Nesta temporada o Coritiba, acumula insucessos: eliminado na primeira fase do Campeonato Paranaense pela primeira vezbet 1333 anos, eliminado da Copa do Brasil e meio da tabela na Série B. O diretor executivo José Carlos Brunoro perdeu o emprego.
Os problemas são constrangedores para Renato Follador, atual presidente. Apesarbet 13ter acabadobet 13começarbet 13gestão ebet 13ter assumido como oposicionista, o dirigente dizia, na época da eleição, que conduzir o clube era "mais fácil do que administrar uma padaria".
A crise generalizada instalada no Couto Pereira, logicamente, não tem apenas a impressão digital do mandatário que acababet 13chegar ao poder – por mais que as decisões dele neste primeiro semestre, sobretudo no departamentobet 13futebol, sejam parte da explicação.
O Coritiba deixado para trás por Samir Namur, após três anosbet 13mandato do ex-presidente, tem problemas graves a lidar na parte financeira. Neste texto, com base no balanço alviverde, o torcedor poderá ter uma ideia do que tem puxado o clube para baixo.
A comparação entre faturamento (tudo o que foi arrecadado na temporada) e endividamento (o que havia para pagar no términobet 13cada ano) ilustra a piora das contas do Coritiba. Nos últimos cinco anos, não houve nenhum sinalbet 13alívio. Muito pelo contrário.
Desde que o clube perdeu a "proteção" nos direitosbet 13transmissão – explicaremos a situação a seguir –, as receitas começaram a oscilar junto com a divisão. Elas estavam baixas na Série Bbet 132019, aumentaram com o acessobet 132020, voltarão a cair muitobet 132021.
Enquanto isso, as dívidas sobem sem parar. Ainda não chegaram a um patamar desesperador, tão ruim quantobet 13clubesbet 13estados falimentares, mas estão altas suficientes para atrapalhar a administração no cotidiano e ameaçar abet 13competitividade no cenário nacional.
Nos contratosbet 13direitosbet 13transmissão que valeram entre 2012 e 2018, negociados individualmente com a Globo, o Coritiba fazia partebet 13um grupo que tinha o seu pagamento fixo e garantido – independentementebet 13qual fosse abet 13divisão. Na Série B, faturava muito acimabet 13rivais.
A partirbet 132019, um novo modelo foi adotado para a distribuição do dinheiro. A negociação continuou individual, mas a divisão passou a obedecer a critérios pré-estabelecidos e variáveis. Quem cai para a segunda divisão não mantém a cota da primeira. Não há mais proteção.
Neste novo contexto, sem paraquedas, o Coritiba se esborrachou. A arrecadação com televisão foi baixa mesmo na primeira divisão e ficará ainda menor na Série B,bet 132021. Portanto, a faltabet 13dinheiro se explicabet 13partes pela mudança na estrutura do futebol como um todo.
Nota técnica: o clube une "bilheterias" e "competições" (premiações),bet 13maneira incomum,bet 13vezbet 13colocar premiações na transmissão
Na área comercial ebet 13marketing, a associação tem um valor insuficiente. Não muito abaixo do que se acostumou a arrecadar, por volta dos R$ 12 milhões por ano. No entanto, menos da metade do que o Athletico-PR consegue fazer na mesma cidade, com similaridades.
Entre sócios, a contribuição para o faturamento caiu. E não dá para culpar a pandemia. Os cercabet 13R$ 10 milhões que associados colocam nos cofres representam a metade do que o próprio Coritiba arrecadavabet 132017 para trás. Essa receita levou um tropeço a partirbet 132018.
As bilheterias provavelmente zeraram, naturalmente, aí sim por causa do coronavírus e dos estádios fechados para o público. Quanto? Não dá para saber. A diretoria mistura vendabet 13ingressos e premiaçõesbet 13campeonatos na mesma linha do balanço e impede a compreensão.
A boa notícia está nas transferênciasbet 13atletas, uma linha que o Coritiba não tem o costumebet 13ir muito bem. Em 2020, principalmente por causa da saídabet 13Yan Couto para o Manchester City, o clube chegou a R$ 43 milhões arrecadados e compensou parte dos problemas. Mas não todos.
Em todos os textos sobre as finanças, o blog faz a comparação entre orçamento e balanço. A ideia é colocarbet 13paralelo as projeções feitas pelos dirigentes e os resultados obtidos por eles depoisbet 13um ano. Neste caso, não será possível. O clube não publica orçamento.
Com as contas no vermelho, o Coritiba elevou rapidamente seu nívelbet 13endividamento nos últimos anos, sob a direção do então presidente Samir Namur. O que é mais grave: o perfil dessas dívidas também ficou mais difícilbet 13lidarbet 13relação ao vencimento delas.
Nos últimos dois anos, compromissos a pagar no curto prazo (em menosbet 13um ano) dobrarambet 13relação ao patamar que vinha sendo praticado. De maneira prática, a agremiação entroubet 132021 com a necessidadebet 13desembolsar R$ 92 milhões para honrar as pendências.
Fica muito fácil notar a gravidade da situação com um cálculobet 13padeiro – com desculpas antecipadas aos padeiros, só para seguir com a comparação feita por Renato Follador. Como o clube conseguiria arcar com essa dívidabet 13curto prazo, se a receita não chegará à metade disso na Série B? Isso alémbet 13todas as despesas operacionais. Pois é, não dá.
Entre dívidas bancárias, existem R$ 26 milhões a pagar à Pro Tork por um financiamento para a construçãobet 13um setor do estádio. Essa obra foi finalizadabet 132014 e inicialmente custaria pouco menos que R$ 17 milhões. Juros sobre juros, essa dívida não parabet 13aumentar.
Instituições financeiras não têm nenhum centavo emprestado ao Coritiba. Um certo alívio. No entanto, "terceiros" têm R$ 8,5 milhões pendurados no clube. São empréstimos feitos por pessoas físicas. Quem? O balanço financeiro não detalha seus nomes, embora devesse.
A maior parte do endividamento do Coritiba é fiscal, ou seja, corresponde a impostos não pagos no passado que foram reparceladosbet 13programas do governo federal. O Profut é um deles. Em teoria, essa dívida não preocupa desde que as parcelas sejam pagasbet 13dia.
Na questão trabalhista, ao menos, houve um avanço. A diretoria conseguiu a adesão ao Ato Trabalhista. O mecanismo funciona como uma fila para ex-jogadores e ex-funcionários: o clube vai pagando parcelas que cabem no bolso; eles vão recebendo, um por vez.
O Coritiba não é um clube que investe muito na comprabet 13direitos federativosbet 13jogadores – classificada no gráfico abaixobet 13"outros", juntobet 13fornecedores e outras dívidas menores.
Na verdade, o problema é o somatório. As mensalidades do Profut, as parcelas do Ato Trabalhista, os empréstimosbet 13pessoas físicas e o financiamento Pro Tork: tudo ao mesmo tempo complica a vida.
O Coritiba tem ações judiciais (cíveis e trabalhistas) movidas contra elebet 13andamento. Em cada balanço, a diretoria determina a probabilidadebet 13perda nesses processos segundo as nomenclaturas:
- "Provável"
- "Possível"
Apenas os valoresbet 13perdas "prováveis" são inseridos no passivo e consequentemente no endividamento demonstrado nos gráficos anteriores. Além deles, o Coritiba possui R$ 19 milhõesbet 13processosbet 13que seu departamento jurídico considera a derrota apenas "possível". Isso significa que o endividamento pode ficar maior.
Renato Follador, o novo presidente, tinha razão nas várias vezesbet 13que, durante a campanha eleitoral, apontou caminhos para o Coritiba. Gastar menos do que arrecada, honrar compromissos para reduzir dívidas, buscar a eficiência na alocação dos discursos.
Na teoria, a solução não foge disso. Na prática, a administraçãobet 13um clubebet 13futebol é um tanto mais complicada do que abet 13uma padaria. Principalmente porque nenhum cliente protesta contra a direção se ela estiver mandando mal nos pães. Ele só parabet 13comprar lá.
Os fracassos esportivos recentes dificultam muito a recuperação financeira. As premiações da Copa do Brasil eram mais do que bem-vindas para reforçar o caixa. A péssima campanha no estadual causou um estremecimento enorme na direção do clube. E subir é necessário.
A vida do Coritiba fica especialmente difícil quando, no vizinho, os negócios vão muito bem. O Athletico-PR não só ganhou Copa do Brasil há pouco tempo e tem infraestrutura impressionante, ainda gozabet 13excelente saúde financeira e R$ 130 milhõesbet 13caixa.
Alémbet 13todos esses pontosbet 13vista, há talvez o mais importante deles, que aponta para o longo prazo. O Coritiba é um clube que, apesarbet 13campeão brasileiro, tem se deixado apequenar com o passar dos anos. Arrecada menos, deve mais. Abet 13competitividadebet 13alto nível foi comprometida. A reestruturação precisa acontecer. Ebet 13pressa.
PS.: Escrevi um livro sobre o futebol brasileiro, "O futebol como ele é", para contar como o dinheiro e a política interferem no que acontecebet 13campo. Ele está à venda na loja da Grande Área (é só clicar no link).