Ele tirou jogador das drogas, fez R$ 1,8 bilhão no Palmeiras e diz: "Luxa foi a grande contratação da base"

Peça-chave do Verdão e cobiçado pelo Flamengo, João Paulo Sampaio leva meninos a campos nas favelas e defende humanização: "Tive muitos que a gente tentou ajudar; dois foram assassinados"

Por Camila Alves e Rafael Dantas — São Paulo


Coordenador fez R$ 1 bilhão no Palmeiras e ajudou jogadores que foram pegos usando drogas

Minutos antesaplicativo da esporte betserem pegos, Pedro e Paulo -aplicativo da esporte betnomes fictícios, para preservar os originais - tinham certezaaplicativo da esporte betque passariam despercebidos. Estavam longeaplicativo da esporte betcasa, sonhandoaplicativo da esporte betfazer milhões no futebol e se escondendo para consumir drogas nos bastidores do Palmeiras. Até que o coordenador da base descobriu.

Ali, pensaram: é o fim do sonho. Ninguém os deixaria ficar. João Paulo Sampaio, porém, pensava diferente.

– É muito fácil jogar fora. Tenho muita opção para trocar. Difícil é falar: estou contigo. Então eu disse: quer parar? Se eu te pegar, acabou. Me deram a palavra, e eu fazia exame a cada 15 dias com os dois – lembra o coordenador, repetindo o tom duro da conversa.

Anos depois, encontrou a dupla no futebol profissional. E ainda que pareça exceção, a história traduz o pensamento que norteou o coordenador para transformar o Palmeiras e fazer R$ 1,8 bilhão com a vendaaplicativo da esporte betjoias da base: a formação humana. Um trabalho que vai continuaraplicativo da esporte bet2025, já que Sampaio recusou proposta do Flamengo, que o cobiçava nos últimos dias, para manter suas funções no Verdão.

– Isso aqui é uma fábricaaplicativo da esporte betilusão. O futebol é uma fábricaaplicativo da esporte betilusões. Poucos dão certo, 3% ou 4% vão ganhar dinheiroaplicativo da esporte betverdade, mas muitos não. Então a gente tenta formar eles para a vida.
— explica João Paulo.
João Paulo Sampaio, coordenador da base do Palmeiras, na Academiaaplicativo da esporte betFutebol II — Foto: Camila Alves

Só 3% dos jogadores no Brasil ganham acimaaplicativo da esporte betR$ 50 milaplicativo da esporte betsalário, enquanto 96% deles recebem menosaplicativo da esporte betR$ 5 mil por mês, segundo levantamento produzido pela CBFaplicativo da esporte bet2019.

Por maisaplicativo da esporte betuma vez, inclusive, o próprio João Paulo precisou dizer a atletas que não tinham futuro no futebol. Seja por faltaaplicativo da esporte betqualidade, dedicação ou genética. E alguns até foram realocados no clube, assumindo funçõesaplicativo da esporte betauxiliar técnico e preparadoraplicativo da esporte betgoleiros, por exemplo. Mas outras centenas ficaram pelo caminho.

– Tive muitos no Vitória, no Palmeiras, que a gente tentou ajudar a sair da marginalidade; dois já foram assassinados, com 20, 22 anos.
— conta o coordenador, consternado.
Time do Vitória comemora a Copa Philips Sub-20, que está nas mãosaplicativo da esporte betJoão Paulo Sampaio — Foto: Arquivo Pessoal

Ele pouco fala dos meninos, mas assumiu para si a missãoaplicativo da esporte bettentar evitar que outros sigam o mesmo caminho. Por isso admite o papelaplicativo da esporte bet"chato", provocador, até duro quando precisa frear o deslumbramento inevitável, mas também conselheiro e educador.

Luxemburgo foi "a grande contratação da base", diz coordenador do Palmeiras

Nos últimos anos, por exemplo,aplicativo da esporte betuma iniciativa da base, eles passaram a ser contemplados com bolsasaplicativo da esporte betestudoaplicativo da esporte betescolas particularesaplicativo da esporte betSão Paulo.

E desde 2016 esse propósitoaplicativo da esporte betformar pessoas ultrapassa também as barreiras do clube. É o que acontece no "Projeto Favela", que leva categorias do Palmeiras para treinaraplicativo da esporte betcamposaplicativo da esporte betterra batida nas favelasaplicativo da esporte betSão Paulo. A meta é estimular o improviso, mas também conectar e dar atenção a quem os vêaplicativo da esporte betfora.

– Muitos vêmaplicativo da esporte betlá, sabem o que é sair da favela, mas outros não. E tem também o lado das pessoas, porque a gente faz amistoso, sai para comer na comunidade, às vezes deixa material. É saber que eles têm acesso ao Palmeiras, não só o contrário, né?
— explica.
Projeto Favela do Palmeiras leva categorias da base para treinosaplicativo da esporte betcamposaplicativo da esporte betvárzea — Foto: Arquivo Pessoal

O motivo da preocupação? É que o próprio João Paulo pensou que seria um desses 4% que "ganham dinheiroaplicativo da esporte betverdade". Saiuaplicativo da esporte betcasa aos 11 anos, defendeu Bahia, Vitória, viveu tudo que esses meninos agora vivem, como ele conta. Três cirurgias no joelho, contudo, o aposentaram aos 22, indoaplicativo da esporte betatleta a técnico e por fim gestor.

– Sei na prática o que eles passam, e eles perdem a referência muito cedo. Por isso muitos casam cedo. Na base pegam a figura do professor, do diretor. E essa figura, às vezes, também tem que ser dura com eles, né?

– Teve dois no Sub-20 que perguntei: está com esse carro por que? Comprou a casaaplicativo da esporte betsua mãe? "Não comprei". Então não vai nem entrar aqui com esse carro. Tem que ser chato mesmo, porque a gente sabe que é muito difícil.
— defende, apontando os portões do CT.
Luis Guilherme, Endrick, Vanderlan e outras joias da base ao ladoaplicativo da esporte betJoão Paulo Sampaio, coordenador da base do Palmeiras — Foto: Cesar Greco / Palmeiras

Transformar a base, contudo, exigiu mudanças que nem todos estavam dispostos a aceitar. Nos primeiros dois anos, por exemplo, houve 87%aplicativo da esporte bettrocas, com chegadaaplicativo da esporte betnovos atletas, porque o Palmeiras aumentou o númeroaplicativo da esporte betcategorias para dar mais tempoaplicativo da esporte betformação aos meninos.

– Eu recebi ameaças… Ouvi muito: "Ah, esse baiano está pensando que é quem?" Mas sou teimoso, sempre fui obcecado no que quero, e o clube sempre foi muito blindado,aplicativo da esporte bettudo, para saber para onde ir.
— admite, sorrindo, como quem se diverte com o desafio.
João Paulo Sampaio e Vanderlei Luxemburgo no Palmeiras — Foto: Arquivo Pessoal

Na contramão das críticas, cultivou também aliados. O maior deles, para o coordenador, entre 2019 e 2020: um técnico que abraçou a propostaaplicativo da esporte betclube formador e subiu uma dezenaaplicativo da esporte betCrias ao profissional desde a pré-temporada.

– Eu falo que Luxemburgo foi a grande contratação da base do Palmeiras. Porque ele quebrou aquela coisaaplicativo da esporte betque subia um ou outro e tinha uma relação muito próxima. "Danilo é isso mesmo que estou vendo no treino?". E eu: é, pode levar que é ousado. E ele botou.
— recorda.
Luxemburgo conversa com Patrickaplicativo da esporte betPaula, uma das joias recentes formadas pelo Palmeiras — Foto: César Greco

Foi ali que o Palmeiras sentiu a viradaaplicativo da esporte betchave. Mesmo com a saídaaplicativo da esporte betLuxemburgo, 10 meses depois, a relaçãoaplicativo da esporte betproximidade se manteve, agora com Abel Ferreira e o auxiliar Victor Castanheira, responsável pela trocaaplicativo da esporte betinformações entre as partes. Em 2024, 27% do elenco principal foi formado por joias do clube.

Eaplicativo da esporte betmenosaplicativo da esporte betuma década, o Palmeiras mudou postura, estruturas, triplicou o númeroaplicativo da esporte betprofissionais no campo - com 12 técnicos e oito captadores -, instituiu uma filosofiaaplicativo da esporte betautonomia e liberdade, e agora colhe os próprios frutos, empilhando títulos, recordes, negociações e, principalmente, histórias.

Luxemburgo tira foto ao ladoaplicativo da esporte betAbel Ferreira, do Palmeiras — Foto: Reprodução

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