Professor faz aposta e veste camisa do Ceará após aluno com TDAH melhorar nota

Todo mundo guarda na memória uma lembrança da épocaluva de btescola. Amizades, brincadeiras na hora do recreio ou um professor que transformou o jeitoluva de btencarar o aprender. Foi na sensibilidade do "Tio Cássio" que João Gabriel Saraiva, diagnosticado com TDAH (Transtorno do Déficitluva de btAtenção com Hiperatividade), encontrou a chanceluva de btmelhorarluva de btmatemática. Para isso, o mestre fez uma aposta com o aluno: vestir a camisa do Ceará, time rival ao da família, se ele melhorasse as notas no boletim. Neste Dia do Professor, 15luva de btoutubro, o ge celebra o poder transformador da educação com essa história.

Cássio Murilo é professor do 4º e do 5º ano do Educandário Monteiro Lobato, no Eusébio, cidade da Região Metropolitanaluva de btFortaleza. O país tem cercaluva de bt2,4 milhõesluva de btprofessores na educação básica,luva de btacordo com o Censo Escolarluva de bt2023 coordenado pelo Inep e Ministério da Educação. Ele dá aulaluva de bthistória eluva de btmatemática para a turma do menino. O mestre tem carinho pelo Fortaleza por causa da família.

O futebol entrelaça a famílialuva de btCássio por todos os lados. Inclusive, dois tios dele vestiram a camisa do Leão do Pici: Freitas, campeão cearenseluva de bt1987, e o Freitinhas. Ele também tem primos atletas profissionais. E ele, Cássio, é torcedor do Ferroviário como a mãe. A matemática explica esse problema?

- Sempre assistimos aos jogos juntos. Minha mãe começou a torcer pelo Ferrão e, por acompanhar ela no estádio, eu passei a torcer também. Meu pai ia às vezes, mas ele gostava mesmo eraluva de btjogos na várzea, o que me traz muitas lembranças boas. Minha adolescência como torcedor do Ferrão foi complicada, sem nenhum título para comemorar, só lembrançasluva de btjogos incríveis a que nunca assisti. Mas acho que é porque Deus estava esperando meu filho nascer para vermos juntos o Ferrão ser campeão brasileiro (Série D) duas vezes - lembra o docente.

O professor e os alunos costumam conversar sobre esportes nos intervalos das aulas. Cássio acompanha os rachas da garotada no recreio. Então ele viu no futebol a chanceluva de bttrabalhar a dificuldadeluva de btaprendizadoluva de btJoão Gabriel,luva de bt11 anos.

- Certo dia, depois da entregaluva de btuma avaliação, ele quis tirar o foco da nota dele falando do time do Ceará, tentando mostrar uma certa importância, pois se sentiu um peixe fora d'água por ser um dos poucos com nota baixa. Ele disse ‘Pelo menos o Ceará foi campeão’, numa referência ao título do Cearenseluva de bt2024 - lembra o professor.

- Percebi que poderia usar o futebol a nosso favor e,luva de btmeio a uma conversaluva de btsala, eu disse que se ele tirasse 10 na prova eu vestiria a camisa do Ceará. A sala foi ao delírio, alunos riram da ‘aposta’ e os alvinegros começaram a torcer por ele pedindo até para diminuir a nota para 8,5 - completou Cássio.

João Gabriel é aluno do 4º ano e tem TDAH, por isso a dificuldade no aprendizado. Cercaluva de bt2 milhõesluva de btbrasileiros receberam o diagnóstico, sendo 7,6% crianças e adolescentes entre 6 e 17 anos. Os dados são da Associação Brasileiraluva de btDéficitluva de btAtenção (ABDA).

- É uma criança que não se concentra muito nas tarefas habituais. Ele estava com notas baixas e foi aí que o tio Cássio, com uma excelente formaluva de btcontagiar os alunos, fez essa aposta para que ele se motivasse, porque ele é alucinado pelo Ceará - lembra a mãe Karisia Santiago.

O tio Cássio saiu da lógica e lançou o desafio: se João tirasse 10 na próxima avaliação, o professor iria para a escola vestido com a camisa do Ceará. Aposta aceita, foi a vezluva de bta mãe da criança entrarluva de btcena.

- Ele criou um foco imenso para estudar e para ver o tio Cássio com a camisa do Ceará. Ele chegava da escola e me pedia ajuda para o estudo. Aquilo estimulouluva de btum jeito, que até eu queria ver o professor com a camisa do Ceará - disse a mãe.

- Poderiam pensar que eu não o acharia capaz ou que não queria que ele conseguisse o 10. A princípio fiquei um pouco receoso, pois poderia ser mal interpretado. Foi um começoluva de btano complicado, pois João Gabriel é um aluno com dificuldadeluva de btse concentrar nas aulas e nas provas - explicou o professor.

Na prova parcial do terceiro bimestre, veio a nota sonhada: 10luva de btmatemática. Toda entregaluva de btavaliação, a classe ficava um alvoroço. Todo mundo curioso para saber o resultado.

- Quando ele conseguiu o 10, tentei não tocar no assunto para que ele não lembrasse. Ele só conseguiu verluva de btcasa. Fizluva de btpropósito para evitar a cobrança da aposta e ainda passei uma semana sem vestir a camisa - detalha Cássio.

O docente era diariamente cobrado pelos alunos, que ansiavam vê-lo vestir a camisa alvinegra. Torcedor do Ferroviário, ele não ia comprar uma camisa do Ceará. Entre os conhecidos, para poder pedir emprestado, todos usavam um número menor que o dele. Então, para escaparluva de btpagar a aposta, recorreu à diretoria da escola.

- Fui até a diretora na esperançaluva de btque ela não deixaria, para ter outra desculpa, mas ela gostou da ideia. Consegui a blusa com o esposo da minha cunhada e a vesti escondido no banheiro da escola. Coloquei a farda por cima e só tirei na sala mesmo - lembra o professor.

Cássio gravou o momentoluva de btque entrou na sala trajado com o manto alvinegro. A euforia da turma foi completa. João Gabriel correu entre as cadeiras, incrédulo com a surpresa.

- Não acreditava que ele ia cumprir a aposta porque ele torce pelo time rival, né? Sabia que ele vinha dar aula, mas não que viria com a camisa do meu time, né? Aí quando ele veio, todo mundo ficou sem acreditar. Eu também. Comecei a pularluva de btalegria, fiquei feliz... Também pela minha nota, porque eu estava com muita nota baixaluva de btmatemática. E eu faria tudo pelo meu time mesmo - afirmou João Gabriel.

- A reação do João Gabriel no vídeo externa muito o sentimento dele. Ao chegarluva de btcasa, ele correu para nos contar e foi muito legal porque o tio Cássio, alémluva de btmotivar, deu a liçãoluva de btque tudo que é prometido deve ser cumprido. Somos apaixonados pelo time, acabamos influenciando os novos alvinegros da família - disse a mãe.

João Gabriel promete se dedicar a manter as boas notas na disciplina do tio Cássio, mas, alémluva de btficar bem na escola, ele tem outro objetivo.

- Vou continuar estudando para a provaluva de btmatemática, para ficar com muitas notas boas e para eu vê-lo com a camisa do meu time e ele se tornar torcedor do Vozão - afirma o estudante.

- Quero parabenizar o professor, que hoje não é tão valorizado, por conseguir esse feito tão bacana. Motivou não só o João Gabriel, fez um bem enorme para a nossa família. Ele ama a escola, principalmente porque tem professores que são capazesluva de btmudar a história do aluno. Fiquei feliz por tudo isso - revelou a mãe Karisia, também alvinegra.

O assunto rendeu tanto na turma que, na prova seguinte, o professor usou informações tanto do Ceará quanto do Fortaleza nas questões.

Se a salaluva de btaula é o campo do tio Cássio Murilo, a maior vitória vem no progressoluva de btcada aluno.

- Quando vi o empenho da família e a dedicação do Gabriel, percebi o quão valioso e gratificante é ser professor. Passamos diariamente por tantos desafios que nos fazem refletir se escolhemos a missão certa... A conquista do foi dele, minha, da família eluva de bttodos aqueles que acreditam que quando escola e família caminham juntas, a criança consegue superar todas as expectativas - finaliza.