Justiça proíbe Cabocloir à CBF emanter contato com testemunhas e funcionária que o acusaassédio

Decisão considerou válidas provas que a defesa tentou anular; dirigente nega as acusações

Por Gabriela Moreira, Martín Fernandez e Sérgio Rangel — RioJaneiro


O presidente afastado da CBF, Rogério Caboclo, está proibido pela Justiçaentrar na sede da entidade emanter contato com sete pessoas ligadas à confederação: a funcionária que o acusouassédio moral e assédio sexual e seis testemunhas – quatro diretores da entidade e duas ex-funcionárias – citadas no inquérito aberto pelo Ministério Público do RioJaneiro para investigar o caso. Procurada, a defesaCaboclo informou que não comenta o caso por estarsigilo.

A medida foi tomada porque, ao longo da investigação, o Ministério Público apurou que tanto a funcionária quanto testemunhas do caso se sentiram perseguidas ou ameaçadas por Rogério Caboclo – como o ge revelou no dia 9julho. O dirigente nega que tenha feito ameaças.

A decisão da Justiça é cautelar, isto é, ainda não avalia o mérito das acusações, mas entende pelos depoimentos e provas apresentadas até o momento que há indícios suficientes para instauraçãoinvestigação e necessidadepreservação da vítima, assim como a necessidadeque Rogério Caboclo mantenha distância da CBF.

Rogério Caboclo, presidente afastado da CBF — Foto: WILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO

A Justiça também entendeu serem válidas as gravações feitas pela funcionária e anexadas à investigação do MP. Uma das gravações feitas pela funcionária foi revelada pelo "Fantástico" no dia 6junho. Numa conversa na sala da presidência da CBF, Rogério Caboclo pergunta à funcionária se ela "se masturba?"

Audiência marcada

A medida cautelar vale até 26agosto, data para a qual foi marcada a primeira audiência sobre o caso. Este deve ser primeiro encontro entre Rogério Caboclo e a funcionária que o acusouassédio desde que ela pediu licença médica,9abril.

No dia 4junho, o ge revelou que ela apresentou uma denúncia à ComissãoÉtica da CBF. Dois dias depois, Caboclo foi afastado do cargo por 30 dias. O afastamento foi renovado no dia 3julho por mais 60 dias. Nesta semana, a Fifa deu abrangência mundial à decisão.

O caso detonou uma das maiores crises da história da CBF. Caboclo passou a bater boca publicamente com Marco Polo Del Nero, ex-presidente da entidade e seu padrinho político, a quem acusaliderar um complô para afastá-lo da presidência.

A entidade também chegou a sofrer uma intervenção judicial, depois suspensa por uma decisão do TribunalJustiça do RioJaneiro. Desde o afastamentoCaboclo, a CBF está sob a presidência interinaAntonio Carlos Nunes, que é o mais velho dos oito vice-presidentes.