Ex-treinadorgoleiros relembra início da carreiraWeverton no Acre e elogia: "Sempre foi líder"

Jean Sacramento, que atualmente é servidor público, conta detalhes do início da carreira do goleiro no Juventus-AC, entre 2004 e 2006, e exalta posturaWeverton dentro e foracampo

Por Kelton Pinho e Gustavo Almeida* — Rio Branco, AC


Às vésperas da estreia da Seleção Brasileira na Copa do Mundo do Catar, o ex-treinadorgoleiros Jean Sacramento, relembrou detalhes do início da carreira do goleiro Weverton, do Palmeiras, na base do Juventus-AC2004.

Jean Sacramento ao lado do goleiro Weverton, do Palmeiras — Foto: Arquivo pessoal/Jean Sacramento

Weverton atuava como atacante na Escolinha Recriança quando foi descoberto pelo técnico Illimani Suares. Jean Sacramento, que era auxiliar técnicoIllimani Suares, virou treinadorgoleiros na época e acompanhouperto os primeiros passos do goleiro.

Jean Sacramento conta que no início Weverton mostrou certa resistênciavirar goleiro e chegou a faltar os treinamentos. O ex-treinadorgoleiros lembra que algumas vezes foi buscar Wevertoncasa junto com Illimani Soares e o roupeiro do clube.

– Eu, Illimani e o Tita (roupeiro do clube) íamos buscar o Weverton dentrocasa para treinar. O menino como não gostava da posiçãogoleiro, faltava os treinos com a justificativaque "não é a minha praia", mas mesmo assim nós insistimos no garoto porque víamos que ele era diferente – disse.

Weverton, aos 16 anos, quando defendia o Juventus-AC — Foto: Manoel Façanha/Arquivo Pessoal

O inícioWeverton na base do Juventus-AC não foi fácil. Apesar da confiança do técnico Illimani Suares e do ex-treinadorgoleiros, que viamWeverton o potencialse tornar um goleiroponta, nem todos tinham as mesmas expectativas, inclusive alguns companheirostime.

– Alguns atletas quando viam a gente treinando na chuva riam da nossa cara e pediam pra sairmos dali já que não chegaríamos tão longe. Ele sempre foi um meninoouro e a gente treinava depoistodo mundo só eu e ele até escurecer. Nós vimos potencial nele por conta daestatura acima da média. No final dos treinos todo mundo ia embora e ficávamos lá eu, Tita e Illimani conversando com ele sobre a vida e dando conselhos – destaca Jean Sacramento.

Ele nunca foi um menino que desrespeitava, sempre foi líder e se postava como um cara com hombridade dentro e foracampo.
— Jean Sacramento, ex-treinadorgoleiros do Juventus-AC

Após participação na Copa São PauloFutebol Júnior2006, Weverton ganhou oportunidade na base do Corinthians. O goleiro passou pelo Oeste, Botafogo-SP e América-RN, Portuguesa e Athletico anteschegar no Palmeiras2018.

Pelo Palmeiras, Weverton foi bicampeão da Libertadores (2020 e 2021), campeão da Recopa Sul-Americana (2022), campeão da Copa do Brasil (2020), bicampeão Paulista (2020 e 2022), alémassegurar os títulos do Brasileirão (2018 e 2022).

O goleiro também foi destaque na conquista do ouro olímpico inédito com a seleção brasileira2016, com direito a defesapênalti na decisão contra a Alemanha. Pelo Athletico, Weverton foi campeão paranaense2016.

Veja mais declarações do ex-treinadorgoleiros

Ponte com empresário

– Foi uma história curiosa. Na época do Orkut, o Weverton ainda estava com passe preso ao Corinthians. O Corinthians tinha emprestado ele para o AméricaNatal, e por acaso eu conheci o doutor Roberto (empresário). Ele tinha mandado dois jogadores para o Juventus, eu já no Juventus como diretor e treinador, ele me mandou dois jogadores da base que tinham jogador com Diego e com Neymar. Falei que conhecia o goleiro Weverton (...) e ele disse pra ver a situação dele. Entreicontato com Weverton pelo Orkut e conversei com ele, perguntei como tava a vida dele, como tava o lado empresarial dele, e naquele momento o Weverton não tava passando legal. Tinha um grupo que cuidava dele e o vínculo com Corinthians tava acabando. Ele tava chateado com AméricaNatal porque tavam prendendo ele e não estavam pagandodias. Ele tava até triste e falou pra mim que tava pensandodesistir do futebol porque era muito picareta na área. Ele me deu essa liberação para conversar com Roberto. No mesmo dia que conversei com o Roberto, o Weverton tava desembarcandoRio Branco e o Roberto já mandou um procurador dele no Acre e que por coincidência era aquele jogador Emerson, que passou pela Seleção Brasileira, pela Portuguesa e pelo São Paulo. Dali pra frente o doutor Roberto falou pra mim que a partir do momento que ele assinasse um contrato com ele, ele iria para um clubeverdade e ele ia vestir a camisa da Seleção Brasileira. Foi uma briga pra assinar esse contrato e o Weverton assinou. Uma semana depois o Weverton embarcou para o Rio, aonde era pra mim ter ido para assinar o contrato com doutor Roberto e não fui, foi ele (Weverton) e o irmão dele, eu não acompanhei porque tava trabalhando. Dali foi um sucesso. Tinha o Flamengo, o Vasco, o próprio Palmeiras que tava muito feio na fita no Brasil, era um time muito fraco, a Ponte Preta e o Cruzeiro queriam o Weverton. "Doutor Roberto, pelo amorDeus, pra onde o Weverton vai?". Ele fala: "Calma, calma, que meu jogador eu sei lapidar. Ele vai para um clube que vai ser o maior do Brasil". Para nossa surpresa foi a ida do Weverton para o Atlético Paranaense. O Atlético Paranaense passou a ser o primeiro clube-empresa.

Expectativa pra Copa do Mundo

– Graças a Deus hoje ele está aí na Seleção e pode ter certeza, se Deus quiser, ele vai ser campeão do mundo. Não só por ser mais um acreano, mas sim porque diferentemuitos ele se dedicou muito e, com certeza, desejo somente que ele continue concentrado pra essa Copa e que cada vez mais possa crescer na carreira.

Reconhecimento

– As vezes não sou reconhecido. A imprensaRio Branco ela é muito diferente das outras. Ela só ver uma pessoa, ela não ver o grupo. A imprensa do Acre quando for falar do Weverton não fale só Illimani porque o Weverton teve uma vida no esporte acreano, até me emociono, junto com lavandeiraroupas do Juventus, com o faxineiro, com roupeiros, com treinador, com auxiliar técnico, preparador físico e preparadorgoleiros e com os atletas, tanto do profissional como do mirim, que presenciaram a trajetória dele.

Estagiário sob supervisãoKelton Pinho*