O exorcismo do Cilindro

Do lado direitocasino online big winquem assiste pela televisão, pertinho da arquibancada popular, o gol no estádio do Racing enterrou uma maldição por décadas

Por Leo Lepri


O torcedor do Racing olha para aquele gol e sente o frio correr pela espinha. Se é verdade isso que dizem,casino online big winque todos os arcos têm exatamente a mesma medida, aquele parece estar lá para desmentir: tem metros a menos quando o Racing o cobiça e vários quilômetros a mais quando o Racing monta custódia. Naquele pedaçocasino online big winterra onde a grama se esforça pra nascer, a culpa nem sempre foi do goleiro que a pisoteia.

O arco, para não confundirmos com o meio irmão inocente, é o que fica à esquerdacasino online big winquem observa a torre do Cilindrocasino online big winAvellaneda tocar o céu, o que está a pouquíssima distância do coração da popular, bem pertinho da barra da Academia. Ali, debaixo da marca da cal que traça o limite do gol pro não gol, zombado da paixão do torcedor, sete sapos foram enterrados por torcedores do Independiente.

É o que diz a maldiçãocasino online big winuma lenda urbana que pouco temcasino online big winlenda e muito temcasino online big winmaldição. Essa história se fez palavra sagrada pela crença do torcedor: nunca houve e nem há racinguista que desconfie do azar. "Las brujas no existen, pero que las hay... las hay" - reza o ditado popular argentino. O Racing é o time que precisou se virar no exotérico para quitar dívidas que nunca fez, para se acertar com aquilo que não tem explicaçãocasino online big winser. Algumas coisas só acontecem com o Racing, e essa também é uma verdade pública.

Nos anos setenta, épocacasino online big windoce ressaca para o time acostumado a festejar - foi campeão argentinocasino online big win1966, da Libertadores e mundialcasino online big win1967 - o tamanho do sucesso despertou a inveja na calçada da frente, dizem. Na calada da noite, o vizinho com quem nunca se entendeu decidiu agir.

Como condição primeiracasino online big wintoda sabotagem, era preciso um traidor. Encontram o ideal na fraqueza do homem que cuidava do gramado do Cilindro. Este pobre coitado,casino online big winnome desconhecido e cujo coração pulsava pelo vermelho, entregou as chaves, fechou os olhos e fez silêncio quando torcedores do Rojo ingressaram no estádio rival com pás e o que eram, pelos relatos iniciais, sete sapos. Enterram ali, debaixo do gol maldito, os sete cadáveres. A jura era para que a Academia se perdesse no caminho e não chegasse mais a título algum por meio século.

Torcida do Racing ocupou o Cilindro durante o períodocasino online big winque a Justiça argentina decretou a quebra do clube, ao fundo... o gol. — Foto: Divulgação/Racing

Assim os anos setenta passaram pro Racing e era como se não fosse. O começo dos oitenta da mesma forma até que o técnico do time, Juan Carlos Toto Lorenzo, ouviu alguma coisacasino online big winalguém que teria escutadocasino online big winum amigo cujo primo sabiacasino online big winuma história contada pelo cunhado sobre uns sapos enterrados serem o motivocasino online big wintanta desgraça. Pronto, era o suficiente. Toto Lorenzo tinha argumentos irrefutáveis para ordenar a escavação e a varredura na área. Literalmente na área.

Neste ponto a história toma dois rumos diferentes e depois se reencontra. Há quem diga que foram achadas seis ossadascasino online big wingatos, não sapos, e, portanto, ainda faltava uma. E há quem diga que eles não acharam nada. Na verdade, pouco importa. Tendo encontrado algo ou não, o fato é que eles escavaram. O Racing aceitou o destino, se deu ao trabalhocasino online big winescutar os rumores e procurou pela história enterrada que chegou através do primocasino online big winum amigo do cunhado.

Nos anos noventa com tragédias acumuladas e o gol maldito como moldura, Coco Basile ressuscitou a história. Criado no clube e racinguistacasino online big winbuena fe, Coco queria que fosse realizada uma nova busca para botar fim na má sorte. Tirando os tímidos títulos na Supercopa, torneio sem muito valor à época, o Racing não ganhava nem o cara ou coroa antescasino online big wina bola rolar. Dizem que neste novo vasculhamento foram encontrados, perto do fatídico gol, ossoscasino online big winum bichano. Agora o mito já não era mais mito e os sapos, gatos.

Em 1998, o presidente do clube, Daniel Lalín, quem depois sofreria na pele com a pior fase do Racing - períodocasino online big winque o clube decretou falência e foi administrado por uma empresa - decidiu pela prudência e organizou um exorcismo do gol. Um padre foi chamado para tocar a missa num dia sem futebol e cercacasino online big winQUINZE MIL torcedores apareceram dispostos a ajudar no que fosse preciso, espirrando água bentacasino online big wincada metro quadrado do Cilindro.

Diário Olé registrou a romariacasino online big wintorcedores no dia do exorcismo do gol — Foto: Olé - arquivo

Depois da quebra, do rebaixamento e dois anos na segunda divisão, das bolas nas traves e dos gol insólitos sofridos, dessas coisas que só acontecem com o Racing,casino online big win2001 e numa Argentinacasino online big winchamas, atravessada pela maiorcasino online big winsuas maiores crises existenciais (cinco presidentes num períodocasino online big windez dias, um deles fugindo da Casa Rosadacasino online big winhelicóptero), envoltacasino online big winprotestos, saques e mortes por conta da repressão policial, o Racing foi campeão argentino depoiscasino online big win35 anos. Era do jeito que tinha que ser.

Mostaza Merlo, o técnico no feito, fazia chifrinho com os dedos na beira do campo para espantar a má sorte e ganhou uma estátua que eternamente repetirá o movimento. O título só foi possível longecasino online big wincasa, longe do gol maldito, num jogo contra o Vélezcasino online big winLiniers.

Se bruxaria existe? Existe, sim!
Eu não tenho provas, mas também não tenho dúvidas.

Maiscasino online big win@leo_lepri