Por Jessica Cescon

Jornalista que aprendeu com o pai a amar o futebol

A Seleção que nada cria, tudo copia

Em mais um jogojetoncash casinomuita pressa e pouca genialidade, se faz oportuno o debate: vale a pena reproduzir conceitosjetoncash casinoum jogo que não promove o talento brasileiro?


Brasil 1 x 1 Uruguai | Melhores momentos | 12ª rodada | Eliminatórias para a Copa do Mundo

A Seleção não convenceu no empate contra o Uruguai. O time começou bem a partida, controlando os uruguaios no seu campojetoncash casinodefesa, mas conforme o jogo foi se desenrolando, as limitações ficaram mais nítidas. Repetindo ideias do jogo contra a Venezuela, deu pra entender o padrão ofensivo que Dorival pretende: muita ataque nas costas da zaga adversária. É um jogo bem vertical e veloz, interessante por certo aspecto, mas mal executado e por vezes exagerado. Foi um Brasil que abusoujetoncash casinoatacantes fazendo facão, com poucos jogadores capazesjetoncash casinopensar a jogada e dar o passejetoncash casinoprofundidade com qualidade.

selecao — Foto: NELSON ALMEIDA / AFP

A pressa é enorme e o esforço dos jogadores é gigante para se chegar ao gol, mas quando se analisa a tomadajetoncash casinodecisão nas ações da partida se percebe um jogo raso e burrojetoncash casinoalguns momentos. É impossível não sentir a ausênciajetoncash casinoum jogador capazjetoncash casinoconcentrar a habilidade do passe improvável e a inteligência para acelerar ou cadenciar o jogo conforme necessário. É o tal do jogador genial, que tem muita técnica e uma leitura apurada da partida, conferindo-lhe a lucidez para ditar o ritmo do jogo. Mas aonde se encaixaria esse jogador no modelojetoncash casinohoje? A cópia e reproduçãojetoncash casinoconceitos táticos que nada favorecem o talento brasileiro não dão espaço para o verdadeiro camisa 10 reaparecer. E pra mim é isso que afasta a Seleção do brilho que o torcedor espera.

Mas a crisejetoncash casinoidentidade da Seleção Brasileira vemjetoncash casinobastante tempo. O fracasso nas Copasjetoncash casino2010 e especialmentejetoncash casino2014 escancararam o atraso no entendimento tático e físico do jogo brasileirojetoncash casinocomparação com as seleções europeias. O futebol se tornou muito mais especializado na última década e os europeus entenderam bem antesjetoncash casinonós que a velocidade na execução das ações do jogo, na maioria das vezes, prevaleceria ao talento sem intensidade. Os jogos foram gradativamente se tornando mais rápidos e recentemente, mais verticais. O aspecto físico se tornou indispensável para competir - e o futebol não vai retroceder neste quesito.

Na verdade, poucos são os países que conseguem revelar gênios dignosjetoncash casinovestir a 10 (pensando numa épocajetoncash casinoque o 10 era genial). Não é por acaso que o modelo tático mais reproduzido no mundo não dá espaço pra esse camisa 10, criador, atuar. Tenho minha convicçãojetoncash casinoque ele foi criado justamente por quem não dispunhajetoncash casinojogadores assim.

O Brasil era celeirojetoncash casinocamisas 10. A partir do momentojetoncash casinoque o mercado europeu passou a valorizar os pontas, as categoriasjetoncash casinobase ceifaram os meias dos seus times. Se o menino tem talento, vira ponta, e com sorte, vai render centenasjetoncash casinomilhões… é tudo o que importa.

Daí vem um efeito cascata. A Seleção Brasileira está carentejetoncash casinocraques porque o futebol brasileiro aceitou se resumir a servir um jogo que não é nosso e que desvaloriza as características do futebol popular, do nosso craque que vinha das ruas. Ao mesmo tempo, os clubes aderiram ao modelo tático europeu porque o brasileiro esteve parado no tempo. Ou seja, o princípio do problema da Seleção é a ideiajetoncash casinojogo.

Na faltajetoncash casinouma escola verdadeiramente brasileira, oujetoncash casinoum treinador transcendental, a Seleção usurpa identidades alheias para conseguir, pelo menos, competir. Viveu isso com todos os treinadores que assumiram a Seleção desde 2014, sendo Fernando Diniz a única exceção, comjetoncash casinoideia autoral - e que pode ser mais explorada, ou ainda, lapidada, por melhor dizer.

É urgente que o Brasil desenvolvajetoncash casinoprópria escolajetoncash casinojogo. Que ela seja discutida, debatida, implementada. Por certo, não será unânime, mas ela deve priorizar o desenvolvimento e a valorização do jogador criativo e pensador, levandojetoncash casinoconsideração a agilidade a disciplina tática que o jogojetoncash casinohoje requer.

Brasil x Uruguai Vini Jr. — Foto: REUTERS/Adriano Machado

O “país do futebol” deveria ser o oráculo das ideiasjetoncash casinojogo. No entanto, a realidade traz uma nova geraçãojetoncash casinotreinadores que embora competentes, embasam seu jogojetoncash casinoconceitos estrangeiros e pouco agregamjetoncash casinoinovação.

O que estou propondo não é simples. Promover o retorno daquele jogador genial, cerebral e habilidoso exigiria uma adaptação do atleta à velocidade do futebol atual. O jogo evoluiu e não vai voltar atrás: a agilidade e a capacidade física vão ser cada vez mais aprimoradas. E é justamente aí que surge o grande problema a ser solucionado pelo visionário que ousar desenhar uma forma brasileirajetoncash casinojogo moderno: como servir a um futebol intenso ao mesmo tempo que a genialidade brasileira historicamente é muito mais cerebral que física?

Se possível for, a escola brasileira revolucionaria o futebol mundial e devolveria ao nosso país aquele jogo encantador do qual o torcedor tanta sente falta. Mas a tarefa é árdua e ousada. O plano passa por desenvolver e estabelecer um modelojetoncash casinojogo brasileiro atualizado, testar a aplicabilidade dele, convencer os clubes a incentivá-los nas categoriasjetoncash casinobase e formar treinadores que se convençam da ideia. Nada fácil. Exige trabalho. Enquanto isso, ficamos a torcer para que tudo volte a funcionar na Seleção como passejetoncash casinomágica.