Trabalho sujo: entenda movimento que Dorival cobra dos jogadores e vê como fundamental para Seleção

Técnico entende que ação é decisiva para furar retrancas e gerar mais situaçõesgol

Por Bruno Cassucci — Brasília


Confira a coletivaDorival Junior antes da partida contra o Peru pelas Eliminatórias

– Temos que fazer um pouco mais o trabalho sujo, que não vinha acontecendo, dificultando nossas infiltrações.

A frase acima foi dita pelo técnico Dorival Júniorentrevista na véspera da partida entre Brasil e Peru, nesta terça-feira, mas já vinha sendo escutada pelos jogadores da Seleção há um bom tempo.

O "trabalho sujo" ou "movimento sujo", outro termo também utilizado por Dorival, é uma ação que o treinador vem cobrando bastante dos convocados, especialmente aqueles que jogam no ataque. Ela é vista como fundamental para melhorar a produção ofensiva do Brasil.

Mas, afinal, que trabalho sujo é esse?

Dorival usa essa expressão para se referir a um movimento feito pelos jogadoresfrente para a linha defensiva adversária. Mesmo que o atleta não vá receber a bola, ele se projetavelocidade para "arrastar" consigo um marcador e, assim, abrir espaço na área rival.

Na última partida, por exemplo, isso pôde ser visto no lance do golempate do Brasil contra o Chile. Raphinha disparadireção à ponta direita e chega até a ficarposiçãoimpedimento. O atacante não recebe a bolaSavinho, mas faz com que o centro da área fique menos protegido. É justamente neste espaço que Igor Jesus aparece para receber cruzamentoSavinho e mandar a bola para as redes. Confira no vídeo abaixo:

Aos 45 min do 1º tempo - golcabeçaIgor Jesus do Brasil contra o Chile

Dorival quer que os jogadores não esperem a bola no pé, mas se mexam constantemente para que sejam acionadosvelocidade ou que, ao menos, alarguem a defesa adversária, facilitando a vida do atleta que tem a posse.

Este "trabalho sujo" pode ser feito não só por meias e atacantes, mas também por laterais. A escalaçãoVanderson, que tem características mais ofensivas do que Danilo, também tem por objetivo abrir espaços e gerar superioridade numéricajogadores perto da área do Peru.

Dorival Júnior, técnico da seleção brasileira, durante treino — Foto: Rafael Ribeiro / CBF

Na visãoDorival, embora ainda esteja longe do ideal, o Brasil vem evoluindo nessas ações:

– O que ganhamos bastante na última partida foram os movimentosinfiltração. Não só com o Igor, mas muito com o Raphinha, o Savinho, o Rodrygo... Isso nos proporcionou uma outra condição. Estamos melhorando neste quesito. Mais do que ter um homemreferência neste instante, como buscamos com o Pedro, vejo a liberdademovimentojogadoresótimo nível e com capacidadeusar o um para um, as trocaspasses para tabelas – comentou.

Durante a Copa América, o treinador da Seleção já havia apontado a falta dessas movimentações. Jogandocampos com dimensões reduzidas, Dorival entendia que o "trabalho sujo" era ainda mais importante.

– Precisamosmovimento fundamental: o movimento sujo. Ataques na última linha adversária, provocando movimentostrês, cinco, dez passes atrás e abertura frontal ao movimentolinha para facilitar quem tem a bola nos pés – opinou o técnico após o empate na estreia com a Costa Rica.

– Movimentoprofundidade carrega a linha para perto do goleiro e abre espaços. Foi aspecto que mais intensificamostrabalhostreinamentos, o ataque à última linha, esse movimento sujo para quem quer achar espaços na última linha do adversário – completou.

Outra ação que Dorival pede a seus jogadoresataque é que,certos momentos, se desgarrem da marcação e recuem um pouco para receber a bolafrente para o gol. Rodrygo, Raphinha e Savinho, que mais uma vez formarão o ataque com Igor Jesus, têm essa característica.

Se o "trabalho sujo" for bem realizado nesta terça-feira, no Mané Garrincha, o Brasil pode "limpar" um pouco asituação nas Eliminatórias. A Seleção é a quarta colocada na competição com 13 pontos, seis a menos do que a líder Argentina.