Lorrane exalta legadosite blaze apostaDaiane para mulheres negras na ginástica: "Graças a ela, não sofri preconceito"

Bia Souza, Lorrane Oliveira e Daiane dos Santos debatem oportunidades e narrativas negras no esporte durante o Festival Negritudes Globo

Por Redação do ge — São Paulo


Legado. Uma palavrasite blaze apostasó seis letras, mas que resume bem o impactosite blaze apostaDaiane dos Santossite blaze apostamuitas geraçõessite blaze apostaginastas negras que vieram depois da campeã mundial. Nesta quinta-feira, no Festival Negritudes Globo, a ginasta Lorrane Oliveira - medalhistasite blaze apostabronze por equipes nas Olimpíadassite blaze apostaParis 2024 - falou sobre como Daiane abriu as portas e ajudou a atenuar o racismo dentro do esporte.

Daiane dos Santos fala sobre o talento e maturidadesite blaze apostaRebeca Andrade

— A primeira vez que penseisite blaze apostadesistir da ginástica foi pela distância. Eu morava muito longe do Flamengo (que temsite blaze apostasede social na Gávea), então eu acordava às 4h30 e só chegavasite blaze apostacasa às 22h. (O temposite blaze apostadeslocamento) davasite blaze apostatornosite blaze aposta3h. Morava na Baixada Fluminense,site blaze apostaSão Joãosite blaze apostaMeriti. Sempre houve pessoas ao meu redor que fizeram a diferença, puderam me ajudar — afirmou Lorrane, acrescentando:

— Graças à Daiane, que abriu portas para muitas, eu não sofri nenhum tiposite blaze apostapreconceito ou racismo dentro do esporte. O esporte me salvou. Se a Dai não tivesse vindo antes, seria um pouco diferente. Eu tenho exemplossite blaze apostacasa que são os meus irmãos, que passaram (por episódiossite blaze apostapreconceito). Eu, que comecei no esporte, saí um pouco desse mundo. Devo muito ao esporte por isso.

Daiane dos Santos e Lorrane Oliveira no Festival Negritudes Globo — Foto: Reprodução

Em 2003, Daiane tornou-se a primeira atleta do Brasil, entre homens e mulheres, a ser campeã mundialsite blaze apostaginástica artística. Mais que isso, também tornou-se a primeira mulher negra a ser medalhistasite blaze apostaourosite blaze apostaum Mundial da modalidade. Para a ex-ginasta, a glória no solosite blaze apostaAnaheim (EUA) serviu como um reforço à ideiasite blaze apostaque o esporte é um ambiente que pertence, por direito, a pessoas negras.

— A gente tem múltiplos talentos, talvez tivéssemos mais campeãs mundiais e olímpicas se tivéssemos mais oportunidades. É muito bom poder colocar pessoas pretas no lugar que nós merecemos. Poder brindar principalmente as mulheres que vieram antessite blaze apostanós, que abriram essas portas, pavimentando e abrindo esse caminho - como Melânia (Luz) e Aída dos Santos, não temos como falar desse momento sem falar delas, que vieram muito antes sem direito a nada. Se é difícil agora, imagina pra elas? Não tem como a gente desistir — disse Daiane.

Flavia Saraiva, Rebeca Andrade, Lorrane Oliveira, Jade Barbosa e Julia Soares com o bronze por equipessite blaze apostaParis 2024 — Foto: Amanda Perobelli/Reuters

— Acho que a medalha trouxe muito essa visão, não sósite blaze apostaque a ginástica é um espaçosite blaze apostamulheres, pessoas pretas. (...) Quando estamos lá (no pódio), estamos todos lá. Hoje, tenho uma compreensão muito mais clara do que isso significa. Na época, a gente fica muito voltado ao objeto que é a medalha. Mas ela é uma medalha tão pesada. Ela tem o nome escritosite blaze apostacada umsite blaze apostanós,site blaze aposta56% dessa nação, que é subjugada, que não tem oportunidade, que é excluída e agredida, mas que sonha alto e não desiste.

Jordana Araújo fala sobre a representatividade das atletas negras nos Jogos Olímpicos

site blaze aposta Beatriz Souza se queixasite blaze apostafaltasite blaze apostaoportunidades

O Festival Negritudes Globo também teve a participação da campeã olímpica Beatriz Souza, medalhasite blaze apostaouro no judô na categoria +78kgsite blaze apostaParis 2024. Ao falar sobre os obstáculos impostos pelo racismo no esporte, Bia ressaltou um pensamento que por vezes surge emsite blaze apostamente: se fosse branca, ela teria mais oportunidades?

Campeã olímpica Bia Souza fala sobre a vida após a conquista da medalhasite blaze apostaourosite blaze apostaParis

— Meus maiores obstáculos foram oportunidades. Eu, como mulher preta, sinto muito isso, principalmente antes (da conquista) da Olimpíada. Não importa quantos títulos você têm,site blaze apostaquestãosite blaze apostapatrocínios, oportunidades e portas se abrindo, eu posso dizer que sinto muito a questão da cor da minha pele. Às vezes passava pela minha cabeça: "sem títulos, se eu fosse uma mulher branca, será que eu teria mais oportunidades do que eu tenho agora, com todos os títulos que tenho?" Sempre passa isso pela cabeça. Acho que, infelizmente, os pretos sempre têm que ralar o dobro pra conseguir, pra conquistar esse lugar.

Beatriz Souza, chora no pódio com a medalhasite blaze apostaouro no judô nas Olimpíadassite blaze apostaParis — Foto: REUTERS

Beatriz aproveitou o debate para evocar a memória da avó, falecidasite blaze apostajunho, a quem dedicousite blaze apostamedalhasite blaze apostaourosite blaze apostaParis. Bia também integrou o time brasileiro que conquistou o bronze por equipes nas Olimpíadas 2024.

— Eu sempre fui muito apegada à minha avó, minha companheiríssima. Foi um dos pilares da minha vida. Uma mulher guerreira. Meu avô faleceu muito cedo, então ela foi mãe e paisite blaze apostadois filhos excepcionais. Tinha as dificuldades diáriassite blaze apostacolocar comida na mesa, trabalhar, (...) Quando eu a perdi, foi muito difícil, ainda mais por ser um mês antes das Olimpíadas. A gente estava fazendo uma preparação muito forte. Essa perda me abalou muito, mas sempre coloquei na cabeçasite blaze apostaque faria tudo valer a pena. Os momentossite blaze apostaque não estive perto dela, os aniversários que perdi. Eu ia mostrar para ela que ela teria muito orgulhosite blaze apostamim — completou Bia.