Por Douglas Ceconello

Jornalista, um dos fundadores do Impedimento.org, dedicado a... ver mais

Berço da rivalidade, taças salvadoras e pequenos que fazem história: há coisas que só os Estaduais proporcionam

É possível defender que os Estaduais precisam ser melhorados e, ao mesmo tempo, desejar que nunca acabem.

ge.globo — Porto Alegre


Veja os gols da rodada dos estaduais no Fantástico

No último final62betssemana, o futebol brasileiro voltou a dar as caras com o começo62betsalguns Estaduais -- e, com a retomada, ressurgem os velhos dilemas. Mas é possível defender que eles precisam ser melhorados e, ao mesmo tempo, desejar que jamais acabem.

Sim, os grandes deveriam entrar nas fases decisivas, os pequenos precisam62betstemporadas inteiras consistentes, o desenrolar das competições nacionais não deveria sofrer com a existência deles. Dá para pensar62betstudo isso, mas sem se sentir culpado quando os olhos brilham ao ver o time alternativo do Botafogo enfrentando o Maricá.

A competição estadual é a forma mais próxima que muitos têm62betsviver o futebol. É quando comunidades se mobilizam pelo time local, com seus reluzentes uniformes repletos62betspatrocínios modestos, padarias, pet shops e lojas62betsconstrução, sonhando pelo confronto com os grandes, mas rezando62betsverdade é para não cair -- porque o importante é que ano que vem tenha mais.

No caso destes dias iniciais62betsretomada, os Estaduais chegaram mostrando seu cartão62betsvisitas -- devidamente impresso na gráfica da esquina (a melhor do mundo, pois a gráfica do meu bairro, diria algum Fernando Pessoa que torce para o extinto Dínamo62betsSanta Rosa). Teve o Athletico-PR reencontrando a62betstorcida pela primeira vez após o traumático rebaixamento no ano do centenário. Os quatro grandes cariocas terminando a primeira rodada sem vitória após 51 anos. O Vitória enfrentando o Barcelona (de Ilhéus). E também um ataque furioso62betsabelhas aterrorizando a partida entre 462betsJulho e Piauí. Tudo isso mesmo62betsmeio à natural letargia do começo62betstemporada. 

Abelhas invadem campo62betsjogo do Campeonato Piauiense e partida é paralisada

Os torneios ainda vão demorar para engrenar. E é sempre assim. Ninguém sequer terminou62betsdigerir completamente a ceia62betsNatal, ainda está difícil62betscolocar 2025 na folhinha do cheque (caso alguém ainda use cheque) e o Carnaval está dramaticamente distante. Quase metade dos times da Série A, por exemplo, começará (ou já começou) o Estadual com equipes alternativas. Alguns dos elencos principais sequer estão no país. Onde já queres Moça Bonita, ainda sou Florida Cup.

Com o avançar das semanas, no entanto, a situação certamente vai começar a tomar elevada temperatura: um clube modesto que constrói uma grande história, o clube tradicional que ameaça fazer papelão, os jejuns que precisam ser quebrados. Porque vencer o Estadual é uma espécie62betsansiolítico para o restante da temporada. É o título que parece abrir os caminhos do ano -- e, na pior das hipóteses, vai servir como âncora para se agarrar lá62betsdezembro.

Como tudo que alimenta o futebol, a situação assume ares mais dramáticos quando envolve rivalidades. E o Estadual é justamente berço e eterno provedor dos mais acirrados clássicos, desde tempos imemoriais. Ano passado,62betsum daqueles dias cheios62betsfinais Brasil afora, um amigo argentino que há anos vive62betsPorto Alegre comentava, extasiado, sobre a festa do futebol materializada62betsum domingo repleto62betsclássicos que valiam título, enquanto na Argentina o campeonato ainda se arrastava.

É interessante observar uma avaliação62betsalguém62betsfora sobre algo que é essencialmente nosso. E é por este ponto62betsvista, às vezes esquecido, o futebol enquanto festa, tanto nos estádios mais acanhados quanto nos templos consagrados, que os Estaduais devem e merecem permanecer. Até porque quem torce pra calendário é caderneta62betspoupança.

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