Orgulho do país, correria na zona mista e lágrimas: argelina é festejada no boxe

Imane Khelif - alvo da principal polêmica dos Jogos Olímpicos -, é ovacionada pelos compatriotas, que cantam o hino nacional do país para comemorar a vitória dentro e fora do ringue

Por Edu Bernardes, Marcelo Barone e Pedro Bassan — Paris


Torcida da Argélia canta o hino nacional após a vitória da Imane Khelif no boxe

As arquibancadas da Arena Paris Norte foram inundadascasa de apostas internacionaisbandeiras verde e branca, neste sábado (03), no local que sedia o boxe nos Jogos Olímpicoscasa de apostas internacionaisParis 2024. Orgulhosamente, torcedores da Argélia exibiam o símbolo à esperacasa de apostas internacionaisImane Khelif, representante do país no peso-meio-médio (até 66kg) e adversária da húngara Luca Anna Hamori nas quartascasa de apostas internacionaisfinal. A pugilista,casa de apostas internacionais25 anos, nascidacasa de apostas internacionaisTiaret, entrou na competição como uma lutadora pouco conhecida - inclusive pelos compatriotas - mas a polêmicacasa de apostas internacionaistornocasa de apostas internacionaisum testecasa de apostas internacionaisgênero a alçou ao statuscasa de apostas internacionais"heroína".

Imane Khelif (dir.) superou Hamori nas quartas — Foto: Richard Pelham/Getty Images

Imane Khelif aflorou - ainda mais - o patriotismo dos argelinos. O país, que conseguiucasa de apostas internacionaisindependência à Françacasa de apostas internacionais5casa de apostas internacionaisjulhocasa de apostas internacionais1962, após oito anoscasa de apostas internacionaisum conflito sangrento, tem tratado a "filha" como uma heroína. Nos últimos dias, a pugilista foi atacada por fake news que viralizaram nas redes sociais dando contacasa de apostas internacionaisque ela era uma atleta transgênero, sofreu críticascasa de apostas internacionaisoutras boxeadoras e encontrou suporte emcasa de apostas internacionaisequipe e nos compatriotas.

- É bizarro tudo o que a Imane viveu como mulher. As pessoas questionaram acasa de apostas internacionaisfeminilidade, até mesmo os seus cromossomos. As pessoas a acusaramcasa de apostas internacionaister cromossomos X e Y, que são masculinos. Mas ela é mulher, nasceu mulher, talvez com um nível maiorcasa de apostas internacionaistestosterona, e isso pode acontecer medicamente falando, por exemplo, se você tiver um problema na tireoide, nós podemos ter pelos, nosso físico pode mudar. O que fizeram não é nada esportivo, não é nada humano. Que chefescasa de apostas internacionaisestado, que ministros e, o que mais me chocou, que esportistas que tuitaram contra a nossa atleta argelina pra desestabilizar, ou desestabilizar nosso país, saibam que vocês nunca desestabilizarão uma atleta argelina. Ela tem 47 milhõescasa de apostas internacionaisargelinos torcendo por ela. Viva a Argélia! Viva Imane Khelif - declarou Salma Belabbas,casa de apostas internacionaisentrevista ao ge, enquanto comemorava o triunfocasa de apostas internacionaisImane, que garantiu, ao menos, a medalhacasa de apostas internacionaisbronze por avançar à semifinal.

Salma comemora a vitóriacasa de apostas internacionaisKhelif — Foto: Marcelo Barone

Um outro torcedor, que celebrava ao lado, chamou a atenção para o fatocasa de apostas internacionaisa atleta ser africana e lamentou que a famíliacasa de apostas internacionaisKhelif tenha que ver a filha sendo chamadacasa de apostas internacionaishomem. O pai dela, inclusive, mostrou a certidãocasa de apostas internacionaisnascimento da boxeadora para provar que ela é uma mulher cisgênero.

- Nós, os argelinos, não somos muito queridos. Quando alguém se destaca, como um Mbappé, as pessoas dizem que é bom, mas quando somos nós, precisam encontrar algo. É realmente muito mesquinho o que os adversários fizeramcasa de apostas internacionaisdizer que Imane não é uma mulher, que é trans, porque é uma mulher que tem pai, mãe e amigos. Isso machuca. Essa vitória mostrou ao mundo que ela é uma esportistacasa de apostas internacionaisalto nível. Essa é a mensagem que a gente quer passar. Tudo isso que aconteceucasa de apostas internacionaistorno dela é muito mesquinho para o mundo do esporte. A italiana, que abandonou a luta contra ela, por exemplo, por dores no nariz, tem que fazer dançacasa de apostas internacionaisvezcasa de apostas internacionaisboxe - comentou, ao citar a pugilista Angela Carini, que desistiu do combatecasa de apostas internacionais46 segundos.

Italiana Angela Carini abandona luta contra argelina Imane Khelif após 46 segundos

Imane Khelif causou frisson, também, entre os jornalistas. Dezenas se acotovelaram na zona mista da arena para escutar as primeiras palavras da lutadora após o triunfo. Provocou correria e disputa por espaço. A imprensacasa de apostas internacionaistodos os continentes tentava dar voz ao "alvo" da vez. Emocionada, faloucasa de apostas internacionaisárabe ecasa de apostas internacionaisfrancês, amparada pelos treinadores.

- Eu comecei minha preparação há oito anos. Venci a luta e espero vencer a próxima para ficar com o título. Quero agradecer a todos,casa de apostas internacionaistodas as nacionalidades, que estão me apoiando. Violaram minha honra e dignidade. A minha ecasa de apostas internacionaistodas as mulheres. O povo árabe me conhece há anos - disse Khelif, que ganhou maiscasa de apostas internacionais500 mil seguidores depois da luta.

Imane Khelif diantecasa de apostas internacionaisparte da imprensa — Foto: Marcelo Barone

Âncora da emissora argelina El Bilad TV, Youcef Zaghba conhece Imane Khelifcasa de apostas internacionaislonga data - cresceram na mesma região. Ele afirma que o povo está revoltado por ver a atleta ser atacada com tantas fake news.

- O povo argelino está orgulhoso da heroína Imane Khelif. Ela foi vítimacasa de apostas internacionaisinjustiças,casa de apostas internacionaisdistorções e abusos por figuras influentes do mundo, como o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e pelo dono do X (antigo Twitter), Elon Musk, e pela primeira ministra da Itália, Giorgia Meloni. Os argelinos estão revoltados por estarem usandocasa de apostas internacionaisheroína como alvo. Não existe trans na Argélia, é proibido por lei, costumes e religião. Esperamos que essas pessoas peçam desculpas para Imane.

Imane Khelif (de rosa) foi vítimacasa de apostas internacionaisfake news — Foto: reprodução/Twitter

Embora o casocasa de apostas internacionaisImane tenha vindo à bailacasa de apostas internacionaisParis 2024, esta não é acasa de apostas internacionaisprimeira participaçãocasa de apostas internacionaisOlimpíadas. Em Tóquio 2020, perdeu para a irlandesa Kellie Harrington - que viria a conquistar o ouro - nas quartascasa de apostas internacionaisfinal. E não houve acusações na época.

- Imane perdeu na final do Mundialcasa de apostas internacionais2022, ficoucasa de apostas internacionaisquinto lutarcasa de apostas internacionaisTóquio e não vimos esses falsos questionamentos. Ela, conforme disse o presidente do COI, Thomas Bach, está sendo vítimacasa de apostas internacionaisuma guerra política e cultural - acrescentou Zaghba.

casa de apostas internacionais Entenda o caso

A argelina Imane Khelif virou fococasa de apostas internacionaisenorme polêmica nos Jogoscasa de apostas internacionaisParis 2024 devido ao banimentocasa de apostas internacionaissua participação na final do Mundial amadorcasa de apostas internacionais2023, organizado pela Associação Internacionalcasa de apostas internacionaisBoxe (IBA), que justificoucasa de apostas internacionaisexclusão por não cumprir requisitoscasa de apostas internacionaiselegibilidade para competir entre mulheres. O teste realizado pelo órgão, no entanto, é mantido sob sigilo, e o presidente da associação, o russo Umar Kremlev, justificou que a argelina teria cromossomos XY. O Comitê Olímpico Internacional (COI), que descertificou a IBA no ano passado devido à falha da entidadecasa de apostas internacionaiscompletar reformascasa de apostas internacionaisquestõescasa de apostas internacionaisgovernança, finanças e ética do órgão, organizou o torneiocasa de apostas internacionaisboxe olímpico por conta própria, seguindo protocolos adotadoscasa de apostas internacionaisTóquio 2020, e permitiu que Khelif competisse.

Argelina se emociona após vencer luta e garantir medalha no boxe feminino

A polêmicacasa de apostas internacionaistorno da argelina cresceu apóscasa de apostas internacionaisestreia na competição na última quinta-feira. Ela venceu o confronto com a italiana Angela Carinicasa de apostas internacionais46 segundos;casa de apostas internacionaisadversária abandonou a luta alegando dor intensa no nariz após sofrer dois golpes no rosto. O acontecimento motivou uma ondacasa de apostas internacionaisdiscursocasa de apostas internacionaisódio e a circulaçãocasa de apostas internacionaisboatos que Khelif, nascida e criada mulher cisgênero, seria uma atleta transgênero. O COI lamentou a propragaçãocasa de apostas internacionaisdesinformação e reafirmou que a atleta cumpria seus requisitos para competir nas Olimpíadas. Em guerra política com o COI, a IBA anunciou que concederia a Angela Carini premiação equivalente àcasa de apostas internacionaisuma medalhacasa de apostas internacionaisouro.