Na última semana, diversos portais nacionais e internacionais repercutiram o fatoa Uefa impedir clubesum mesmo dono participaremuma edição da Champions League simultaneamente. Apesarmuitos afirmarem que Manchester City e Girona correriam riscoficar fora da Liga dos Campeões da próxima temporada por pertencerem ao Grupo City, na prática essa possibilidade não existe.
Isso porque há mecanismos que permitem os clubes se enquadrarem nas regras da entidade. Na atual temporada, três diferentes exemplos mostram isso (veja mais abaixo na matéria). O importante a saber, caso você torça ou simpatize com Manchester City ou Girona, é: caso as duas equipes se classifiquem para a Champions, é praticamente certo que ambas participarão.
O City Group Football possui 47% das ações do Girona, enquanto é dono86% do Manchester City. No momento, o clube espanhol é vice-líder e sensação da LaLiga, com 45 pontos, mesma pontuação do líder Real Madrid. Enquanto isso, o time inglês, atual campeão nacional, continental e mundial, ocupa a quinta posição da Premier League, com um jogo a menos que seus concorrentes diretos.
O Artigo 5 do regulamento da Uefa Champions League (Integridade da Competição / Multi-club ownership) afirma que não é permitido a qualquer indivíduo, entidade legal ou clube “possuir ações”, “estar envolvido”, “ter algum poder” e/ou “ter controle ou influência”maisum clube participantecompetições da Uefa. Apesar disso, existem brechas para que a condição seja revertida.
Em junho deste ano, a Uefa liberou três diferentes casos para que multi-clubes participassem ao mesmo temposuas competições. O ÓrgãoControle FinanceiroClubes da Uefa (CFCB) permitiu que o inglês Aston Villa e o português VitóriaGuimarães (pertencem à "V Sports"); o inglês Brighton e o belga USG (pertencem a Tony Bloom); e o italiano Milan e o francês Toulouse (pertencem à "RedBird Capital") participassem simultaneamente.
Segundo a imprensa europeia, a principal estratégia que os envolvidos adotaram para se enquadrarem nas regras da Uefa foi a alteraçãomembros dos conselhosadministração das empresas que controlam os clubes. Assim, apesarpertencerem a um mesmo dono, os clubes teriam decisões tomadas por equipes diferentes, não tendo mais conexão direta com a outra equipe do grupo.
Irlan Simões comenta exemplosmulti-clubes disputando competições europeias2022/23
Se na temporada 2023/24 a Uefa permitiu que três casos diferentesmulti-clubes fossem resolvidos, é difícilimaginar que casos envolvendo o atual campeão da Champions e a equipe sensação da segunda principal liga da Europa não seria chegado a uma solução.
Um caso diferente, mas que também costuma ser citadomeio a este tipodebate é o da Red Bull. O RB Leipzig, da Alemanha, e o RB Salzburg, da Áustria, disputaram a fasegrupos da Champions League na atual temporada. O mesmo já aconteceuanos anteriores, como2017, a primeira vez.
Na época, a Uefa investigou o caso e constatou que, diferente do RB Leipzig, que tem 99%suas ações vinculadas à marcaenergético, o RB Salzburg é apenas patrocinado pela empresa. Além disso, o clube austríaco é chamado oficialmente apenasFC Salzburg no torneio, alémter alterado seu escudo2017 para não ter problemas com a competição.
A práticagrandes grupos investidoresSAFs ou multi-clubes cresce a cada ano no futebol e vai ficando cada vez mais inviável que as entidades evitem este tipotendência.