapostar skin csgocomunidade e fosse branco, a história seria diferente – detalha Everton Heleno.
Tudo mudou na vida do jogador naquele momento. A sociedade já não o enxergava mais como um meiaapostar skin csgobom nível, que participou da campanhaapostar skin csgoacesso à Série B pelo Botafogo-SP. O futebol parecia ter ficado no passado, mas Everton sempre acreditou que sairia da prisão. O jogador, que chegou a ser tratado como o ex-atleta, relata como foi a abordagem policial no diaapostar skin csgoque acabou sendo detido. Hoje, o meia luta pelo reconhecimento da injustiça e revela que já ganhou algumas ações.
– O que me deixava mais triste era que a imprensa, quando falava sobre mim, tratava como ex-jogador, isso mesmo eu estandoapostar skin csgoatividade. Foi tudo por água abaixo, eu, sem entender nada, fiquei preso. Graças a Deus, apareceu o meu advogado, Djaílton (Melo), que foi um cara que trabalhou demais para me tirarapostar skin csgolá. A minha carreira estava sendo prejudicada. Ainda bem que, por todos os clubes que passei, eles reconhecem o meu caráter. Até hoje, eu não sei o motivo daquilo ter acontecido. Eu,apostar skin csgocasa, dormindo com a minha família, e aconteceu aquilo tudo. Na ocasião, um policial me perguntou onde estava a pistola que tinha usado num pagode. E já queria me algemar. Eu não deixei eles me algemarem, eles vasculharam a minha casa, a da minha avó, da minha esposa. Vasculharam tudo. E as histórias que foram passadas eraapostar skin csgoque eu era o criminoso. O bandido tinha uma tatuagem no ombro, eu tenho tatuagem nos dois braços, não tinha como me comparar. Eles fizeram eu tirar a minha barba para ficar igual a do bandido, isso quando ele foi pego. Todas a vítimas confirmaram que tinha sido o outro cara, mas a delegada me manteve preso. Eu ganhei três audiências e mesmo assim segui preso. Ganhei a causaapostar skin csgoJaboatão, mas aapostar skin csgoCamaragibe ainda está rendendo – revela o jogador.
Diante da carreira prejudicada e dos abalos psicológicos causados pela Justiça do Brasilapostar skin csgoEverton Heleno e nos seus familiares, o pernambucano ressaltou o carinho que recebeu dentro da prisão. No cárcere, ele teve o apoio dos outros detentos e também dos agentes penitenciários.
No diaapostar skin csgoque recebeu o alvaráapostar skin csgosoltura, veio o alívio. Enquanto jogava futebol na penitenciária, ouviu o cantoapostar skin csgoliberdade, que embalou momentosapostar skin csgoalegria para quem convivia com o meia.
– Isso tudo prejudicou muito a minha carreira. Um ano e 18 dias não são um dia só. Não é fácil, não. O tantoapostar skin csgodinheiro que gastei com advogado... Queria que aquilo ali passasse o mais rápido possível. Até que, um certo dia, recebi o alvaráapostar skin csgosoltura. Eu lembro que estava jogando e fui embora todo meladoapostar skin csgobarro. Eu nem acreditei quando recebi. Peguei a bola e chutei para longe. Os outros presos perguntaram o motivo, e eu expliquei que tinha sido libertado. Eles choraram comigo, me abraçaram. Eles vibraram pela minha vitória. Os agentes penitenciários também comemoraram. Pareceu que tinha nascidoapostar skin csgonovo - desabafa o jogador,apostar skin csgonovo sem conseguir segurar as lágrimas.
Livre da prisão, mas lutando por justiça, Everton Heleno queria o mais rápido possível encontrar um novo clube para retomar a carreira. O jogador, porém, sabia que nada seria fácil, afinal, no Brasil, o cidadão com antecedente criminal encontra muita dificuldadeapostar skin csgodar sequência aapostar skin csgovida.
– Eu refleti muito sobre como seria a sequência da carreira dentro da prisão. Eu pensava: será que os clubes vão abrir as portas para mim quando eu sair daqui? Porque todos nós sabemos como é a realidade quando você tem antecedente criminal. E mais quando você é figura pública, convive o dia a dia no futebol. Ficava aquela interrogação na cabeça, mas eu pensavaapostar skin csgotocar a vida, ver no que dava, buscar seguir a carreira. Aí eu cheguei ao Botafogo-PB, que foi quem me acolheu, a torcida me acolheu.
Everton Heleno projeta o futuro e agradece acolhimento do Botafogo-PB
Everton revelou que também recebeu contatosapostar skin csgoCSA e Santa Cruz, mas a opção pelo Botafogo-PB, que era comandado por Evaristo Piza, foi por ter sido o primeiro clube a procurá-lo, a abrir,apostar skin csgofato, as portas para ele retomar os rumos da vida.
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- Feliz depoisapostar skin csgoseu primeiro gol pelo Botafogo-PB, Everton Heleno agradece apoioapostar skin csgoEvaristo Piza
A temporada pelo Belo foiapostar skin csgoaltos e baixos. Durante o primeiro semestre, até antes da paralisação do futebol por causa da pandemia da Covid-19, Everton Heleno foi titular, mas jamais conseguiu se firmar com grandes desempenhos. Após a volta da modalidade, o clima ficou pior. Na disputa da Série C do Campeonato Brasileiro, ele se tornou reserva, nem entrava maisapostar skin csgocampo quando o time estava sendo comandado pelo gaúcho Rogério Zimmermann.
Nas últimas semanas, porém, Evaristo Piza, treinador que participou da contratação do jogador, voltou ao clube com a missãoapostar skin csgosalvar o time do rebaixamento. Até aqui, foram dois jogos disputados, o Belo venceu os dois e deixou o Z-2 do Grupo A da Terceirona. Nessas semanasapostar skin csgoque o treinador paulista retornou a João Pessoa, ninguém foi mais contagiado que Everton Heleno. O meia ganhou moral, participou das duas partidas, marcou dois gols, os primeiros com a camisa do Belo.
Na última segunda-feira, o camisa 15 alvinegro anotou o gol da vitória do Botafogo-PB sobre o Vila Nova foraapostar skin csgocasa. Foi a primeira derrota do timeapostar skin csgoGoiásapostar skin csgocasa na disputa da Série C. Ao marcar pela primeira vez após a prisão, o jogador destacou que passou um filme emapostar skin csgocabeça.
– A sensação do primeiro gol foi aapostar skin csgoum filme na cabeça: será que eu sou merecedor disso tudo? O time na turbulência, e você faz um gol. Aí a torcida fica empolgada, será que agora vai? Eu fiquei sem palavras. Também pela postura do treinador, que me deixou surpreso ao me acolher. Agora tem o Remo, vamos jogarapostar skin csgoigual para igual para tentar vencer e ajudar o clube a não ser rebaixado – afirmou o camisa 15.
Esta sexta-feira marca o Dia da Consciência Negra, 20apostar skin csgonovembro, uma dataapostar skin csgomuita reflexão. Para Everton Heleno, esse dia representa muita coisa. É claro que não há como esquecer tudo o que viveu nos últimos anos. Aos poucos, ele vai se restabelecendo, mas jamais vai conseguir compreender como a sociedade é cruel.
No paísapostar skin csgoque a cada três presos, dois são negros, situaçõesapostar skin csgoinjustiças são comuns. Everton, inclusive, destaca que o seu caso serviu mais para abrir os olhosapostar skin csgouma parte da população do que para acarretar uma mudança no sistema penitenciário brasileiro.
Everton Heleno fala sobre o Dia da Consciência Negra
Novembroapostar skin csgo2020, pouco maisapostar skin csgodois anos depois da prisão, Everton Heleno só quer ser feliz. Ele promete parar João Pessoaapostar skin csgoalegria com êxitos pelo Botafogo-PB. O primeiro, é claro, é evitar o rebaixamento do time. Com as vitórias recentes, o time só dependeapostar skin csgosi para evitar a queda.
– Aquela interrogação que ficou na cabeça das pessoas se transformou durante essa minha retomada na carreira. Na verdade, ela provocou uma reflexão: tá vendo como funciona o sistema penitenciário e a justiça brasileira? Eu era um jogadorapostar skin csgofutebol e fui injustiçado. Eu, negro,apostar skin csgoperiferia, tatuado. Nesse período, eu mantive a calma, mas tive as minhas crises. Mas hoje estamos aqui, vibrando com a vitória. E vamos vencer mais, vamos parar João Pessoa – finalizou o meia do Belo.