Como o "príncipe" Garro superou distância da família para brilhar na Argentina e chegar ao Corinthians

De comandante do castelinhoreview vbetRafaela a dispensado pelo clube, coração partido e quase fim precoce da carreira: as idas e vindas do camisa 10 antesreview vbetvirar xodó no Timão

Por Fernando Vidotto, Maurício Oliveira e Rebeca Morais — Rosário e Rafaela, Argentina


De Rosário a Itaquera: a trajetória do argentino Rodrigo Garro

Ser o berçoreview vbetum dos maiores jogadores da história é algo que merece ser estampado com orgulho. Rosário, a terceira cidade mais populosa da Argentina, mas que tem um agradável climareview vbetinterior. A paixão por futebol é evidente por aqui, e não é para menos: é a terra natalreview vbetLionel Messi. Em todo o bairro La Bajada, onde o craque nasceu e cresceu, dá pra ter uma ideia da gratidão que os argentinos têm.

E é nesta cidade que descobrimos a importânciareview vbetMessi na formaçãoreview vbetoutro camisa 10: Rodrigo Garro, craque do Corinthians.

O clube Sarmiento era onde, há alguns anos, funcionava a parte esportiva da Fundação Leo Messi. O projeto da família do craque argentino tinha como objetivo dar oportunidades a crianças carentes, e uma das formas era por meio do futebol. Foi ali que Rodrigo Garro chegou aos 12 anosreview vbetidade para jogar nas categoriasreview vbetbase.

Garro, meia do Corinthians, nos temposreview vbetSarmiento — Foto: Arquivo Pessoal

German Sapp, um dos fundadores do clube, diz que a parceria com a fundação mudou o patamar do trabalho que faziam. Foi isso que permitiu levar jovensreview vbetdiversos lugares do país para treinar no clube. Entre eles, Garro.

– A chegadareview vbetJorge Messi, pai do Lionel, revolucionou tudo no clube. Sóreview vbetescutar o nome Messi é uma alegria para todos, e tê-los aqui no Sarmiento foi um orgulho, uma honra. Nesse momento também chegaram muitos treinadores. Trouxeram um gruporeview vbettrabalho, davam comida, moradia, medicina. Muitas coisas que hoje jovens que estão na base não têm acesso. Jorge facilitou tudo isso. A Fundação Messi trouxe tudo isso consigo – afirma Sapp.

O Esporte Espetacular foi à Argentina para conhecer as origensreview vbettrês argentinos que brilham no São Paulo, no Corinthians e no Palmeiras. Luis Zubeldía, técnico do São Paulo, foi o primeiro.

German Sapp, um dos fundadores do Sarmiento, conhece Garro desde cedo — Foto: Reprodução

review vbet Moleque atrevido, descarado

Foi na Fundação Messi que Garro teve a primeira experiência real no futebol. Com estrutura, treinamento, e morandoreview vbetum alojamento para jovens atletas. Mas quem sofreu com isso foi a família dele, que éreview vbetGeneral Pico, cidade a cercareview vbet600km e sete horasreview vbetviagem ao sulreview vbetRosário.

– A decisãoreview vbetdeixá-lo ir desacompanhado, aos 12 anos, foi muito dura. Ficou muito difícil dormir. Aos 12 é muito jovem ainda... Hoje,review vbetPico, andamos pela rua e vemos crianças fazendo bolasreview vbetsabão com 12 anos. E nós pensávamos: "O nosso filho se foi aos 12, sozinho". Mas ele queria isso – diz, chorando, o pai Ricardo Garro.

– Quando viajávamos para vê-lo, era muito difícil voltar. Por que não queríamos nos largar. E ele chorando, mas nos pedindo para deixá-lo porque era o que ele queria fazer. Então ficávamos um pouco mais e quando ele se acalmava nós saíamos. E depois tínhamos 600kmreview vbetviagem pela frente, com areview vbetirmã chorando porque era pequena, e nós nos controlando e olhando pela janela – diz a mãe Andrea Prietto.

Só que um grande amigo da família era um dos treinadores da Fundação Messi e ajudou a tornar o processo um pouco menos doloroso.

Garro (à direita) com a avó, ainda nos temposreview vbetGeneral Pico — Foto: Arquivo Pessoal

– Foi duro porque obviamente ele sofreu por sair do seu estadoreview vbetconforto,review vbetestar perto da família. Depois, viverreview vbetum alojamento com outros garotosreview vbetdiversas idades,review vbetir para outra escola, outra idiossincrasia, longe dareview vbetcidade. Mas ele sempre levou bem. Obviamente que estávamos perto e ajudávamos a cuidar porque era um garoto que estava apadrinhado pela fundação. Mas cuidamos para ter gente profissional ao seu redor. Psicólogos, psicopedagogos, para ajudar com a distância. Mas ele, comreview vbetpersonalidade, sempre viveu bem – diz Alberto Bulleri.

Já naquela época, Bulleri enxergava no menino característicasreview vbetum grande jogador.

– É muito atrevido, como dizemos aqui, divertidoreview vbettodos os aspectos. E com muita vontadereview vbetquerer chegar e triunfar. Descarado! São situações que às vezes tem mais a ver com o extracampo do que com o futebolístico. Isso porque a parte técnica ele tinha – elogia.

Sapp diz que viu um jogo do Corinthians uma noite qualquer. E viu o mesmo Garroreview vbet12 anos atrás.

– É como ver o mesmo garotoreview vbet13 ou 14 anos. A mesma alegria, a vontadereview vbetpedir a bola sempre. De ser solidário com o seu companheiro. No futebol ele expressa toda essa paixão que sente. Isso tudo me dá orgulho,review vbetsaber que tive possibilidadereview vbetacompanhar e contribuir com uma parte pequena dareview vbethistória, com o clube Sarmiento e a fundação – diz Sapp.

Garro, o último agachado, no time da Fundação Messi — Foto: Arquivo Pessoal

review vbet Sonho despedaçadoreview vbetRafaela

Com o passar do tempo, a canhotinha certeirareview vbetGarro abriu novas possibilidades. E seu próximo clube foi o Atlético Rafaela, da cidadereview vbetRafaela, a 250km ao nortereview vbetRosário.

Município pequeno e elegante, com pouco maisreview vbet100 mil habitantes, com característicasreview vbetcidadezinhas do interior do Brasil, com a pracinha da igreja como principal ponto turístico.

É lá que o Atlético Rafaela, recém-rebaixado para a Terceira Divisão do futebol argentino, recebeu Garro aos 16 anos.

– Ele era extremamente alegre, um garoto muito aberto, se aproximava fácil das pessoas. E era excelente no pingue-pongue também. Agora, se perdesse, buscava alguma artimanha porque nunca gostoureview vbetperderreview vbetnada. Ele sempre foi assim, sempre foi vencedor. E se adaptou facilmente à cidade e à escola. Teve sempre uma almareview vbetlíder positivo. Desde o momentoreview vbetque entrou no campo começou a mostrar suas virtudes – afirma Luis Trossero, o Luisito.

Foi Luisito quem entregou o apelido que Garro ganhou nos anosreview vbetque viveureview vbetRafaela.

Luisito Trossero, técnicoreview vbetGarro no Atlético Rafaela — Foto: Reprodução

– O lugar onde era o nosso alojamento, a residência dos garotos, erareview vbetum castelo, por isso chamavam Rodrigoreview vbet“príncipe”. Algumas pessoasreview vbetRafaela o chamavamreview vbetPríncipe.

Garro foi ganhando mais oportunidades, chegou a um time maior... Tudo parecia se encaixar na carreira. Parecia viver um contoreview vbetfadas. Só que não! Porque, na verdade, quando ele completou 18 anos, foi dispensado do Atlético Rafaela.

– Quando me encontrei com Rodrigo, me caiu o mundo. Porque eu estava com meu filho ali... E agora o que faço? Chegamos no alojamento para pegá-lo e na porta do alojamento estavam todos os jogadores. Imagine, todos os garotos. E o que poderíamos fazer? Aos 12 foi emborareview vbetcasa, e agora tinha que voltar. E voltamos os 600kmreview vbetsilêncioreview vbetvolta para casa (em General Pico) – lembra Ricardo.

– Este foi um dos momentos que mais lembramos pela forma como aconteceu. Podem acontecer coisas na vida que você não está preparado, coisas muito tristes, mas não importa quantas vezes você caia, você pode se levantar – diz Ricardo.

A cena comoveu quem estava presente.

– Para mim foi uma tristeza vê-lo ir embora. Infelizmente, na minha função, não tinha poderreview vbetdizer vai ficar ou não vai ficar. Tenho que respeitar a posição do clube. Então foi um momento duro para todos. Porém não há males que não venham para o bem – afirma Luisito.

Ricardo Garro e Andrea Prietto, pai e mãereview vbetRodrigo Garro, do Corinthians — Foto: Maurício Oliveira

review vbet Um novo resgate

Mais uma vez na história da família Garro, Beto Bulleri foi o amigo com quem puderam contar. Ele estava morando e trabalhando na Colômbia, cogitou a possibilidadereview vbetlevá-lo para um clubereview vbetlá, mas o processo todo para isso parecia ser impossível.

– E aí com a família, decidimos encontrar uma solução mais próxima. Com gente conhecida, alguns contatos que tínhamos, conseguimos levá-lo para fazer um teste no Institutoreview vbetCórdoba – diz Bulleri.

E lá foi a famíliareview vbetGarro para mais uma viagem, desta vez para Córdoba, 400km a oestereview vbetRosário.

– Chegamos no Institutoreview vbetmanhã ou à tarde, não me lembro. Aíreview vbet20 minutosreview vbetteste, nos chamaram e disseram “Rodrigo vai ficar!”. E aí é como se surgisse o sol. A situação era diferente, e o clube fez uma aposta importante. O Instituto nos deu uma mão muito grande. E logo depois terminou no Talleres (tambémreview vbetCórdoba), olha como as coisas são – diz Ricardo.

Depoisreview vbettantos anosreview vbetluta, Garro finalmente conseguiu chegar ao futebol profissional da Argentina. Estreou na Segunda Divisão pelo Instituto, rapidamente se destacou e foi contratado pelo Talleres. Um ano depois,review vbet2022, foi eleito o melhor jogador do campeonato argentino.

Rodrigo Garroreview vbetação pelo Talleres — Foto: Rodrigo Valle/Getty Images

– Imagina hoje como é para a gente. É uma felicidade enorme! Você liga a televisão porque gostareview vbetfutebol, quer ver grandes jogadores, e vê seu filho ali... Ele está aproveitando e nos fazendo aproveitar, porque realiza o nosso sonho também – diz o pai.

– Acho que ainda não conseguimos entender o que está acontecendo. É como um sonho feito realidade. Mas ainda não entendemos bem o que estamos vivendo. É como se eu me perguntasse: “É meu filho mesmo?”. Sim, é o meu filho! – afirma Andrea.

Como essa história continua, já se sabe. No fimreview vbet2023, o Corinthians contratou Rodrigo Garro por cercareview vbetUS$ 6 milhões (R$ 30 milhões pela cotação na época). Ele vestiu a camisa 10 e se tornou um dos principais jogadores da equipe. Em um ano complicado, suas assistências e gols foram fundamentais para fazer o time chegar às semifinais das Copas do Brasil e Sul-Americana e, principalmente,review vbetafastar o risco tenebroso do rebaixamento. Virou xodó da torcida, e deu ainda mais orgulho para os pais.

– Precisamos correr atrásreview vbetcomo ver os jogos do Corinthians pela televisão na Argentina. Começamos a estudar sobre o clube, ficamos loucos, conhecemos toda a história. No primeiro dia que eu fui visitar no centroreview vbettreinamento, eu vi o Cássio... Imagina isso, vi o Cássio andando no CT. Foi muito lindo! – conta Ricardo.

– Eu creio que vê-lo feliz, eu como mãe, que sofri todos esses anos por estar longe... É como te digo, valeu tudo à pena (chora). E estou muito feliz por ele – diz Andrea.

Garro comemora gol do Corinthians contra o Grêmio — Foto: Marcos Ribolli

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