Em depoimento sobre assédio, funcionária da CBF cita ameaças e tentativaestrela bet saqueinterferênciaestrela bet saqueCaboclo emestrela bet saquevida pessoal

Segundo funcionária, motorista do presidente afastado a procurou à noite no apartamento da irmã. No depoimento, ela relata que Caboclo avisou a diretor que "acabaria com a carreira" dela

Por Gabriela Moreira, Martín Fernandez e Sérgio Rangel — Rioestrela bet saqueJaneiro


Ouça áudios da denúnciaestrela bet saqueassédio contra Rogério Caboclo, afastado da presidência da CBF

A funcionária da CBF que acusou Rogério Cabocloestrela bet saqueassédio sexual e moral relatou à Comissãoestrela bet saqueÉtica da entidade ter tomado conhecimentoestrela bet saqueameaças do dirigente depoisestrela bet saqueela se licenciar do trabalho por motivosestrela bet saquesaúde. De acordo com o depoimento, que foi compartilhado com o Ministério Público e ao qual o ge teve acesso, Caboclo afirmou que "acabaria com a carreira dela".

Ela também mencionou tentativasestrela bet saqueinterferênciaestrela bet saqueCaboclo emestrela bet saquevida pessoal. E detalhou uma suposta rotinaestrela bet saqueconsumoestrela bet saquebebida alcoólica do dirigente no horárioestrela bet saquetrabalho e até durante eventosestrela bet saqueque ele aparecia publicamente, como reuniões com clubes e federações estaduais.

O depoimento foi prestado no dia 14estrela bet saquejunho, dez dias depoisestrela bet saqueo ge ter revelado que ela havia acusado Rogério Cabocloestrela bet saqueassédio moral e sexual. No dia 6estrela bet saquejunho, a Comissãoestrela bet saqueÉtica afastou o dirigente do cargo, punição que no dia 3estrela bet saquejulho foi ampliada por mais 60 dias.

estrela bet saque Ameaças

A funcionária se afastou do trabalho no dia 9estrela bet saqueabrilestrela bet saque2021. Ela relatou à Comissãoestrela bet saqueÉtica que, depois disso, tomou conhecimentoestrela bet saqueameaças por parteestrela bet saqueRogério Caboclo. Segundo o depoimento, o presidente da CBF afirmou a um diretor que "acabaria com a carreira" dela.

Caboclo nega que tenha dito isso. Por meioestrela bet saquesua assessoria, o dirigente enviou a seguinte resposta à reportagem:

– Trata-seestrela bet saqueabsoluta mentira. O presidente da CBF, Rogério Caboclo, não fez essa ameaça. Pelo contrário, ele recebeu, por meioestrela bet saqueterceiros, a ameaçaestrela bet saqueque, caso a CBF não pagasse R$ 12 milhões para a funcionária, ela o acusaria formalmenteestrela bet saqueassédio.

A funcionária também relatou um episódioestrela bet saqueque o motorista pessoalestrela bet saqueCaboclo foi visto rondando o apartamento da irmã da funcionária à noite no Rioestrela bet saqueJaneiro. Segundo o relato, o motorista foi confrontado pela irmã da funcionária (que da sacada do apartamento perguntou o que ele queria) e afirmou que estava procurando a funcionária.

Neste caso, a assessoriaestrela bet saqueCaboclo confirma o episódio, mas nega que ele tivesse conhecimento da ação do motorista.

– Não houve, absolutamente, o conhecimento prévio ou autorizaçãoestrela bet saqueRogério Caboclo para que tal visita fosse realizada. Tão logo soube do acontecido, o presidente da CBF repreendeu duramente o funcionário por seu ato. O motorista foi por vontade própria e sem o conhecimentoestrela bet saqueCaboclo, o que o motorista reconheceestrela bet saquedepoimento.

Rogério Caboclo, presidente afastado da CBF — Foto: WILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO

estrela bet saque Interferências na vida privada

A funcionária relatou ainda que eram constantes os comentários feitos por Caboclo a respeito da vida pessoal dela. Em uma viagemestrela bet saquetrabalho ao Paraguai, ele teria elogiadoestrela bet saqueaparência e comentado que era "inacreditável" que ela ainda estivesse solteira. Caboclo nega esse episódio.

No dia 21estrela bet saquesetembroestrela bet saque2020, a funcionária contou a Caboclo, seu chefe direto, que um funcionário da CBF tinha se mudado para a casa dela – para não expor a própria mãe ao riscoestrela bet saquese infectar durante a pandemia.

Naquele mesmo dia, diz a denunciante, Caboclo reuniu os diretores presentes na sede da entidade – no depoimento, ela cita oito deles, todos homens – para "comunicar o noivado" da funcionária com o colega com quem passou a dividir apartamento. No depoimento, ela diz que "o clima foiestrela bet saqueconstrangimento por parte dos presentes" e que ela "ficou imensamente incomodada com a situação".

Sobre este caso, a assessoriaestrela bet saqueCaboclo alegou o seguinte ao ge:

– O episódio ocorreu durante despachos corriqueiros com diretores que estavam na sala da presidência, ocasiãoestrela bet saqueque a acusadora espontaneamente entrou no recinto e houve um breve comentário,estrela bet saqueambiente informal e entre amigos.

No relato à Comissãoestrela bet saqueÉtica, a funcionária confirmou outras informações que constam na denúncia que ela apresentou contra Caboclo, como um episódio no apartamento do dirigenteestrela bet saqueSão Paulo,estrela bet saqueque ele a teria chamadoestrela bet saque"cadelinha", oferecido um biscoito canino a ela eestrela bet saqueseguida latido para ela.

Segundo a assessoriaestrela bet saqueCaboclo, o dirigente não quis ofender a funcionária.

– Em relação ao episódio ocorridoestrela bet saqueSão Paulo, embora o acusado não reconheça os termos relatados pela acusadora, no diálogo gravado o presidente se desculpou pela maneira como teceu o comentário, afirmando que jamais teve a intençãoestrela bet saqueprejudicar ou ofender a funcionária – diz a nota enviada pela assessoria.

No dia seguinte,estrela bet saqueacordo com o depoimento da funcionária, Caboclo "não se desculpou", mas afirmou que ela "não deveria manter mais relaçõesestrela bet saqueamizade ou amorosas com ninguém dentro da CBF". E que também deveria "mudar suas vestimentas", "até mesmo seus cabelos", "fazer luzes" e "usar cílios postiços".

Sobre esta acusação, Caboclo comentou o seguinte, sempre via nota enviada pela assessoria:

– Em instituições do porte da CBF é comum o estabelecimentoestrela bet saquepadrões a serem seguidos na vestimenta e apresentação pessoal. No caso concreto, houve um bônus salarial para a compraestrela bet saquevestuário e ela se disse grata pelo gesto da direção da CBF. Em relação a cabelo e cílios, Caboclo jamais fez menção a esses aspectos.

A funcionária também detalhou no depoimento a noiteestrela bet saqueque gravou Rogério Caboclo perguntando se ela "se masturba". O episódio ocorreuestrela bet saque16estrela bet saquemarçoestrela bet saque2021, na sala da presidência, no terceiro andar do prédio da CBF.

A funcionária contou ter sido chamada ao jardimestrela bet saqueinverno contíguo ao gabinete, "lugar sombreado, que conta apenas com iluminação indireta, onde [ele] estava bebendo vinho".

– [...] após lhe dizer para que tirasse a máscara e oferecer-lhe vinho, o que a declarante negou, passou a falar coisas desconexas porémestrela bet saquetemas desagradáveis à declarante, chegando a declarar que tinha "umas 200 putas" emestrela bet saqueagendaestrela bet saquecelular, emendandoestrela bet saqueseguida "200 não, mas umas 20", referindo-seestrela bet saqueforma chula a prostitutas.

A funcionária disse que aproveitou um momentoestrela bet saqueque Caboclo foi ao banheiro para pedir ajuda por WhatsApp a dois diretores da CBF. Segundo ela, um deles já havia deixado o prédio, mas o outro apareceu na sala do presidente e a tirouestrela bet saquelá.

Quando Caboclo a chamouestrela bet saquevolta, ela resolveu gravar a conversa, na qual o dirigente se refereestrela bet saquemaneira jocosa à própria esposa e pergunta à funcionária se ela "se masturba". Trechos desse diálogo foram ao ar no "Fantástico" no dia 6estrela bet saquejunho (assista no vídeo que abre esta reportagem).

Rogério Caboclo, presidente afastado da CBF — Foto: Agif

estrela bet saque Consumoestrela bet saqueálcool

No depoimento à Comissãoestrela bet saqueÉtica, a funcionária afirmou que Rogério Caboclo ingeria bebida alcoólica "tanto nos horáriosestrela bet saqueexpediente na sede da CBF quanto nos diversos e mais variados compromissos externos". Diz um trecho do depoimento:

– [...] A ingestãoestrela bet saquebebidas alcoólicas ultrapassava até mesmo a medida do razoável e socialmente aceito fora do ambiente laboral, podendo afirmar que era nítido o exagero, o efeito sobre suas atitudes e decisões, bem comoestrela bet saqueformaestrela bet saquese expressar.

Ela disse ainda que era a encarregadaestrela bet saquesempre manter disponíveis garrafas do vinho português Cartuxa Reserva (entre R$ 350 e R$ 500 a garrafa) para Caboclo. O consumo, segundo ela, variava entre uma e duas garrafas por dia.

– As garrafas eram mantidas na estaçãoestrela bet saquetrabalho da declarante e, quando solicitada, deveria deixar a garrafa já aberta no banheiro do gabinete,estrela bet saqueuso exclusivo do presidente da CBF, acompanhadaestrela bet saqueuma taça.

A funcionária afirmou que isso acontecia "diariamente após almoço, e o consumo durava toda a tarde até o término do expediente". Nas viagens, ainda segundo a funcionária, ela era orientada a pedir as garrafasestrela bet saquevinho no apartamento dela, para não lançar o consumo na contaestrela bet saqueCaboclo. De acordo com a denunciante, ao fim da estadia, ele dava o valor correspondenteestrela bet saquedinheiro para que ela pagasse as bebidas anotadas no quarto dela.

Segundo o depoimento prestado à Comissãoestrela bet saqueÉtica e compartilhado com o Ministério Público, a situação eraestrela bet saqueamplo conhecimento da diretoria da CBF. A funcionária, que trabalhava na antessala da presidência, relatou que era "bastante comum" que diretores perguntassem "como ele está" antesestrela bet saquepedir para despachar ou conversar com Rogério Caboclo.

Sobre estas acusações, Caboclo respondeu o seguinte via assessoria:

– O presidente Rogério Caboclo nega veementemente o consumoestrela bet saquebebida alcoólica durante o expediente, seja na CBF ouestrela bet saqueviagens. Ele também declara que não tem problema com o usoestrela bet saquebebida alcoólica. É prática difundida e socialmente aceita no Brasil o consumo moderadoestrela bet saquebebidas alcoólicas, fora do horário ordinárioestrela bet saqueexpediente,estrela bet saquereuniões com pessoas ligadas ao trabalho. A própria funcionária que fez as acusações reconhece que gravou áudiosestrela bet saqueCaboclo durante esses momentos informais. Outra funcionária, responsável pelo departamentoestrela bet saquecompras da CBF, afirma,estrela bet saquedepoimento, que as comprasestrela bet saquebebidas alcoólicas abasteciam os eventos da entidade. Afirmou também que nunca o viu beber.

estrela bet saque Bebidas durante reuniões

No dia 9estrela bet saquemarço, o presidente da CBF participouestrela bet saqueuma reunião virtual com clubes e federações para discutir a continuidade das competições durante a pandemia da Covid-19. O jornal "O Dia" publicou trechos do vídeo daquela reunião,estrela bet saqueque Caboclo aparece dizendo para os clubes "vocês estão fodidos".

Segundo o depoimento da funcionária à Comissãoestrela bet saqueÉtica, naquele dia Caboclo estavaestrela bet saqueseu apartamentoestrela bet saqueSão Paulo e bebeu durante a reunião. Ela contou que "abasteciaestrela bet saquetaçaestrela bet saquevinho quando lhe era solicitado, para que ele bebesse fora do alcance da câmera".

Outro episódio relatado no depoimento se deuestrela bet saque27estrela bet saquemarçoestrela bet saque2021, no evento do Prêmio Brasileirão 2020, que ocorreu no auditório da CBF. Segundo a funcionária, Caboclo deveria ler um discurso previamente redigido que duraria quatro minutos, mas resolveu substituí-lo por outro,estrela bet saqueimproviso, com maisestrela bet saque20 minutosestrela bet saqueduração.

Naquele dia, como a esposa e o filhoestrela bet saqueCaboclo estavam presentes no prédio da CBF, ele teria determinado que as garrafasestrela bet saquevinho fossem colocadas no banheiro da vice-presidência, sala que naquele dia estava desocupada.

Rogério Caboclo no Prêmio Brasileirão 2020 — Foto: Reprodução

estrela bet saque Guerra política

Rogério Caboclo está afastado da presidência da CBF pelo menos até a primeira semanaestrela bet saquesetembro. É o prazo para Comissãoestrela bet saqueÉtica concluirestrela bet saqueinvestigação e apresentar um parecer, que deve ser votado por uma Assembleia Geral Administrativa – formada pelas 27 federações estaduaisestrela bet saquefutebol. Para que o presidente seja destituído, são necessários 3/4 dos votos,estrela bet saquevotação aberta.

Caboclo é alvoestrela bet saqueduas outras investigações: uma do Ministério Público do Trabalho e outra do Promotoria Criminal do Juizado Especial.

Sempre que se manifestou sobre o caso, Caboclo afirmou ser vítimaestrela bet saqueum complô liderado por Marco Polo Del Nero, ex-presidente da CBF (2015-2018), supostamente interessadoestrela bet saque"retomar o poder na CBF".

Caboclo trabalhou com Del Nero na Federação Paulistaestrela bet saqueFutebol, no Comitê Organizador Local da Copa do Mundoestrela bet saque2014 e na própria CBF. O apoioestrela bet saqueDel Nero foi decisivo para que Caboclo fosse eleito presidente da CBFestrela bet saque2018 para o mandato que vaiestrela bet saque2019 a 2023.

Desde abrilestrela bet saque2018, Marco Polo Del Nero está banido pela Fifaestrela bet saquetodas as atividades relacionadas a futebol, mas se mantém influente na confederação.