Das lágrimas à zueira: os dez anos do 7 a 1, maior vexame do Brasilblaze rCopas do Mundo

Goleada sofrida pela Seleçãoblaze rmundiais completa uma década; personagens daquele dia relembram a partida

Por Danny Paiva — Belo Horizonte


10 anos do 7x1: nossa maior derrota contada nas memórias do alemães

Você se lembra onde estavablaze r8blaze rjulhoblaze r2014, quando o Brasil entroublaze rcampo no Mineirão, para enfrentar a Alemanha pela semifinal da Copa do Mundo? Dez anos se passaram desde aquele dia que culminou no maior vexame da seleção brasileirablaze rmundiais.

No estádio, quase 60 mil pessoas acompanharam a partida. Alguns choraram, outros sorriram, muitos ficaramblaze rchoque. Outros não sabem, até hoje, descrever o que sentiram quando o árbitro Marco Rodríguez apitou pela última vez.

- Melancolia - resumiu João Henrique, torcedor brasileiro que tinha nove anos,blaze r2014.

Uma década do maior vexame do Brasilblaze rCopas do Mundo — Foto: Douglas Magno/arte ge

- Misturablaze rsentimentos ao comemorar - Daniel Schmitt, torcedor alemão

Alemanha publica imagens lembrando 7 a 1 — Foto: Facebook

Não eram apenas torcedores naquele momento. Os jogadores foram os personagens principais. A seleção brasileira entroublaze rcampo com Julio César; Maicon, David Luiz, Dante e Marcelo; Luiz Gustavo, Fernandinho, Bernard e Oscar; Hulk e Fred. O time era comandado por Luiz Felipe Scolari.

- Aquele jogo contra a Alemanha é uma coisa que até hoje, se você perguntar aos 23 jogadores que estavam ali, eles não vão conseguir te explicar o que aconteceu. Se você colocar o mesmo jogo e os mesmos jogadores, eu apostaria o que quisesse que esse resultado não se repetiria. Mas é futebol. Infelizmente fica marcado - disse Hulkblaze rentrevista ao ge em janeiroblaze r2023.

Quando o cronômetro bateu 30 minutos do primeiro tempo, a Alemanha vencia por 5 a 0. Um apagão histórico da Seleção. Para o brasileiro, o choque apagou qualquer vestígioblaze resperança. O placar mudavablaze rquestãoblaze rminutos.

- Antes do jogo, como eu era criança, eu tinha esperançablaze ralguma coisa, mesmo sem o Neymar. Quando sai o primeiro gol, a torcida cantou muito. Isso mesmo antes do jogo. Teve o momento do hino que foi muito emocionante. O clima estava muito bom e estávamos acreditando mesmo que dava para ganhar.

"Quando saiu o primeiro gol, a gente assustou, mas não foi o primeiro gol que fez a gente desistir e achar que iria perder. Agora, quando saiu o segundo, o terceiro... no terceiro a torcida começou a perceber o quão fundo era o buraco que estávamos nos metendo."

João Henrique guarda fotosblaze rmomentos antes da goleada sofrida pelo Brasil no jogo contra — Foto: Arquivo pessoal

Para os alemães, uma alegria jamais sentida. O que antes da partida era apreensão, pois a Alemanha nunca tinha superado o Brasilblaze rCopas, naquele momento se tornou surpresa, choque e uma felicidade incontrolável. Assim foi para Daniel Schmitt, que estavablaze rterras brasileiras pela primeira vez.

- Quando tocaram o hino nacional das duas equipes, ficamos chocados quando os torcedores estavam vaiando tão alto contra nós, que não conseguíamos ouvir o nosso próprio hino nacional. Nunca tínhamos passado por isso.

10 anos do 7 x 1:blaze r2014, Brasil sofreu goleada histórica na Copa

"Quando a Alemanha fez o segundo gol, o terceiro e o seguinte, foi inacreditável, pois ainda estávamos comemorando o primeiro gol, enquanto o seguinte já estava marcado. Lembro-meblaze rver os torcedores brasileiros desesperados e chorando e, sim, também sentimos pena deles."

- Tivemos uma misturablaze rsentimentos ao comemorar, ao chegar à final da Copa do Mundo depoisblaze rmuito tempo e ver a torcida brasileira, o time e toda a naçãoblaze rcrise.

Daniel Schmitt e os amigos celebrando o 7 a 1 — Foto: Arquivo pessoal

Ir a uma Copa do Mundo é o sonhoblaze rmuitas pessoas. De torcedores a profissionais, é um momento mágico que poucos podem alcançar. Um Mundial no quintalblaze rcasa é um sonho ainda maior e um grande apaixonado por futebol faria qualquer loucura para conseguir acompanhar, mesmo que não fosse para assistir a partida, mas para sentir o clima. Ellen Mariana, que trabalhablaze rum dos bares do estádio, não imaginava que o sonho, a fantasia e a euforia virariam pesadelo.

- O pessoal vendo e a gente só na agonia dentro do bar. Começou o jogo, começaram os gols, e a gente falou: "não dá"! Aí foram três, quatro. Entramosblaze rpânico! No segundo tempo, antesblaze ro jogo acabar, nossos produtos acabaram, e a gente foi para arquibancada.

"Foram meus piores momentos no futebol até hoje. As derrotas do Cruzeiro são tristes, mas aquela derrota foi muito.. foram muitos gols. Foi muito triste! Só chorava."

Credencial da Ellen para trabalhar no bar do Mineirão — Foto: Arquivo pessoal

Douglas Magno estava diante do seu primeiro mundial como fotógrafo. A missão era registrar a torcida brasileira até o final. Contar histórias para a posteridade. Ele só não imaginava que a foto da Copa seriablaze rtristeza profunda.

- Acompanhei a trajetória do Brasil desde a Granja Comary. O objetivo era mesmo contar a história do hexa. Quando chegou o 7 a 1, eu fiz muitas fotosblaze rtorcida, só que a torcida espantada e chorando. Me surpreendi muito.

"Chegou uma parte do jogo que o foco nem era mais o jogo. Era a torcida. Virou um espanto. Tinha fotógrafoblaze rcostas para o jogo, só na torcida. De tanto que foi surpreendente. Uma foto que me marcou foi um jovem abraçado com o senhor mais velho, acredito que sejam pai e filho, chorando. Me marcou o sonhoblaze rver uma Copa do Mundo que virou pesadelo."

"O sonho virando pesadelo" - foto que marcou Douglas durante o 7 a 1 do Brasil sobre a Alemanha — Foto: Douglas Magno

Aos 35 minutos do segundo tempo, André Schürrle fechou o placar da Alemanha. Nos instantes finais, Oscar fez o golblaze rhonra. Nessa altura, o torcedor João Henrique tentava encontrar algoblaze rpositivoblaze restarblaze ruma semifinalblaze rCopablaze rque o Brasil foi goleado.

'"Ele falava com a gente para aproveitar o momento para ver os grandes craques da Alemanha jogarem. Acho que foi mesmo o que aconteceu, a torcida brasileira foi para o estádio para assistir a seleção alemã jogar" - destacou João.

Súmula do jogo entre Brasil e Alemanha na Copa do Mundoblaze r2014 — Foto: Arquivo pessoal

Há quem ainda tente explicar o que aconteceu. Apesarblaze rnenhum jogador ou comissão dizer qual foi o problema que levou a seleção a sofrer sete gols, o jornalista alemão Christian Falk, chefeblaze rredaçãoblaze rfutebol do jornal BILD, revela detalhes do que a seleção alemã sabia (ou dizia saber).

- Neymar, talvez o melhor jogador dos brasileiros, se machucou. A Alemanha, por outro lado, teve o seu melhor time à disposição. Sabíamos também que o Brasil não estava tão bem quanto tentavam transmitir.

"Löw (treinador da Alemanha) também sabia disso."

- Tínhamos ouvido falarblaze rseu discurso para a equipe. Antes do jogo, Löw, que normalmente parecia tão sensato, literalmente destruiu verbalmente os brasileiros com seus profissionais. Na seleção muitas coisas são apenas fachadas, disse ele aos seus jogadores. Löw desmascarou as ações dos brasileiros como um puro espetáculo: os sambistas correndo com a mão no ombro do homem da frente, suas constantes orações ao céu, a constante convocação do espíritoblaze requipe para a missão do títuloblaze rseu próprio país - tudo isso disso foi apenas uma atuação.

Joachim Löw era o técnico da Alemanha na Copablaze r2014 — Foto: Getty Images

Felipão também gerou incômodo nos adversários.

"Löw também considerou desrespeitosa a declaraçãoblaze rseu colega técnico Luiz Felipe Scolariblaze rque a Seleção marcharia até a final. O treinador nacional informou ablaze requipe: estas palavras foram um desrespeito para com a tricampeã mundial Alemanha! Ninguém que tenha verdadeira autoconfiança fala assim, é apenas uma declaração populista, explicou Löw aos seus jogadores".

Ingresso da imprensa na semifinal da Copa do Mundo entre Brasil e Alemanha — Foto: Arquivo pessoal

No fim, para quem estava no estádio trabalhando, com a missãoblaze rregistrar, escrever, servir o torcedor foi o centroblaze rtudo. Kelen Cristina, jornalista do Estadoblaze rMinas, relata o contraste entre as torcidas e o quão impressionante foi.

- O estádio não estava tomado por alemães. Claro que tinham mais brasileiros. Tinha uma boa parte alemã e torcedoresblaze routros países que se juntaram aos alemães.

"E eu lembro dos alemães cantando: Vamos a la playa."

- Fiquei olhando e vendo a alegria deles cantando 'vamos a la playa' porque a final era no Rio e no contraste aquele tantoblaze rgente chorando. Criança chorando, é surreal imaginar ter presenciado isso.

Parte da cabineblaze rimprensa que acompanha o 7 a 1 da Alemanha sobre o Brasil — Foto: Arquivo pessoal

A Copa do Mundo do Brasil era a chanceblaze rretomar a identificação da torcida com a Seleção. O sofrimento visto no rosto dos torcedores mostrou para Kelen que ainda havia uma relação e que ali sofreu mais um baque.

- O tantoblaze rgente que eu vi chorando... Olhei e fiquei pensando: a gente achava que as pessoas tinham perdido uma conexão com a seleção brasileira. A gente não entendia o que era aquele choro. Era uma decepção com Seleçãoblaze rsi? Porque há muito tempo que a gente não tem uma idealizaçãoblaze rseleção brasileira mais.

"A relaçãoblaze rtorcedor com a seleção brasileira mudou muito ao longo dos tempos. Há uma sérieblaze rmotivos que levou a isso, incluindo a faltablaze ridentificação com jogadores que atuam foram do país."

O placar foi histórico. E hoje é lembradoblaze rtomblaze rbrincadeira, algo que encanta os alemães e causa um choqueblaze rrealidade sobre a seleção brasileira para os torcedores.

"Sinceramente, acho que essa partida é muito mais importante para os brasileiros do que para os alemães. É claro que foi um jogo histórico e, quando se fala com um brasileiro sobre futebol, o assunto é sempre o mesmo, mas geralmente os brasileiros mencionam o jogo e querem falar sobre ele. Isso mostra a cultura brasileira e como as pessoas lidam com derrotas como na vida real, não levando tudo muito a sério, mas tirando sarro disso", destacou o torcedor alemão, Daniel Schmitt.

Alemanha - 7 a 1 - Brasil - brincadeiras que rodas a internet — Foto: Reprodução

"Na época, o sentimento foiblaze rtristeza, fiquei muito chateado, me abalou. Mas hojeblaze rdia eu olho com os olhosblaze rser o marco do inícioblaze ruma fase não tão boa da Seleção. Hojeblaze rdia eu não olho mais com essa tristeza, mas com certeza a vergonha e o vexame que o Brasil passou, não foi apagado. Eu olho para trás e enxergo que é um jogo marcante na história do futebol ", finalizou João Henrique, torcedor brasileiro.