Claudinha abre o coração sobre gravidez, volta às quadras e comenta ausência na seleção: "Não dependia sóestrela bet não pagamim"

Em entrevista exclusiva ao ge, Claudinha passou a carreira a limpo e revelou ter sofrido com ameaçasestrela bet não pagamorte: "Pede pra morrer"

Por Luís Fellipe Borges — Uberlândia, MG


Grávida, Claudinha vibra com chanceestrela bet não pagaser mãe: "Explodindoestrela bet não pagafelicidade"

Grávida há quase quatro meses da pequena Maria Eduarda, Claudinha está cada vez mais pertoestrela bet não pagarealizar o sonhoestrela bet não pagaser mãe. Foi justamente o desejoestrela bet não pagaconstruir uma família que fez com que a levantadora bicampeã da Superliga pelo Praia Clube decidisse dar uma pausa na carreira aos 37 anos. O afastamento das quadras, porém, pode não ser definitivo, se depender da vontade da jogadora.

Em entrevista exclusiva ao ge, Claudinha abriu o coração sobre a nova fase da vida com a gestação e sobre as chancesestrela bet não pagavoltar a jogar profissionalmente. Ela também relembrou a trajetória no Praia Clube, revelou que sofreu ameaçasestrela bet não pagamorte nas redes sociais e negou ter ressentimento das poucas oportunidades que recebeu na Seleção Brasileira, mesmo jogandoestrela bet não pagaalto nível: "Não dependiaestrela bet não pagamim".

Claudinha e Pixote revelam que serão paisestrela bet não pagamenina — Foto: Arquivo pessoal

estrela bet não paga "O coração está explodindo"

Em maio deste ano, após a final da Superliga vencida pelo Minas contra o Praia, Claudinha anunciou a pausa na carreira. Ela se mudouestrela bet não pagaUberlândia para Tubarão-SC, cidade do timeestrela bet não pagafutsalestrela bet não pagaque o marido dela, o ala Pixote, atua na Liga Nacional. Foi na nova casa que os dois descobriram que seriam pais pela primeira vez.

O casal confirmou a gravidezestrela bet não pagaClaudinha para o público em uma postagem nas redes sociais no dia 2estrela bet não pagaoutubro. Segundo a atleta, a chanceestrela bet não pagaengravidar após poucos mesesestrela bet não pagatentativa foi motivoestrela bet não pagaalegria e fez com que ela ainda mantivesse a chanceestrela bet não pagaretornar as quadras já na próxima temporada.

— O coração está explodindoestrela bet não pagafelicidade. A gente sempre teve muito pé no chãoestrela bet não pagasaber que seria na hora que o Papai do Céu quisesse. Então eu e meu marido estávamos muito tranquilosestrela bet não pagarelação a isso. Só que a gente fica muito felizestrela bet não pagaalgo assim tão especial já ter acontecido, porque querendo ou não, eu tenho um objetivoestrela bet não pagatalvez voltar a jogar.

"A gente corre um pouco contra o tempo, então já ser abençoada realmente com o sonho, com exatamente o objetivoestrela bet não pagater saído das quadras, ficamos muito felizes", afirmou.

Claudinha está grávida do primeiro filho com Pixote — Foto: Redes sociais/Reprodução

Nesta semana, Claudinha e Pixote compartilharam imagens do "chá revelação" nas redes sociais e contaram aos fãs que estão esperando uma menina. Se o nome Maria Eduarda já é uma certeza, planejar os próximos meses da gestação e o futuro provocam certa insegurança, que a jogadora tenta superar com tranquilidade.

— São muitas coisas ainda que eu não tenho certeza, mas são pensamentos que vão ficar aqui e que a gente vai tentar levarestrela bet não pagauma forma leve. A nossa vida é um turbilhãoestrela bet não pagacoisas,estrela bet não pagamudanças, então quando a gente tenta realmente transformar issoestrela bet não pagaalgo mais leve, as coisas começam a ficar um pouco mais claras.

estrela bet não paga Carreira e seleção

Revelada por São Caetano, Claudinha passou por São José dos Campos até chegar ao Praiaestrela bet não paga2008. Na primeira passagem pelo timeestrela bet não pagaUberlândia, disputou a Superligaestrela bet não pagaestreia do clube, na temporada 2009/10. Depois, se transferiu para o Minas, onde atuou por quatro temporadas.

Após um anoestrela bet não pagaCampinas, onde foi treinada por José Roberto Guimarães, e outro no Sesi-SP, a levantadora voltou ao Praia Clubeestrela bet não paga2015. Mais experiente, a atleta foi um dos destaques do time na campanha do vice-campeonato da Superligaestrela bet não paga2015/16. Dois anos depois, comandou o elenco na conquista inédita do título nacionalestrela bet não paga2017/18, sendo eleita a melhor jogadora da final.

Claudinha 15 troféus Praia Clube — Foto: Arthur Pereira/Praia Clube

Antes da decisão, Claudinha já tinha acertado a saída para jogarestrela bet não pagaOsasco na temporada seguinte. Mas o período longeestrela bet não pagaUberlândia durou pouco, e ela retornouestrela bet não paga2019 para a terceira e mais vitoriosa passagem pelo Praia.

Desde então, a atleta foi campeã da Superliga 2022/23 -estrela bet não paganovo, sendo eleita melhor atleta das finais - alémestrela bet não pagatítulos da Copa Brasil, Supercopa, Sul-Americano e Campeonato Mineiro. Títulos que, somados à identificação construída ao longoestrela bet não pagadez temporadas no projeto, fizeram com que Claudinha se tornasse ídolo no Praia Clube.

Praia Clube é campeão da Superliga Feminina

Mesmo com a carreira vitoriosa, Claudinha teve poucas oportunidades na Seleção Brasileira. Ela esteve no elenco campeão do Grand Prix e da Copa dos Campeõesestrela bet não paga2013, anoestrela bet não pagaque foi treinada por José Roberto Guimarães no Campinas. Depois, só retornou na Copa Pan-Americanaestrela bet não paga2018, quando o país jogou com um time misto. As poucas chances recebidas são sentidas pela jogadora, mas ela garante não guardar mágoas.

Claudinha nega mágoa por poucas chances na Seleção: "Não dependiaestrela bet não pagamim"

— Não tem mágoa alguma com ninguém. É tudo bem resolvido. Talvez o porquêestrela bet não pagaque eu não era nem cogitada a ser convocada, eu não sei. A gente não consegue saber pela cabeça das outras pessoas, mas não tem ressentimento algum. Eu só acho uma pena para mim. Eu não sei se seria uma jogadoraestrela bet não pagaseleção brasileira ou não, porque eu teria que ser testada. Eu torço para as meninas, torço para o nosso Brasil, independenteestrela bet não pagaquem esteja. Só fica realmente esse sentimento,estrela bet não pagaque era um sonho. Ou ainda é, vai saber, porque para Deus nada é impossível.

"Mesmo assim, com a maturidade, eu consigo me enxergar que eu tenho uma carreira brilhante e que se Deus permitir, ainda não encerrou. Eu queria ter conquistado muita coisa ali, mas isso não apaga também a minha carreira. Ter sido da seleção brasileira seria a cereja do bolo".

Claudinha foi campeã da Copa dos Campeõesestrela bet não paga2013 — Foto: Redes sociais

estrela bet não paga Bullying e ameaças

Apesar da idolatria no Praia Clube e do carinho dos torcedores, Claudinha revelou que sofreu com as críticas nas redes sociais pelo porte físico e que chegou a receber ameaçasestrela bet não pagamorte. Segundo ela, a preocupação com a saúde mental tem crescido cada vez mais no esporte por conta, entre outros fatores, da hostilidade com os atletas na internet.

"Eu recebi muita coisa, muita coisa. Antigamente, quando eu era mais gordinha, eu recebia muito bullying, muito. Eram apelidos horrorosos que colocavam. E era bizarro que as pessoas não mostram nem a cara, elas fazem perfis fake para querer agredir a genteestrela bet não pagauma forma que eu falo que não é possível que uma pessoa tenha coragemestrela bet não pagafalar isso para outra. Eu já recebiestrela bet não pagamuitas pessoas, por exemplo, falando "pede pra ir embora", "pede pra morrer", umas paradas assim".

Claudinha se emocionaestrela bet não pagajogo do Praia Clube — Foto: Eliezer Esportes/Praia Clube

— As novas gerações estão vindo para ensinar muita coisa para a gente, inclusive a saúde mental. Antes, não se falavaestrela bet não pagasaúde mental, não existia isso, era dado como fraco. "Ah, você tem alguma coisa? Você é fraco". Pelo simples fatoestrela bet não pagavocê chorar, você era fraca. Eu sempre fui uma pessoa muito chorona, emotiva, então eu chorava fácil. Às vezes eu ia falarestrela bet não pagapúblico e já me emocionava, eu chorava, e nem era nada demais. Mas era meu, e isso era dada como fraca. Hojeestrela bet não pagadia, as novas gerações falam mais, elas estão expondo mais os sentimentos.

"Hoje a gente tem outras formasestrela bet não pagalidar com isso, temos mais profissionais, a nossa cabeça é muito mais aberta para buscar esse tipoestrela bet não pagaajuda, então por que passar por isso sozinho? Por que não conversar com nossos familiares?", afirmou.

Claudinha revela ter sofrido ameaças nas redes sociais: "Pede para morrer"

estrela bet não paga Confira mais respostasestrela bet não pagaClaudinha:

ge: Claudinha, como está a nova vida longe das quadras, com a Maria Eduarda a caminho?

— É uma transição bem difícil. Eu vivi a minha vida inteira dentro das quadras, treinando, jogando, nessa rotina realmenteestrela bet não pagaatleta profissional, para simplesmente parar. Por mais que eu tinha o objetivoestrela bet não pagaengravidar, passei por muitos momentos, pensamentos, abri a mente para outras coisas. Tive muita insegurança, muitas perguntas sem respostas. Agora que já estou gestante, tudo mudou, a chavinha virou e tudo mudou.

ge: Como tem sidoestrela bet não pagarotina sem a correria dos jogos e dos treinamentos?

— Eu continuei fazendo academia, um treino integradoestrela bet não pagafuncional do corpo que eu gosto bastante. Tentei também fazer o vôleiestrela bet não pagaareia para ter o contato com a bola. Só que aí foi bem no início que eu descobri que eu estava grávida e fiquei um pouco com medoestrela bet não pagacontinuar. Mas se realmente esse sentimentoestrela bet não pagavoltar para as quadras ficar durante a gestação, eu vou precisar ter o contato com a bola, Mas vai ser algo bem parado, bem específico, só para realmente ter o contato e não ficar um ano sem.

Claudinha com o marido Pixote — Foto: Redes sociais

— Eu comecei a fazer aulaestrela bet não pagacanto, que é algo que eu gosto muito. Sempre gostei muitoestrela bet não pagacantar, muitas pessoas falam que eu sou afinada, mas eu preciso aprender a técnica. Outra coisa que eu continuo fazendo desde antesestrela bet não pagadar a pausa é a faculdade, eu faço Educação Física. Isso realmente não é um hobby, é algo importante que quis realmente dar mais uma intensificada.

ge: E como tem sido os primeiros mesesestrela bet não pagagestação?

— Nos dois primeiros meses da gestação, eu passei muito mal, eu não consegui curtir. Eu fiquei muito enjoada, sem disposição. A gente acha que por ter sido atleta, a gente aguenta tanta coisa. Mas é completamente diferenteestrela bet não pagatudo que eu passei na vida. Tinha dia que eu não conseguia lavar uma louça porque eu não tinha disposição. Eu não tinha fome. E eu ficava me cobrando: "Mas eu sou uma atleta. Eu preciso treinar, eu preciso malhar, eu preciso me manter ativa. Eu preciso comer saudável para o neném nascer bem". Era tanta cobrança porque era tudo muito novo, principalmente no começo. Foi atravésestrela bet não pagarelatosestrela bet não pagaamigas,estrela bet não pagaoutras gestantes, que eu comecei a seguir o processo e respeitei o meu corpo. A minha obstetra também é do esporte, e isso está me ajudando muito, porque ela me trata realmente como uma gestante atleta profissional, e isso faz muita diferença, porque o nosso corpo é diferente.

ge: De certa forma, assim como uma filha, você também acompanhou o crescimento do Praia Clube no cenário do voleibol nacional. Como você se senteestrela bet não pagaser uma parte importante dessa história?

— Nós passamos muitos perrengues. Hoje a gente ver onde o Praia está mundialmente no voleibol é lindo. E isso foi sempreestrela bet não pagauma forma que eu sempre gostei muitoestrela bet não pagatrabalhar, que é degrauzinho por degrauzinho. Eles tinhamestrela bet não pagatudo para ser grandes já desde o começo, mas eles foram com o pé no chão, aos poucos, evoluindo e crescendo. Acredito que seja por isso que hoje o Praia é tão grande, porque realmente foram vendo como funcionava tudo e não foramestrela bet não pagacara.

Claudinha jogou no Praia por 10 temporadas — Foto: Reprodução (foto 1) e Eliezer Esportes/Praia Clube (foto 2)

— O Praia é um clube que dá um grande suporte para todas nós fazerem realmente o nosso trabalho, que é o voleibol. Além disso, tem os torcedores, os sócios e não sócios, que nos acolhem muito bem. Cobram também, porque eu acredito que jogar no Praia Clube tem que entender isso também. Eu passei por alguns processos,estrela bet não pagasentir na pele, aonde sempre "a culpa era da Claudinha". Mas isso é um processo também, acredito que o ser humano é assim. Você estáestrela bet não pagafora, você está cobrando, você é a melhor. Mas isso é um processo, é um entendimento,estrela bet não pagaque quanto mais se ganha, mais vai ser cobrado para se ganhar.

ge: Você comentou sobre a cobrança que sentiu no Praia Clube. Comoestrela bet não pagavivência no time te fez crescer como pessoa?

— Eu amadureci muito tarde. Por mais que eu não conseguia ver dessa forma, mas o tanto que eu evoluí, principalmente dianteestrela bet não pagatantos processos eestrela bet não pagatanta cobrança, tantoestrela bet não pagacomissão técnica quantoestrela bet não pagatorcedores, quantoestrela bet não pagasócios e além da minha cobrança, que eu acredito que seja a maiorestrela bet não pagatodas. E eu sempre fui muito rigorosa comigo. Ainda sou, mas melhorei bastante. Hoje eu consigo ver que através do meu trabalho eu consegui conquistar muitas coisas que antes eu não via.

"Todo mundo me falava: "Você tem noção do que você representa? Você é uma das melhores levantadoras do Brasil". E eu não me via dessa forma, porque eu não era uma jogadoraestrela bet não pagaseleção brasileira".

— Então na minha cabeça, eu não era uma das melhores levantadoras do Brasil, porque eu não pisavaestrela bet não pagauma Seleção. Só que não pisarestrela bet não pagauma seleção brasileira talvez não tenha nada a ver comigo. Eu estava disponível. Agora, se achavam que eu tinha capacidade para estar lá ou não, não dependiaestrela bet não pagamim. O que eu tinha para fazer é dar o meu melhor dentroestrela bet não pagaquadra. É levar o meu timeestrela bet não pagafinais, é ganhar títulos. É ser MVPestrela bet não pagafinais aí. Seleção seria uma consequência. Muitas vezes eu esperei isso e me frustrava. Então eu pareiestrela bet não pagacriar uma expectativa com isso e comecei a realmente a verestrela bet não pagaoutra forma.

Claudinha comemora ponto do Praia na decisão da Superliga — Foto: Eliezer Esportes/Divulgação

ge: Ao longo daestrela bet não pagacarreira, você conviveu com muitas críticasestrela bet não pagatorcedores e até ameaças. De que forma você encarava essas afirmações a seu respeito?

— Antigamente, não se falavaestrela bet não pagadepressão, não existia isso, você era dada como fraca, então você se calava. Não sei como a gente lidava com todas essas coisas que a gente sentia sozinha. Eu, por exemplo, não falava, porque na minha família sempre teve muito problema, então eu não queria levar mais um problema. Então muitas vezes eu deixava o meu problemaestrela bet não pagalado e só vim a trabalhar algumas coisas que eu precisava trabalhar na minha vida depoisestrela bet não pagamais velha.

ge: Você contava sobre seus sentimentos para alguém?

— No início, realmente eu não falava para ninguém. Às vezes eu ficavaestrela bet não pagacasa mesmo, martelando aquilo e acreditando. De cada 10 comentáriosestrela bet não paga"Claudinha, maravilhosa", um do tipo "nossa, você é péssima, você é ruim", você fica só com esse comentário na cabeça, era impressionante. E aí ficava remoendo aquilo, você começa a acreditar naquilo, e eu não comentava com ninguém, tentava esquecer. Na verdade, sempre foi uma motivação a mais para eu querer treinar mais, para eu querer mostrar mais, não só para a pessoa, mas principalmente para mim mesma,estrela bet não pagaque eu podia ir muito além. De que eu podia evoluir cada vez mais e chegar aonde eu cheguei hoje, e deu certo.

ge: Como você faz para aliviar o peso das críticas no dia a dia?

— Principalmente no finalestrela bet não pagatemporada, eu tiro os comentários das pessoas, eu tiro para não chegar mais mensagem para mim, porque é bizarro. É injusto com quem torce, com quem está ali apoiando a gente e que quer mandar sempre uma mensagemestrela bet não pagaapoio, mas depois do que eu passei ao longo desses anos e atravésestrela bet não pagaajuda,estrela bet não pagaterapia, tento me blindar um pouco. Hoje a gente vê que a rede social é muito forte, mas ela pode acabar, como ela pode valorizar. Então você tem que saber muito bem ali como lidar com tudo.

ge: Agora, com a Maria Eduarda a caminho,estrela bet não pagahistória pode ser tornar espelho para mais uma pessoa. Como você gostaria que ela te veja quando crescer?

— Eu quero que ela me veja como uma melhor amiga dela, que ela possa contar todos os sentimentos dela, desse processo. Até me emociona. Mas ao longo da vida dela assim,estrela bet não pagatodos os desafios que ela vai passar, que ela saiba que eu vou estar ali com ela para tudo e por tudo, tudo o que ela precisa, ela vai com certeza contar comigo e com o meu marido. Nós vamos estar ali por ela. Que ela valorize realmente as coisas que mais importam da vida, que não são as coisas materiais, mas as coisas sentimentais, são as pessoas que valem a pena realmente.