Por Carlos Eduardo Mansur

Jornalista. No futebol, beleza é fundamental

Um norte para Flamengo e Gabigol

O atacante não foi protagonista, foi figura discreta, tantobullsbet sinaissuas aparições quanto nas reações da arquibancada


Gabigol marca presença no gramado do Maracanã antesbullsbet sinaisFlamengo x Atlético-MG; veja

Num Maracanã cheio, palcobullsbet sinaismais uma boa atuação do Flamengobullsbet sinaisFilipe Luis, o temorbullsbet sinaisum jogo sequestrado pela guerrabullsbet sinaisnarrativas e açõesbullsbet sinaiscomunicaçãobullsbet sinaisque se transformou o caso Gabigol pareceu sem sentido. O atacante não foi protagonista, foi figura discreta, tantobullsbet sinaissuas aparições quanto nas reações da arquibancada. Ainda que, naturalmente, houvesse bandeiras e cartazes dedicados ao ídolo.

Quando o afastou a seis jogos do fim da temporada, o Flamengo ameaçou transformar o atacante no personagembullsbet sinaisum jogo que era uma celebração pelo título da Copa do Brasil. Gabigol respondeu com a promessabullsbet sinaisque iria para a arquibancada, disposto a esfregarbullsbet sinaispopularidade na cara da sociedade e escancarar um “nós contra eles”:bullsbet sinaisum lado o jogador e a torcida, do outro a diretoria. Num jogobullsbet sinaisxadrez que já dura maisbullsbet sinaisum ano,bullsbet sinaisque cada um dos lados cometeu seus erros, um meio termo mais racional já parece possível: Gabigol não foi para a Norte, como prometeu; e já parece viável que ganhe um jogobullsbet sinaisdespedida. Seria um encerramentobullsbet sinaisciclo mais condizente com o peso histórico do jogador.

A esta altura, cada movimentobullsbet sinaisGabigol parece ter uma cargabullsbet sinaissimbolismos cuidadosamente pensados. Antes do jogo, apareceu à beira do campo, com uma camisa retrô do início dos anos 80. Às costas, o número 10, que foi retirado dele quando se deixou fotografar vestidobullsbet sinaisCorinthians. Depois, foi para um camarote. Nada da comoção que se imaginou. Tampouco vê-lo no campo remetia ao jogador apartado do ambiente, como sugeria a nota do Flamengo.

Gabigol com a camisa 10 do Flamengo no Maracanã, antes do jogo contra o Atlético-MG — Foto: Rodrigo Cerqueira

Os arranhões no fim da convivência entre atacante e clube refletem erros na gestão do processo. Ao acordar um contrato com o jogador no ano passado e desfazer o negóciobullsbet sinaisseguida, o Flamengo abriu uma ferida que pareceu nunca se fechar. Conduzir um jogador que atingiu tamanho status impõe muito cuidado. Para algumas gerações, trata-se do segundo maior ídolo da história do clube. Não é pouca coisa.

Mas tampouco é justo que Gabigol tente emplacar a narrativabullsbet sinaisque foi apenas uma vítimabullsbet sinaisinjustiças e incompreensões. Nas duas últimas temporadas, deu muito menos ao Flamengo do que se deveria esperarbullsbet sinaisalguém que imagina merecer um novo contrato com duração e valores tão altos quanto pretendia. Foram anos marcados por atuações ruins, forma física nem sempre mantida, punição por descumprir protocolosbullsbet sinaisantidoping, foto com a camisa do Corinthians e, por último, desacato ao treinador que lhe oferecera oportunidades na reta final da passagem no clube. E pior, tentou sequestrar o protagonismo no diabullsbet sinaisque o clube ganhou seu título mais importante do ano. Ele decidiu que, numa noitebullsbet sinaisque deveriam apenas celebrar, torcedores deveriam ficar sabendo que o ídolo estavabullsbet sinaissaída.

Por outro lado, os relatosbullsbet sinaisum jogadorbullsbet sinaishumor variável,bullsbet sinaisadministração complexa, ego por vezes inflado e convivência difícil acompanharam Gabigol nos seis anosbullsbet sinaisFlamengo. Não deixoubullsbet sinaissurpreender que apenas a seis jogos do fim destas longas temporadas, o copo tenha transbordado. Ainda que só quem vive o clube possa medir com precisão a inviabilidade da convivência.

É possível especular que pesou o desgaste das relações, é possível achar que a diretoria se sentiu desafiada, ou até que temeu ver Gabigol marcando gols às vésperasbullsbet sinaisuma eleição. O fato é que o afastamento tocava num ponto que qualquer dirigente precisa pesar: o zelo pela forma como uma história será contada daqui a alguns anos.

Se é verdade que há alguns meses parecia claro que o destinobullsbet sinaisGabigol e Flamengo era a separação, também é verdade que o fim do ciclo significaria o rompimento entre o clube e um dos seus nomes mais importantes nos 129 anosbullsbet sinaishistória rubro-negra. Mais do quebullsbet sinaiscontagembullsbet sinaistítulos estaduais, nacionais e continentais, que o coloca junto a Zico e Júnior, Gabigol é o rosto da segunda era mais vitoriosa que o Flamengo já viveu. É o homem dos gols decisivos. Se no início dos anos 80 existiu o “Flamengo do Zico”, para tantos torcedores os títulos recentes foram ganhos pelo “Flamengo do Gabigol”. Cuidar para que, no futuro, esta história seja contada com um desfecho bonito deveria ser responsabilidade das duas partes. Se foi possível administrar Gabigol por seis anos, não pode ser difícil lidar com ele por mais um mês.

Em futebol, laços afetivos importam. Restam ao Flamengo dois jogos no Maracanã até o fim deste 2024. Fazer com que um deles seja uma celebração deste pedaço da história do clube não é, necessariamente, oferecer algo a Gabigol ou ceder a seu egocentrismo. É até cabível debater se ele tem sido justo com o clube, que também lhe deu tanta coisa nesses anos. Mas trata-sebullsbet sinaisoferecer à arquibancada a chancebullsbet sinaisse despedir,bullsbet sinaisfestejar seu ídolo,bullsbet sinaisproduzir uma última memória com um personagem por quem ela se apaixonou. Trata-sebullsbet sinaispolir a forma como esta relação será contada no futuro, como um capítulo da história rubro-negra será lembrado. É bom para todos que o desfecho combine com as jornadas mais felizes que clube e jogador viveram juntos.