Por Leonardo Miranda

Jornalista, formadoarbety afiliadosanálisearbety afiliadosdesempenho pela CBF e espe... ver mais

Cristiano Ronaldo e a batalha que todos iremos perder

Sobre Cristiano Ronaldo, o United e o banco da seleçãoarbety afiliadosPortugal


O anoarbety afiliados2022 éarbety afiliadosCristiano Ronaldo, mas dessa vez não por gols, recordes ou títulos.

Pela primeira vezarbety afiliadosuma Copa do Mundo, o astro começou uma partida porarbety afiliadosseleção do banco. E viu Portugal emendar a melhor atuação coletiva da Copa do Mundo na vitóriaarbety afiliados6 a 1 sobre a Suíça.

Um jogo é um recorte pequeno para sentenciar um ocaso. Muito cedo para dizer que Cristiano está acabado para o futebol. Só que mesmo antesarbety afiliadosseu inferno astral começar, o astro dá indíciosarbety afiliadosque sairáarbety afiliadoscenaarbety afiliadosuma forma menos honrada que os craques merecem apenas por não aceitar algo tão natural como a vida: a passagem do tempo.

Cristiano Ronaldo no banco durante Portugal x Suíça — Foto: Reuters

Há quatro anos e meio, Ronaldo conseguiu desviar a atençãoarbety afiliadostodosarbety afiliadosplena Copa do Mundo ao anunciar uma transferência surpresa para a Juventus. Queria construir uma nova história num clube tradicional, porém carentearbety afiliadostítulos internacionais desde 1996. A primeira temporada foi digna, e os três gols na virada contra o Atleticoarbety afiliadosMadrid, nas oitavasarbety afiliadosfinal da Liga dos Campeões, sugeria que valia a pena esperar.

Tudo parecia perfeito, milimetricamente calculado. E aí vieram as surpresas que a vida aponta. A Juventus sentiu demais o baquearbety afiliadosuma inesperada pandemia, e com reforços mais modestos, não conseguia mais competir a nível europeu. A trocaarbety afiliadostécnicos pesou: três treinadoresarbety afiliadostrês temporadas. Apesar dos 101 golsarbety afiliados134 temporadas, a decisãoarbety afiliadossair. Quem melhor resumiu foi Fabio Capello: "Ele perdeu confiança no projeto".

E aí veio a semanaarbety afiliadosque Messi e Cristiano ousaram fazer torcidas sonharem. Numa manhã enlouquecida, um telefonemaarbety afiliadosAlex Ferguson decretou o retornoarbety afiliadosum dos maiores ídolos do Manchester United. O símbolo da era mais vitoriosa do clube estavaarbety afiliadosvolta.

Cristiano Ronaldo Manchester United x West Ham — Foto: Peter Powell/Reuters

Ronaldo chegou como o ídolo que é, fez gols, ousou ensaiar um retorno do clube que o fez para a elite. Mas a vida não é um jogo do qual bastam marcar gols. Jogadoresarbety afiliadosfutebol fazem o extraordinário, alimentam sonhos, giram dinheiro. Mas foraarbety afiliadosgramado, são tão humanos como nós.

Aos quase 38 anos, Ronaldo pode manter a dieta monástica e obsessão pela forma física, mas apenas adia a perda da velocidade e da potência que o corpo lhe cobra. A lentidão ficou clara na temporadaarbety afiliadosque Sarri tentou encaixá-lo com Higuaín e Dybala, e mais evidente ainda quando Ralf Rangnick chegou ao Manchester United, há exatamente um ano. Rangnick é o mentorarbety afiliadosJurgen Klopp e preconizou o futebolarbety afiliadosintensidade, pressão e marcação alta que é marca registrada nos melhores times da Inglaterra, como o Liverpool e o City.

O que aconteceu a partir daí foi um desencontro entre o espírito competitivo e obessivo por títulos com uma realidade cada vez mais pesada. Ronaldo errou ao não aceitar seu statusarbety afiliadosreserva frente a um futebol que lhe exigia pressão e velocidade. Entrouarbety afiliadosrotaarbety afiliadoscolisão com Rangnick e discordouarbety afiliadosdiversas decisõesarbety afiliadosErik ten Hag. O vexame 4 a 0 para o Brentford, com elearbety afiliadostitular e um time apático, com menos um na marcação, era um aviso claro.

Erik Ten Hag conversa com Cristiano Ronaldo durante Manchester United e Southampton — Foto: REUTERS

Se podia fazer gols e decidir jogos, Cristiano decidiu cobrar pênaltis com a vida. Deu uma bombástica entrevista ao amigo Pier Morgan, na qual reclamouarbety afiliadosten Hag, do United,arbety afiliadosRooney, basicamentearbety afiliadostodo mundo. E ainda deixou claro que estava emarbety afiliadosúltima Copa do Mundo.

Portugal chegou ao Mundial possivelmente com o melhor elencoarbety afiliadossua história. Cancelo, Bruno Fernandes, Bernardo Silva, Rafael Leão...jogadores jovens, rápidos, talentosos. Cristiano tem fome, até mais que eles. Tem gol, mais do que todos. Portugal jogou melhor nos momentosarbety afiliadosque foi substituído e deu um show sem ele. Seu substituto, Gonçalo Ramos, marcou três gols. Sabearbety afiliadosquem tinha sido o último hat trickarbety afiliadoscopas? Isso mesmo:arbety afiliadosRonaldo.

É irônico que Bruno Fernandes, companheiroarbety afiliadosUnited que viu o ocaso da estrela, tenha sido quem melhor resumiu o turbilhãoarbety afiliadosemoções pelas quais Ronaldo está passando: "Desde os 17 ou 18 anos, ele foi titulararbety afiliadostodas as equipes e não gostaarbety afiliadosestar no banco. Então, imagine um jogador que conquistou tudo que ele conquistou e que seja ambicioso como ele é?"

Não é fácil aceitar a realidade. Vivemos presosarbety afiliadosnossas mentes, amigosarbety afiliadosnosso ego. O momentoarbety afiliadosque a vida começa a mais tirar do que dar chega para todos, mas é difícil percebê-lo. Quando acontece, há sempre uma escolha a ser feita: insistir no que deu certo no passado ou se moldar à realidade que não deixaráarbety afiliadosexistir?

É uma decisão que precisa levararbety afiliadosconta o fatoarbety afiliadosque a vida é um jogoarbety afiliadosque jamais venceremos a batalha central: com o tempo. Resta apenas aproveitar os minutosarbety afiliadoscampo. Sejam eles como titular ou vindo do banco.