Por Guilherme Renke

Médico endocrinologista da Sociedade BrasileiragloboesporteflamengoEndocrino... ver mais

Melatonina ajuda a combater obesidade e perda da massa muscular

Médico endocrinologista explica que suplementação do "hormônio do sono" pode auxiliar nos problemas, que afetam diretamente a saúde e o desempenho esportivo

RiogloboesporteflamengoJaneiro


Muito se aborda sobre o uso da suplementaçãogloboesporteflamengomelatonina para distúrbios do sono, mas evidências científicas têm mostrado muitos outros benefícios que são capazesgloboesporteflamengoser usufruídos com agloboesporteflamengosuplementação. Mas o que é a melatonina (N-acetil-5-metoxitriptamina)? É um hormônio derivado do triptofano, um aminoácido essencial, produzido pela glândula pineal (uma pequena glândula endócrina situada próxima ao centro do cérebro)globoesporteflamengomaneira circadiana; isto é, varia ao longogloboesporteflamengo24 horas, com produção máxima durante a noite. Está envolvida na sincronizaçãogloboesporteflamengoritmos circadianosgloboesporteflamengofunções fisiológicas, incluindo tempogloboesporteflamengosono, pressão arterial e muitos outros - sendo o ritmo circadiano o períodogloboesporteflamengo24 horas do ciclo biológico dos seres vivos, influenciado principalmente pela variaçãogloboesporteflamengoluz entre dia e noite.

A suplementaçãogloboesporteflamengomelatonina pode ser uma aliadagloboesporteflamengotratamentos para emagrecer e retardar a perdagloboesporteflamengomassa muscular — Foto: Istock Getty Images

Os metabólitos da melatonina, conhecida como "hormônio do sono", possuem propriedades antioxidantes poderosas e potentes atividadesgloboesporteflamengoeliminaçãogloboesporteflamengoradicais livres tóxicos. Há evidênciasgloboesporteflamengoque todas as outras células produzem melatonina continuamente ao longo do dia, principalmente como um limpador antioxidante egloboesporteflamengoradicais livres. Faz partegloboesporteflamengouma variedadegloboesporteflamengoprocessos biológicos, incluindo ritmos circadianos e funções neuroendócrinas, cardiovasculares e imunológicas. Tem efeitos anti-hipertensivos, hipolipidêmicos e antiobesidade. Tem, portanto, um papel no combate à hipertensão, ao colesterol alto e à obesidade.

Nos mamíferos, a melatonina foi identificadagloboesporteflamengotodos os fluidos corporais egloboesporteflamengovários locais extrapineais, como pele, trato gastrointestinal, fígado, rim, sistema imunológico, testículo e músculos esqueléticos. Surpreendentemente, durante a última década, foi detectadagloboesporteflamengovárias plantas, ovos e peixes comestíveis, assumindo um papel interessante e promissor como nutracêutico; ou seja, como um suplemento alimentar que contêm a forma concentradagloboesporteflamengocompostos bioativosgloboesporteflamengoalimentos.

globoesporteflamengo Melatonina e sarcopenia

Sarcopenia é um termo derivado das palavras gregas sarx (carne) e penia (perda), e usado para descrever classicamente o declínio da massa muscular entre os idosos. Atualmente, a sarcopenia é uma condição bem documentada associada à mobilidade prejudicada que ocorre com o envelhecimento. Há cada vez mais evidências, no entanto,globoesporteflamengoque não apenas o declínio da massa muscular é responsável pela sarcopenia, mas também uma falha na força ou potência muscular.

A evidência convincentegloboesporteflamengodiminuição da melatonina endógena na senescência (processo naturalgloboesporteflamengoenvelhecimento ao nível celular ou o conjuntogloboesporteflamengofenômenos associados a este processo) desencadeou intensa pesquisa sobre seu papel potencial como suplemento dietético para prevenir e tratar o envelhecimento e doenças relacionadas à idade.

Notavelmente, a suplementaçãogloboesporteflamengomelatoninagloboesporteflamengocamundongos foi particularmente benéfica para retardar o início da sarcopeniagloboesporteflamengoanimais idosos. Curiosamente, a melatonina exógena regulou a resistência à insulina e melhorou a função mitocondrial nos músculos dos ratos.

O envelhecimento é caracterizado por um aumento do estresse oxidativo, que é exacerbado durante o desenvolvimento da sarcopenia. A relação do estresse oxidativo com a sarcopenia foi definida experimentalmente. Considerando isso, teoricamente, pelo menos, a adiçãogloboesporteflamengoum antioxidante deve produzir efeitos benéficos nessa condição. No entanto, nem todas as espécies reativas são prejudiciais. Certamente, está bem estabelecido que algumas espécies reativasgloboesporteflamengooxigênio (ROS), espécies reativasgloboesporteflamengonitrogênio (RNS) e um nível basalgloboesporteflamengoestresse oxidativo são essenciais para a sobrevivência celular. A geraçãogloboesporteflamengooxidantes é essencial para sinalização intracelular e produção idealgloboesporteflamengoforça.

Assim, antioxidantes altamente eficientes podem paradoxalmente ser prejudiciais. No entanto, a melatonina parece não ser um limpadorgloboesporteflamengoradicais típico e muitas publicações mostram que a melatonina também regula a homeostase celular e pode até promover a geraçãogloboesporteflamengoradicais livres quando necessário. Por exemplo, mostramos que quando o estresse oxidativo alto é necessário para o desenvolvimento adequado dos órgãos, as injeções diáriasgloboesporteflamengomelatonina induzem inicialmente a uma redução do estresse oxidativo, mas, posteriormente, quando as injeçõesgloboesporteflamengomelatonina são continuadas, a geraçãogloboesporteflamengoradicais livres é restaurada. As descobertas coletivas indicam que a melatonina é capazgloboesporteflamengoreduzir as concentraçõesgloboesporteflamengoradicais livres, mas mantê-las dentro dos limites homeostáticos.

O aumento do estresse oxidativo na sarcopenia é principalmente resultado da disfunção mitocondrial. Quaisquer distúrbios na função mitocondrial do miócito (célula muscular) são reconhecidos como fatores principais que contribuem para a degeneração muscular dependente da idade,globoesporteflamengoque há um declínio bioenergético mitocondrial durante o envelhecimento muscular. A melatonina e seus metabólitos são poderosos antioxidantes que protegem a cadeiagloboesporteflamengotransportegloboesporteflamengoelétrons e o DNA mitocondrial contra danos oxidativos com mais eficiência do que outros antioxidantes convencionais. Essa proteção da cadeia respiratória permite que a melatonina aumente a produçãogloboesporteflamengoATP nas mitocôndrias.

globoesporteflamengo Melatonina e obesidade

A obesidade resultagloboesporteflamengoum desequilíbrio entre o consumogloboesporteflamengoenergia e o gastogloboesporteflamengoenergia, promovendo um acúmulo anormal ou excessivogloboesporteflamengogorduragloboesporteflamengovárias regiões do corpo. Associada ao aumentogloboesporteflamengogordura, foi observada uma inflamação crônicagloboesporteflamengobaixo grau que contribui para distúrbios metabólicos sistêmicos, como dislipidemia, hipertensão, doenças hepáticas gordurosas não alcoólicas, esteato-hepatite, doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2 e até alguns tiposgloboesporteflamengocâncer.

As evidências indicam que o tecido adiposo branco é um dos primeiros tecidos a desenvolver respostas inflamatóriasgloboesporteflamengocondiçõesgloboesporteflamengoobesidade, como evidenciado pela ativação das vias pró-inflamatórias; está estabelecido que um desequilíbrio da secreçãogloboesporteflamengoadipocinas pró e anti-inflamatórias pelo tecido adiposo branco devido à expansão da massa gorda na obesidade exerce efeitos potenciais sobre distúrbios metabólicos relacionados à obesidade.

Evidências na literatura indicam que a melatonina tem um efeito modulador no metabolismo energético, na secreçãogloboesporteflamengoinsulina e na ação da insulina, bem como no metabolismo lipídico final da glicose do tecido adiposogloboesporteflamengoratos. Portanto, a melatonina pode ser usada como estratégia terapêutica para melhorar a inflamaçãogloboesporteflamengobaixo grau observadagloboesporteflamengocondiçõesgloboesporteflamengoobesidade.

Considerando a suplementaçãogloboesporteflamengomelatoninagloboesporteflamengohumanos, observou-se que, após três mesesgloboesporteflamengotratamento, o uso diáriogloboesporteflamengomelatonina (3 mg) foi eficaz na redução significativa dos níveisgloboesporteflamengocolesterol total e triglicerídeos. É importante observar que a dislipidemia é frequentemente observadagloboesporteflamengoindivíduos obesos e/ou diabéticos e que altas concentrações plasmáticasgloboesporteflamengocolesterol total e LDL-colesterol estão associadas a um risco aumentadogloboesporteflamengodoença cardiovascular.

Estudo da USP publicado ano passado evidenciou que a suplementação com melatonina por 10 semanas revelou efeitos significativos na redução do ganhogloboesporteflamengomassa corporal, adiposidade e hipertrofia dos adipócitos viscerais, lipídios plasmáticos e glicemiagloboesporteflamengojejum, bem como a expressãogloboesporteflamengomarcadores pró-inflamatórios no tecido adiposo visceral, podendo-se inferir que a melatonina deve ser considerada um agente terapêutico confiável para o tratamento da obesidade.

Portanto, evidencia-se inúmeros benefícios com a suplementaçãogloboesporteflamengomelatoninagloboesporteflamengodiversas condições, como na obesidade e no processogloboesporteflamengoperdagloboesporteflamengomassa magra (sarcopenia). Lembrando que cada caso deve ser individualizado, por isso é necessária a indicação e o acompanhamento com nutricionista e/ou médico.

Referências:

  1. Zarezadeh, M., Khorshidi, M., Emami, M. et al. Melatonin supplementation and pro-inflammatory mediators: a systematic review and meta-analysis of clinical trials. Eur J Nutr (2019). https://doi.org/10.1007/s00394-019-02123-0
  2. Farias TDSM, Paixao RID, Cruz MM, et al. Melatonin Supplementation Attenuates the Pro-Inflammatory Adipokines Expression in Visceral Fat from Obese Mice Induced by A High-Fat Diet. Cells. 2019;8(9):1041. Published 2019 Sep 6. doi:10.3390/cells8091041
  3. Coto-Montes, A., Boga, J. A., Tan, D. X., & Reiter, R. J. (2016). Melatonin as a Potential Agent in the Treatment of Sarcopenia. International journal of molecular sciences, 17(10), 1771. https://doi.org/10.3390/ijms17101771
  4. RAHMAN, Md Mahbubur et al. Melatonin supplementation plus exercise behavior ameliorate insulin resistance, hypertension and fatigue in a rat model of type 2 diabetes mellitus. Biomedicine & pharmacotherapy, v. 92, p. 606-614, 2017.

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