Eu tinha dez anos quando descobri o futebol, souroleta americanauma geração que se apaixonou pelo esporte por conta da magiaroleta americanaRonaldinho Gaúcho. Mas como toda criança, a curiosidade me levou a Edson Arantes do Nascimento, o melhor jogadorroleta americanafutebolroleta americanatodos os tempos. Mesmo com pouca idade, algumas coisas aprendemos desde cedo e para uma criança negra algumas coisas são óbvias, por exemplo o seu lugar no mundo e raramente era como “rei”roleta americanaalguma profissão. Mas Pelé foi o primeiro rei parecido comigo que conheci.
É muito difícil mensurar a que ponto a complexidade da figura doroleta americanaPelé foi para a sociedade, o chamado “cidadão do mundo”, transcendeu o esporte. Era difícil ficar um longo período sem ver o jogador da TV, para tudo se pedia a palavra do camisa 10. Com isso, nos acostumamos comroleta americanaimagem quase como um conhecidoroleta americanalonga data. Todo brasileiro, amante ou nãoroleta americanafutebol, tem uma opinião sobre Pelé.
Mas não pense que a vidaroleta americanaum rei negro é fácil, viverroleta americanaum temporoleta americanaque os direitosroleta americanapessoas pretas eram cerceados era complicado. Muita gente comete o erroroleta americanacomparar os problemas do Pelé com os problemasroleta americanahoje, como se tivesse enfrentado a mesma sociedade. Voltando no tempo, Pelé nasceuroleta americana1940, onde a capital do Brasil era o Rioroleta americanaJaneiro, que anos antes dele nascer praticou a reformaroleta americanaPereira Passos,roleta americana1902, que consistia na “modernização” da cidade, destruindo os cortiços onde a maioria da população negra vivia, o resultado foi um século XX marcado pelo crescimento da favelização e pelo abandonoroleta americanapessoas pretas.
O jovem Pelé sempre foi apaixonado pelo futebol do Rio e já afirmou que o Vasco era seu timeroleta americanainfância, então desde cedo ele teve contato com ídolos negros que sofreram com os processosroleta americanasegregação que ocorriam na cidade e no país. Tal fato fez o jogador entender como era complicada a ascensãoroleta americanapessoas negras, e mesmo no topo, essas pessoas não tinham uma certa estabilidade. Pensando nisso, o rei teve a necessidaderoleta americanaseparar o Edson do Pelé, criando um personagem, uma figura mais socialmente aceita.
Pelé: a história do maior atleta do planeta
Mas será que o Edson sempre ficou alheio aos problemas da sociedade? Como explicou o jornalista Paulo César Vasconcelos, no episódio 17 do Ubuntu Esporte Clube, pertoroleta americanasua aposentadoria, Pelé queria encerrarroleta americanacarreira, mas os líderes da ditadura militar o ameaçaramroleta americanamorte, porque queriam que ele fizesse parte da campanha, servisse como garoto-propaganda. O rei se negou e manteveroleta americanadecisão. Anos depois, Pelé também deu declarações fortesroleta americanaque pessoas negras deveriam votarroleta americanapessoas negras.
Mas será que um mundoroleta americanaque o poder estava, e ainda está, na mãoroleta americanapoucas pessoas brancas queria ouvir a opiniãoroleta americanaEdson?
Voltando para o aspecto esportivo, Pelé foi unanimidade, mesmo que existam poucas imagens boas daroleta americanamajestade, a história mantém viva os seus feitos, os títulos, as vitórias e seu legado são inesquecíveis.
Falandoroleta americanahistória,roleta americana1532, Nicolau Maquiavel escreveu o aclamado livro “O Príncipe”, que falava os passos que um monarca precisava para ter sucesso. Se ele fosse da mesma épocaroleta americanaPelé, usaria o craque como exemplo;roleta americanamajestade foi intocável enquanto desfilou pelos gramados. Se hoje sonhoroleta americanaser um jornalistaroleta americanasucesso, foi porque lá trás, um menino humilderoleta americanaTrês Corações-MG, sonhouroleta americanaser rei e conquistou a coroa.