Chato vencedor, Rafinha ri, chora e abre o coração sobre a carreira: "Faltou uma Copa do Mundo"

Perto do adeus, lateralesportesdasorte so39 anos detalha mágoa com Tite, explica recusa à seleção alemã, fala do amor pelo São Paulo e faz revelações do Flamengoesportesdasorte soJorge Jesus: "Sabia que ia ganhar"

Por Bruno Giufrida, Cahê Mota, Leonardo Lourenço, Marcelo Braga e Raphael Zarko — São Paulo


Abre Aspas: Rafinha revela dificuldade para se aposentar e falaesportesdasorte soamor pelo São Paulo

Rafinha chega acelerado no espaço anexo à salaesportesdasorte soimprensa do São Paulo. Não era pressa — tanto que ficou por maisesportesdasorte soduas horas sentado e com disposição para falaresportesdasorte sotudo —, mas é o jeitão intenso do paranaenseesportesdasorte soLondrina. Caçulaesportesdasorte sosete irmãos, o Rafinha que leva "bonde"esportesdasorte so20 amigos para os jogos vive os últimos diasesportesdasorte souma trajetória que começou no salão emesportesdasorte socidade.

Aos 39 anos, com desejoesportesdasorte sojogar o máximoesportesdasorte soquatro mesesesportesdasorte so2025, Rafinha já olha para o futuro: também quer ser treinador. Não descarta se juntar ao amigo Filipe Luís, ex-companheiroesportesdasorte soFlamengo, mas revela convitesesportesdasorte soJorge Jesus eesportesdasorte sooutros companheiros da vitoriosa passagem alemã.

Rafinha no Abre Aspas: aos 39 anos, lateral-direito brinca: "Sou o último dos moicanos" — Foto: Marcos Ribolli

Ao Abre Aspas, do ge, lembrou do primeiro contratoesportesdasorte soR$ 700 — e da emoção da mãe ao saber do valor para aquele guri entãoesportesdasorte socabelos cacheados —, foi franco sobre a zoeira com os brasileiros no Bayern depois do 7 a 1 e saiu do sério mesmo quando falou das denúnciasesportesdasorte soJohn Textor, que o tinha como um dos potenciais acusados. Próximo ao adeus dos gramados, vai levar esse espírito vencedor — e cobrador — para a beira do campo.

– Sou chato, mas sou campeão. Melhor ser assim do que um simpático que não ganha nada.

Rafinha abre aspas — Foto: Marcos Ribolli

esportesdasorte so Ficha técnica

  • Nome: Márcio Rafael Ferreiraesportesdasorte soSouza;
  • Nascimento: 7esportesdasorte sosetembroesportesdasorte so1985,esportesdasorte soLondrina (PR);
  • Carreira: Coritiba, Schalke 04, Genoa, Bayernesportesdasorte soMunique, Flamengo, Olympiacos, Grêmio e São Paulo. Fez quatro jogos pela seleção brasileira;
  • Principais títulos: pelo Coritiba, bicampeão paranaense (2003 e 2004); no Bayern, entre 2012 e 2019, um Mundialesportesdasorte soClubes, uma Liga dos Campeões, sete Bundesligas, quatro Supercopas da Alemanha, quatro Copas da Alemanha e uma Supercopa da UEFA. No Flamengo, uma Libertadores, dois Brasileiros, uma Supercopa do Brasil, uma Recopa Sul-Americana e um Carioca. No São Paulo, venceu a Copa do Brasilesportesdasorte so2023 e a Supercopa do Brasil. Com a seleção brasileira, foi medalhaesportesdasorte sobronzeesportesdasorte so2008.

ge: Como anda a cabeça para o fimesportesdasorte socarreira?

Rafinha: — É difícil, esse momento é o mais difícil para um atleta. Colocar um ponto final, pendurar as chuteiras. Esse ano eu perdi metade da temporada porque tive duas lesões graves e comecei a jogar no finalesportesdasorte sojulho. Então, falei "não é justo", preciso terminar bem. Claro que eu vou querer até o meio do ano que vem ou até depois dos estaduais. Mas quero terminar bem esse ano. Terminar bem fisicamente para, com o São Paulo, chegar a um acordo para que possa ficar mais alguns meses e aí sim terminar minha carreira.

Rafinha abre aspas — Foto: Marcos Ribolli

— Mas eu estou tranquilo nessa parte. Quanto a renovar o contrato ou com negociação das coisas, não esquento com isso, não. Estou com 39 anos e acho que essa é a parte mais fácilesportesdasorte sose resolver. Acho que é mais uma questão minha mesmo, fisicamente e mentalmente também estar preparado, porque é uma responsabilidade muito grande jogar no São Paulo. Mas eu vou analisar depois que acabar o último jogo do campeonato, a gente senta e conversa com calma.

Pensaresportesdasorte soparar é algo que dói ou você também pensa que já estáesportesdasorte sosaco cheioesportesdasorte sotudo?

— Tem hora que chegoesportesdasorte socasa e, não vou mentir, choro ali escondido, porque é complicado, né? São 20, 21 anosesportesdasorte sofutebol profissional, o jogo ali, é um detalhe. O gostoso é ali, a resenha, o convívio, as amizades que você faz. Claro, as conquistas ficam eternizadas nos lugares, mas o que envolve o futebol é também o ambiente, a parceria, o companheirismo, os amigos que você faz durante essa caminhada.

— Claro, a gente vai continuar no esporte, mas você sair desse meio é complicado. Às vezes dá aquela tristezaesportesdasorte sosaber que vou ter que parar. Mas também sou consciente que existe vida fora do futebol. Tenho amigos que pararam recentemente e falaram desse lado muito gostoso, sem ter limitação para fazer nada, poder ficar tranquilo, dormir sem ter hora para treinar no outro dia.

Esse processoesportesdasorte sopararesportesdasorte sojogar é individual ou você compartilha com a esposa, com pessoa mais próximas?

— Eu já conversei com a minha família desde o ano passado. É que quem vê a carcaça aqui por fora acha que está tudo bem, mas, após os jogos, os treinamentos, o corpo já começa a mostrar e ter as reações. Não é a mesma recuperação, as dores aumentam muito. E um lateral, tanto direito quanto esquerdo, com 39 anos, hojeesportesdasorte sodia no futebol, não existe. Eu sou um dos últimos moicanos da minha geraçãoesportesdasorte solateral.

– Cara, me sinto privilegiadoesportesdasorte soter tido uma carreira como eu tive. É difícil também. Eles (familiares) gostamesportesdasorte some acompanhar nos jogos e sempre por onde passei fui campeão. E eles também sofrem muito. Sofri muito com as derrotas que eu tive na minha vida, que não foram poucas, mas já venho preparando minha família desde do ano passado, estão cientesesportesdasorte soque está chegando a horaesportesdasorte some despedir também dos gramados.

Rafinha abre aspas — Foto: Marcos Ribolli

O que é que dóiesportesdasorte sovocê?

— Eu nunca tive lesão muscular na minha carreira. Só que agora,esportesdasorte soum tempo para cá, ano passado, no penúltimo jogo contra o Atlético-MG, no Mineirão, eu acabei tendo uma lesão que rompi o ligamento importante atrás do joelho e aí me complicou muito. Eu tive que fazer um tratamento muito intenso para poder jogar a final contra o Palmeiras,esportesdasorte sofevereiro.

– Fiz algumas manobras que, fosse há dez anos, eu não faria para poder jogar aquele jogo, mas depois acabou piorando a situação. Depois daquele jogo contra o Palmeiras eu fiz muito tratamento, infiltração, muitas coisas fortes para poder jogar aquele jogo e aí depois do jogo piorou. Depois não consegui mais correr, fazer as coisas que eu estava fazendo na baseesportesdasorte soremédio. Então isso aí me travou um pouco. Eu nunca tive lesão muscularesportesdasorte soligamentos,esportesdasorte sotendão, nada dessas coisas.

– Quando eu volto, treino duas semanas, joguei contra o Novorizontinoesportesdasorte socasa, perdemos nos pênaltis. Volto depoisesportesdasorte soduas semanas, estreia da Libertadores e quebro a perna. Aí fiquei quatro meses parado. Tive problemasesportesdasorte sotorçãoesportesdasorte sotornozelo ou pancada, mas nunca coisa graveesportesdasorte soficar três, quatro meses parado, e esse ano aconteceu. Hoje eu estou jogando, mas sinto que não estou 100%, porque fiquei muito tempo parado.

A gente está falando da dificuldade no fim da carreira. Mas e o início, foi difícil também?

— O meu começo foi terrível. Jogando futebolesportesdasorte sosalão com dificuldade, sem ter tênis, sem ter vale-transporte para ir treinar. Se a gente falaresportesdasorte sodificuldade, eu vou ficar aqui até amanhã, porque a minha infância foi triste. Passei necessidade, passei apuros mesmo, mas tinha esse sonho. Não vou mentir, nunca tive assim: "ah, quero jogar na Europa, jogar na Seleção, ter aquele título". Não, cara, eu queria virar jogador para poder dar uma vida melhor para minha família.

– Eu gostavaesportesdasorte sojogar bola, mas sabia que jogando futebol, fazendo aquilo ali, ia ser bem remunerado. Mas não tinha essa ambição. Meu pensamento era totalmente outro. Era poder jogar, ganhar dinheiro para poder levar comida para minha casa. Minha mãe comer, meus irmãos comerem. Somosesportesdasorte sosete, e a gente não tinha nem o que comer. Então era esse era meu objetivo maior.

rafinha abre aspas — Foto: Marcos Ribolli

Quando foi que você percebeu que estava ajudando muitoesportesdasorte socasa, colocando comida na mesa?

— Foi no Coritiba, quando eu assinei meu primeiro contrato profissional. E aí eu falei para minha mãe quanto ia ganhar e ela ficou desesperada: "Meu Deus, não acredito que vai ganhar isso tão novinho. Estou trabalhando aqui há tanto tempo e não consigo".

— Cara, para você ter ideia, meu primeiro salário foi R$ 700. Em 2004. E aí tinham o seu Kruger, que trabalhava no Coritiba e que já faleceu, ele era diretor da base e inteirava também. A gente morava no Couto Pereira, jogava no profissional, mas morava no Couto Pereira. Eu não tinha apartamento para morar e às vezes ele me dava mais uns R$ 200, R$ 300 por mêsesportesdasorte sopresente. "Vai lá, compra tal coisa para você, compra um chocolate, uma camisa, compra alguma coisa".

– Então, nem nos sonhos mais otimistas ia imaginar que a minha carreira ia acontecer. Saí do Coritiba para ir para o Schalke 04 do dia para a noite. Saíesportesdasorte soCuritiba para a Alemanha, no norte da Alemanha. Foi uma mudança muito rápida.

O queesportesdasorte somãe fazia?

— Minha mãe trabalha no banco, era copeira. Ela trabalhou a vida inteira nos bancosesportesdasorte soLondrina. Fazia café para o pessoal. O meu pai faleceuesportesdasorte so2002. Logo que eu cheguei no Coritiba. Meu pai era assim... Participavaesportesdasorte socasa, às vezes tinha uma confusão lá com a minha mãe, aí saía e estava sempre assim, tinha as idas e vindas dele.

– Não ficava muito com a gente, mas tenho maior carinho, sempre tive muito respeito. Não era um pai muito presente, porque éramosesportesdasorte sosete e ele também trabalhava muito porque tinha que sustentar, ajudar minha mãe no trabalho. Ele ficava um pouquinho e saíaesportesdasorte socasa também para fazer os trabalhos dele. A única coisa é que o meu pai não me viu jogar. Meu pai acompanhou quando eu era molequinho, só pegou a fase ruim. Não teve o prazeresportesdasorte sopoder desfrutar da vida boa que eu pude dar para minha família.

Rafinha abre aspas — Foto: Marcos Ribolli

Esse "último dos moicanos" dialoga como com aquele garotoesportesdasorte socabelo cacheado, lateral agudo e jovem?

— Às vezes dá até saudade. Eu tinha cabelo para caramba, agora até meu cabelo caiu. Cabeludo, tirava maior onda (risos). Mas eu procuro passar para os meus filhos. Tenho uma filhaesportesdasorte so15 anos, umaesportesdasorte so11, umesportesdasorte socinco e umesportesdasorte sodois. Quero dar tudo, fazer tudo pelos filhos, dar sempre o melhor, mas eu sou muito pé no chão. Eu gostoesportesdasorte sodar as coisas para os meus filhos, mas mostrando para eles como é difícil ter aquilo ali.

– Quem sabeesportesdasorte soonde veio, sabe pra onde vai, né? Faço as coisas, mas sempre: "Olha, para ganhar isso aqui tem que fazer isso". Então, sempre mostrando o outro lado para não ter tudo fácil, porque na minha vida foi tudo difícil.

— Eu tive que fazer o corre para ajudaresportesdasorte socasa, para ser o homemesportesdasorte socasa, para sustentar minha família toda, para poder dar uma boa vida para os meus filhos. Eu falo para todos eles, até sobrinho: "Dá valor, porque é complicado e para ganhar isso aí é difícil". Eu gosto muitoesportesdasorte sofazer essa comparação da minha época com aesportesdasorte sohoje. É claro que é um tempo totalmente diferente, mas eu gosto muitoesportesdasorte sodeixar essa importância do que significa para você ganhar tal coisa, tal presente, tal brinquedo. Eu gosto muito disso.

Como caçula, imagino que tenha havido sacrifício da família para ajudar na carreira. Como foi?

— Tudo o que vivi na minha vida eu sempre levei todos eles comigo. O que eu vivi, eles tiveram o prazeresportesdasorte soviver também. Viajar, andaresportesdasorte soavião, ir para a Europa, comeresportesdasorte sorestaurante bom e conhecer praia legal. Eu pude oferecer para minha família e meus amigos todos.

– Eu achava que era justo fazer isso, porque eles eram muito por mim. Eu não tenho um amigoesportesdasorte so20 anos. Os meus amigos são todos que eram amigos dos meus irmãos e através deles viraram meus amigos. De 50 anos, 55, 60, 40 anos... Eu não tenho amigoesportesdasorte so25 anos. Esses caras que me ajudaram quando eu era criança, vendia garrafa para arrumar vale-transporte. Às vezes dava o vale-transporte para mim e ia trabalhar a pé, trabalharesportesdasorte sobicicleta. Quantos amigos fizeram isso!

– As minhas irmãs às vezes tiravam da cartelaesportesdasorte sovale-transporte do mês para dar um dinheiro para mim. "Olha, pega esse vale-transporte e troca por um dinheiro para cachorro-quente ou pelo suco". Era complicado, com sete, ainda! Se tirasseesportesdasorte soum ali, ia faltar. Minha casa era uma refeição só. Ou era almoço ou era a janta. Não tinham duas refeições. Não sabia o que era isso. Natal, Ano Novo, era uma bandejaesportesdasorte soiogurte. Cada um tomava um. E minha mãe nada.

rafinha abre aspas — Foto: Marcos Ribolli

– Não estou exagerando não. Minha família sempre foi assim mesmo, no limite. Eu canseiesportesdasorte sover minha irmã... Não tinha fraldas, essas fraldasesportesdasorte sohojeesportesdasorte sodia, descartáveis, nunca tive isso. E às vezes, para suprir a falta do leite que não tinhaesportesdasorte socasa, minha mãe me dava água doce. "Está cansado? Dorme. Dorme que passa a fome". E essas coisas assim marcam muito. Depois que você começa a ver o outro lado, começa a ganhar um dinheiro e ver as coisas isso marca muito. Falaresportesdasorte soinfância é f... Você me quebra aqui.

E você carrega muitos deles no seu dia a dia?

— Então muita gente fala: "Pô, o Rafinha só anda com 10, 15". Levo mesmo, levo para todo lado. Tem amigo meu que não tem um chinelo para usar e eu levo pra todo lado. Levo para a Alemanha, levo para a França. E às vezes minha mãe: "Pô, você prefere levar os amigo do que osesportesdasorte socasa?". Os caras me ajudaram tanto, estavam comigo na fase ruim, estão comigo até o fim.

Isso às vezes é malvisto nos clubes, no ambiente do futebol?

— Não é malvisto, mas assusta. Porque jogador é visto como o cara que tem sempre 20 pessoas do lado. E os caras acham que a pessoa só quer aproveitar. "Ah, o cara só anda com dez, 15. Se ele tiver dinheiro, está todo mundo perto dele". Não, no meu caso não. E eu também não julgo ninguém. Quem sabe? Você conhece o cara desde criança para falar? Ninguém conhece.

– Esses caras estão comigo desde quando eu era criança, moleque. E às vezes assusta, por exemplo, quando cheguei aqui no São Paulo, eu falei: "Meu bonde é grande". Eu ia falar: "Olha, precisoesportesdasorte soingresso".

Você acha que a garotada hoje chega com essa mesma fome que você, um garoto que ganhava R$ 700, chegou naquela época?

— Chega, sim, a molecada chega com vontadeesportesdasorte sovencer,esportesdasorte sotriunfar na vida,esportesdasorte sochegar a virar um profissional. Mas, assim, claro, com outras situações. Tem umas coisas que, no meu modoesportesdasorte sover, atrapalham um pouco, que é a rede social, às vezes muita informação, entendeu? Às vezes o moleque não tem mais aquela dificuldade que tinha na época que eu subi pro profissional.

"Estão deixando a identidade ser moldada pela rede social", diz Rafinha

– Hoje o moleque sobe para o profissional ganhando muito dinheiro. Não são todos, mas tem alguns que acham que já está resolvido. Não estou falando do São Paulo, estou falando no geral. Tem muita informaçãoesportesdasorte sorede social,esportesdasorte soempresário,esportesdasorte soclube. Às vezes o clube também faz muita coisa por esses atletas e deixa o moleque tranquilo, numa situação privilegiada.

— Não é que falta fome, mas se deixa levar um pouquinho, entendeu? Às vezes o torcedor fala bem, fala mal e a molecada está aí no meio nessa coisaesportesdasorte sorede social. Isso aí hoje é uma coisa que pode atrapalhar. E atrapalha. Mas pode atrapalhar no futuro também, porque não são todos que têm cabeça.

–O cara fala ali na rede social, ele pode ter jogado uma merdaesportesdasorte sojogo, não fez nada, não acertou um passe no jogo. Mas vai na rede social e todo mundo fala que ele jogou bem, ele acredita que está tranquilo. E se ele arrebenta no jogo, mas na rede social, no Instagram, falam que jogou mal, ele vai acreditar. Eu conheço vários que estão tentando desligar um pouquinho da rede social e está melhorando muito o desempenhoesportesdasorte sotreinos e jogos. Acho que isso é coisa que pode atrapalhar essa garotada que está subindo. Na minha época não existia isso, então é diferente. Não tem como julgar também.

Você já precisou pegar no pé, na orelhaesportesdasorte soum, para alertar?

— Já, eu só não falo o nome porque não é legal. Mas já. Muito, muito, muito, muitas vezes. O cara nem fala nada, mas você nota no semblante. Joga o jogo mal, outro dia chega com a cabeça baixa. Aí quando faz um gol, joga bem, chega no jogo, faz um monteesportesdasorte sojogada boa, já chega... Então a gente sabe, não precisa falar. Eu falo pra eles: "Está te fazendo bem ficar vendo alguém te xingando, te esculachando? Se não faz bem, para que você vai ficar vendo?".

— Às vezes o que eu não gosto é quando acaba um jogo, porque tem jogador que já vai direto para o telefone, ver o que falaram... Cara, isso não é saudável. Não é só moleque não, viu. Jogadores experientes fazem isso. Não é aqui no São Paulo, éesportesdasorte sotodo lugar. Na Europa faz. Acaba o jogo, vai ver o que os caras estão falando, se estão falando bem, se estão falando mal. Hojeesportesdasorte sodia, muitos estão deixando a identidade ser moldada pela rede social.

— Se o cara fala que você é bom, você acredita que é bom. Se o cara fala que você é ruim, você acredita que é ruim. Não é o que você faz durante a semana inteira, o trabalho que você faz ou o esforço que você faz. O sacrifício que passou no começo da tua vida... Pô, com todo respeito, a gente respeita jornalistas, esses que têm canal no Youtube, respeito tudo, mas como que eu vou deixaresportesdasorte sofazer o que eu faço, mudar minha carreira, mudar minha vida, meu jeitoesportesdasorte sojogar, por que um torcedor que tem um canal no YouTube falou que eu tenho que bater na bola mais fraco, mais forte?

– Eu jamais vou fazer isso. A gente respeita, cada um pode falar o que quiser. Mas, assim, a minha personalidade, minha identidade ninguém vai mudar. Eu escuto, pode falar. Mas vou deixaresportesdasorte sofazer porque alguém falou, da internet? Ah, com todo respeito, nunca. Nunca na vida!

– Ex-jogador eu gostoesportesdasorte soescutar. O cara que já viveu o que eu já vivi. "Pô, se tivesse batido na bola desse jeito, se tivesse marcado aqui...". Aí é legal. Mas tem uns também que falam algumas besteira, mas também a gente respeita, cada um temesportesdasorte soopinião. O cara falou coisa boa, eu gostoesportesdasorte soescutar. Mesmo que seja um cara que não ganhou nada na vida, mas se é um cara mais velho, eu gostoesportesdasorte soescutar. O que jogou futebol merece respeito. Agora, torcedor ou pessoa que tem canal aíesportesdasorte soclube e falar o que o cara tem que fazer, o que o cara é incapazesportesdasorte sofazer? Não, isso não dá valor.

Como você consegue se blindar das críticas?

— Eu não vejo. Até brincam comigo que chego todo dia sorrindo. "O Rafinha está com a vida boa". Não é, por que eu vou ficar vendo uma coisa se eu sei que não vai me ajudaresportesdasorte sonada? Se o cara fala que eu sou bom demais ou ruim demais, no outro dia vou ter que treinar igual, jogar igual, fazer as minhas obrigações iguais.

— Para que vou me estressar com isso? Rafinha não joga nada? Paciência. Rafinha está velho? Paciência. Rafinha é craque, vou fazer o quê? Eu levo a minha vida. O que eu tenho que fazer, eu tenho traçado. Treino todos os dias, me dedico ao máximo, sou profissional. Então assim, eu vou deixaresportesdasorte soir? Não, jamais, estou fora. Isso não me pega, deste veneno eu não tomo não (risos).

Aqui no Brasil você virou alvoesportesdasorte socomentários maldosos nas redes sociais por, supostamente, ter sido "entregadoresportesdasorte soisotônico" no Bayern. No título cariocaesportesdasorte so2021, você comemorou entregando isotônico para os companheiros. Aquilo te irritou ou você leva essas coisas na brincadeira?

— Isso aí foram uns caras que começaram a brincar lá no Rioesportesdasorte soJaneiro falando que eu era entregadoresportesdasorte soGatorade. Eu falei: "Pô, velho, que loucura". Cara, que Deus o tenha, tinha o Jorginho e o Denir (massagistas do Flamengo, já falecidos), os caras brincavam muito comigo: "Que história é essaesportesdasorte soGatorade?". Começaram a falar, mas eu não estava ligadoesportesdasorte soqual era o motivo.

– Depois que eu fui entender que os caras falaram que era porque eu ficava no banco no Bayern e ficava entregando água para os caras. Aí no dia da final que fomos campeões cariocas, tinha uma bolsa e um carrinhoesportesdasorte soGatorade, e os cara lá: "Vai, Rafinha, entrega para a rapaziada". Aí eu peguei o carrinho, comecei a entregar para todo mundo. E aí viralizou.

– E foi bom demais, depois eu arrumei um patrocínio fera da Gatorade, me contrataram, fiz propaganda na Copa do Mundo. Fiz um contratoesportesdasorte sodois anos, coisa mais linda do mundo (risos). Fiz um contrato fera. Mas vou fazer o quê? Vou brigar? Vou achar ruim? Até hoje brincam, mas foi bom demais, me deixou grande (risos). Fiz muitos jogos pelo Bayern, isso não existe.

Essa imagem do alemão durão, a Copaesportesdasorte so2014 meio que desmistificou, né? Com os caras brincando, todos simpáticos aqui no Brasil. Você tinha uma impressão e mudou quando conviveu com eles?

— As pessoas vendem uma imagemesportesdasorte soque alemão é frio, que eles não gostamesportesdasorte sodar risada. Mas eles tiveram duas guerras, é normal, o pessoal mais antigo é muito sério,esportesdasorte sodisciplina. Alemão é trabalho e casa, casa e trabalho. Não tem esse calor humano igual aqui.

– No Brasil você conhece alguém num dia e parece que é o melhor amigo do cara. Alemão para te levar na casa dele você temesportesdasorte soconhecer há cinco anos. Para ter confiançaesportesdasorte sovocê, leva tempo. Mas eu amo aquele país, tenho muitos amigos, e os caras brincam, ainda mais jogador, tiram onda, tiram sarro. Um país espetacular. Claro, cultura, civilização dos alemães éesportesdasorte sooutro mundo. Um país espetacular.

Qual a leitura que você faz do ambiente do futebol brasileiro? Acha um ambiente hostil?

— Ah, cara, essa pressão é gostosaesportesdasorte soviver,esportesdasorte sotorcida,esportesdasorte socampeonato,esportesdasorte sodecisões,esportesdasorte sosempre teresportesdasorte soestar ganhando, isso á uma delícia, todo jogador sonhaesportesdasorte soviver essa pressão.

– Tem torcedor que acha que tem o direitoesportesdasorte sofazer cobranças que não existem, botar dedo na cara, tacar pedra, chutar carro, bater. Isso não existe. O cara perde um jogo e não pode ir no restaurante. Você trabalhaesportesdasorte soUber, errou o caminho ontem e hoje vou te matar porque errou o caminho? Todo mundo só acerta? O atletaesportesdasorte sofutebol no Brasil tem isso, se ele erra alguma coisa, tem se ser cobrado pelo treinador, mas torcedor ameaçar, bater, ameaçar filhos, isso aí é um absurdo.

Você passou por algo assim no Brasil?

— Não passei, às vezes pega pressãoesportesdasorte sotorcida que quer cobrar resultado, aí sim. Mas quando vai para a violência, perde a razão. Isso eu sou contra.

rafinha abre aspas — Foto: Marcos Ribolli

E aquele tipoesportesdasorte sovisitaesportesdasorte solíderes torcedores organizados no CT?

— Não, isso aí acontece. Time grande é isso, joguei no Flamengo, Grêmio, Coritiba, estou no São Paulo. Os caras querem que o time seja campeão. Cobrar é legal, no estádio, acha que o time não está rendendo. Mas às vezes o cara vem cobrar no CT com respeito, conversar, se ele ver o que a gente faz na semana, com certeza não vai protestar. Mas é errado, imagina a gente vai no trabalho do torcedor protestar? Tudo tem que ter limite. Ele paga ingresso, sem a torcida a gente não é nada. Mas nadaesportesdasorte soameaçar e bateresportesdasorte sojogador. Isso não é futebol. No Brasil, isso tinha que melhorar muito.

E como foi pra você os últimos meses antes do rebaixamento no Grêmioesportesdasorte so2021?

— Eu tenho um carinho grande pelo Grêmio, tinha muita vontadeesportesdasorte sojogar no Grêmio, eesportesdasorte so2021 fui para lá. Cara, ficamos seis meses, do começo ao meio do ano, top. Campeões gaúchos, ganhamos a Recopa Gaúcha, classificamosesportesdasorte soprimeiro na Sul-Americana, estava tudo perfeito. Era pandemia, não tinha torcida, e o time ganhando. Perdemos alguns jogos no Brasileiro, primeiro saiu o Renato Gaúcho porque o Grêmio saiu na pré-Libertadores, Thiago Nunes chegou, fomos campeões, perdeu quatro jogos no Brasileirão e foi mandado embora.

– Chegou o Felipão, ficamos um período sem ganhar e foi muito difícil. Não conseguia ganhar e, quando ganhava, os outros também ganhavam. Vou confessar, foram os cinco meses mais difíceis da minha vida. Nunca tinha passado por aquela situação, o Grêmio só com fera, um ambiente espetacular, um timeesportesdasorte sopessoas boas. E aí o pessoalesportesdasorte sofora insistiaesportesdasorte socriar uma imagem que era um grupo que não estava nem aí com nada, mas pelo contrário. Sofremos muito naquele segundo semestre, o que terminou no rebaixamento. Não merecíamos passar por aquilo.

– Mas tenho só gratidão ao Grêmio, salárioesportesdasorte sodia, nunca atrasou, o time na zona do rebaixamento e tudoesportesdasorte sodia, os torcedores na rua reconheciam nosso comprometimento. Foram mesesesportesdasorte sosofrimento. Fico triste ter terminado daquele jeito, mas tenho um carinho grande. Tenho muitos amigos lá. Prefiro ficar com as lembranças boas.

Qual o tamanho do Bayernesportesdasorte soMunique naesportesdasorte sovida?

— Ah, eu vivi um sonho. Vivi o auge da minha carreira lá. Trabalhei com Guardiola, Ancelotti, Jupp Heynckes e Niko Kovac. Eu desfrutei muito do futebol, foi onde mais vivi o futebol, era campeão todo ano, ganhei os maiores títulos do futebol, a Liga dos Campeões, fui campeão do mundo, Supercopa da Europa, ganhei muitos Campeonato Alemão, Copa, Supercopa...

– Fora os títulos, que marcam, o respeito que consegui ganhar naquele time, nos últimos quatro anos,esportesdasorte so2015 a 2019, virei o terceiro capitão, foi um período especial, joguei só com fera do lado, a bola chegava redonda, todo fimesportesdasorte sosemana a Allianz Arena com 80 mil pessoas, cara,esportesdasorte soverdade... É um filme que eu queria voltar e começar do começo. Não me arrependoesportesdasorte sonada, vivi intensamente, não via a horaesportesdasorte soir treinar, o time era muito bom, unido foraesportesdasorte socampo. Ganhei tudo o que tinhaesportesdasorte soganhar no Bayern.

E existe um combinado que você fará um jogoesportesdasorte sodespedida?

— No meu último jogo, eu não joguei. E aí o Rummenigge falou: "Você tem que jogar um último jogo no Bayern". O treinador fez as escolhas dele, um cara nosso foi expulso e ele não me botou no meu último jogo. Tivemos essa conversa. O Bayern me deixou essa porta aberta para eu fazer o último jogo. E fui para lá no ano passado, o jogo dos dez anosesportesdasorte sotríplice coroa, e falaram que estão me esperando para eu fazer o último jogo.

E daí vem o reconhecimento sobre você num trecho grande da biografia sobre o Guardiola, né?

— Ali foi o carimbo. Eu até brinco, o Guardiola só carimbou, botou no livro dele, reconheceu firma ali que aquele momento para o clube, para o time, para aquela grupo eu era muito importante. Ele coloca no capítulo do livro dele: "Rafinha, o mais importante". É complicado falar, quem sou eu para falar uma coisa dessa, quem falou foi ele, o melhoresportesdasorte sotodos (risos). Brincavam comigo: "Só porque o Guardiola falou".

– Mas é o carinho e respeito que teve por mim,esportesdasorte some colocar neste pedestal como o mais importante daquele time que só tinha fera, eu era peixe pequeno, mas com ele foram maisesportesdasorte so120 jogosesportesdasorte sotrês anos, foi o treinador que eu mais joguei na minha carreira. Ele falava que eu era um jogador que ele podia contar sempre, que jogando ou não jogando eu estava sempre com a mesma cara.

– Eu estava no Bayern, sendo treinado pelo Guardiola, meu concorrente era o Philipp Lahm, aí ele coloca o Lahm no meio-campo para eu jogaresportesdasorte solateral-direito. Vou falar o quê? Abracei aquela situação, foram três anosesportesdasorte soaprendizado, onde desfrutei do futebol. É gostoso demais jogaresportesdasorte sotime bom, com treinador bom, sabendo que você vai ganhar.

Neste ano tivemos os dez anos da vitória da Alemanha por 7 a 1 contra o Brasil na Copa do Mundoesportesdasorte so2014. Como foi viver isso lá do outro lado?

— Eles tiraram muita onda, meu Deus do céu. O Thomas Müller nem se fala. No começo tudo bem, o Dante estavaesportesdasorte soférias, mas quando ele voltou o negócio ficou sério, o cara estava ferido. Eles brincavam: "Aí Rafinha, escapou". O Dante ficava no veneno. Eu falava: "Calma, Bahia". Toda hora soltavam piadinha.

– Às vezes falavam: "Olha, Rafa, dia 7". O Dante um dia falou: "Por favor, parem com essa brincadeira que não é legal". Mas não tinha como. Eu não participei, então eu falava: "Para, o Dante está triste". Mas no começo eles tiravam onda. Tinham dez deles lá, não tinha como achar ruim. Foram campeões do mundo, ganharam do Brasil e depois da Argentina. Filho, vai falar o quê? Boateng, Neuer, Philipp Lahm, Schweinsteiger, Toni Kroos, Müller, Götze, Mario Gómez... Todo mundo estava lá.

Rafinha relembra passagem no Bayernesportesdasorte soMunique e zoaçãoesportesdasorte soalemães por 7 x 1

E você vendo o jogo, o que achou?

— Então, eu não vi o jogo, estava no avião voltando para a Alemanha. Não esqueço quando o piloto falou que o Brasil tinha perdido por 7 a 1, ninguém achou que era verdade. Todo mundo achou que era brincadeira. Infelizmente aconteceu, é triste, tinha muito amigo nosso, desvaloriza a gente, né? Quem está fora do Brasil sente. Complicado.

Mas você consegue entender aquele jogo?

— Os caras já sabiam muita coisa, desde 2006 quando perderam a Copa na Alemanha, reformularam a seleção,esportesdasorte so2010 perdem a semifinal para a Espanha eesportesdasorte so2014 eles estavam preparados. Lembro que o Klose falava: "Rafinha, a gente já sabia o que ia fazer".

– Estava tudo desenhado, não fizeram força para fazer gol. Mas é triste, não gostoesportesdasorte sofalar disso, falaresportesdasorte sofora é fácil, quem estava lá fica marcado, é ruim, os caras têm história linda no futebol, não pode acabar a carreira dos caras por causaesportesdasorte soum jogo. Falam que o jogo mais difícil na Alemanha foi contra a Argélia. Eles falavam lá. Os alemães estavam preparados para ganhar aquela Copa.

Você tem uma coisa meio mal resolvida com a seleção brasileira? Fez a base inteira, Mundial Sub-20, medalhaesportesdasorte sobronze nas Olimpíadas, teve a dispensa. É algo mal resolvido para você?

— Não é mal resolvido. Uma vez eu pedi para ser desconvocado da Seleção. Quem sou eu para falaresportesdasorte soSeleção, né? Minha históriaesportesdasorte soSeleção é muito curta. Eu joguei oito anos no Bayern e tive muito pouca chance, essa é a coisa. Eu tenhoesportesdasorte soagradecer ao Dunga, a ele eu sou grato. Quando eu estava no Schalke 04, ele me acompanhava e me levouesportesdasorte so2008, competindo com Maicon e Daniel Alves.

– E me levava várias vezes para a Seleção. A ele eu sou grato, me convocou e me botou para jogar. Mas faltou uma Copa do Mundo para mim, eu tinha que ter jogado uma Copa do Mundo. Foram 14 anosesportesdasorte soAlemanha, um na Grécia, um na Itália, tinha experiência, joguei muitas decisões, faltou uma Copa.

Qual Copa?

— Aesportesdasorte so2014, o Maicon estava bem, mas estava machucado, mas Maicon e Daniel Alves eram superiores a mim naquele momento. Agoraesportesdasorte so2018 eu tinha que estar naquela barca, respeitando quem foi, mas eu estava muito preparado, na preparação da Copa eu tinhaesportesdasorte soter tido mais oportunidades. Aí, Felipão me levou numa convocação antes da Copaesportesdasorte so2014, mas o grupo já estava fechado, o Parreira mesmo me falou, Felipão queria me testar, mas o grupo estava fechado...

Mas você entende quando acontece uma convocação por afinidade?

— Difícil falar. Cara, a seleção brasileira é o ponto mais alto para nós, nem sempre vão os que estão melhores no momento. Conta muito confiança do treinador, isso também é válido, mas acho que a Seleção precisa ser momento.

Ser mais contestador te atrapalhou com Tite?

— Não, meu negócio com o Tite foi diferente. Ele me ligou uma vez, disse que acompanhou a pré-temporada no Bayern nos Estados Unidos, me elogiou, gostariaesportesdasorte sosaber meu sentimento com a Seleção. Eu fui claro: "Olha, professor, obrigado, sóesportesdasorte soestar me ligando já está ótimo. Mas eu pedi para ser desconvocado porque não me via concorrendo. Eu era quarta opção. Dois machucaram e o quarto era eu. Eu não fazia parte da disputa".

– Às vezes improvisavam o Fabinho, do Monaco, e não me convocavam. Então eu falei: "Se você me convocar, eu gostariaesportesdasorte soir se tivesse continuidade, se me desse umas duas ou três convocações para me ver jogar". Se ele me levasse, eu ia fazer minha parte, confio muitoesportesdasorte somim, eu ia ajudar, estavaesportesdasorte sotitular no Bayern. Ele disse que não garantia convocação, mas entendeu meu desejo. A gente estava indo num jantar, eu e o Lincoln, que é meu amigo. Ele entendeu. Teve umas duas convocações, ele não chamou, eesportesdasorte sojunhoesportesdasorte so2017 ele me convoca para dois amistosos na Austrália, nossa que viagem pertinho, lá na Austrália, contra a Argentina e a Austrália.

Abre Aspas: Rafinha se ressenteesportesdasorte sonão ter jogador Copa e mostra mágoa com Tite por 2018

– Beleza, joguei uns três minutos contra a Argentina e depois contra a Austrália joguei o jogo inteiro. Na minha concepção, fui bem. Volto para a Alemanha e na convocação seguinte ele não me convocou. Outra convocação, ele não me convocou. Eu falei: "Cara, tem algo errado". Ele falava que eu estava no radar. No final do anoesportesdasorte sonovo, a penúltima antes da Copa, aí eu desisti, larguei.

— Eu tinha falado para ele no telefone que só gostariaesportesdasorte soir se tivesse sequência. Assim, aconteceu, não me chamou mais, não tive mais oportunidades, fiquei chateado. Faltou uma Copa do Mundo. Joguei Sub-17, Sub-20, mas faltou. Podia ter ajudado todo mundo, estava jogando num nível altíssimo no Bayern. Merecia, né? Fiz uma carreira espetacular.

Você teve convites da seleção da Alemanha? O seu pedidoesportesdasorte sodesconvocaçãoesportesdasorte so2015 foi por isso?

— Não, isso foi depois, eu pedi a desconvocação antes. Aí o Joachim Low e o Hansi Flick (auxiliar) foram no Bayern, e o Philipp Lahm estava saindo da seleção e disse que o cara que poderia substituí-lo era eu. Eles vieram, falaram que iam fazer todo projeto, eu já estava com o passaporte na mão, eu abracei, falei: "Estou dentro". Falei por telefone, que eu queria jogar pela Alemanha, que estava zangado, que no Brasil não tinha oportunidade. Eles vieram firmes. Aí finalesportesdasorte so2015 ia ter uma convocação, Alemanha contra a Bósnia. E lá eles avisam um mês antes, falaram que eu seria convocado. Mas fui bunda-mole, pulei para trás. Eu tinha vontadeesportesdasorte sojogar pelo Brasil uma Copa do Mundo, não pela Alemanha.

– Fiqueiesportesdasorte socima do muro. Os jogadores falaram que queriam que eu jogasse. Mas quando surgiu o boato que ele ia me chamar, o coração falou mais alto. Não é que me arrependo, mas queria jogar no Brasil. Falei para os caras do Bayern que eu não me sentia confortável. E já tinha feito tudo.

Faria diferente hoje?

— Ah, se soubesse que eu não ia ser convocado, eu teria ido, teria jogado a Copa do Mundoesportesdasorte so2018 pela Alemanha, mas eu queria pelo Brasil. Fui convocado (para as Eliminatórias), mas para a boa que era a Copa, eu não fui.

Como torcedor do Brasil, como vê a Seleção e o momento do Neymar?

— Eu comecei a torcer muito mais para a Seleção agora que o Dorival está no comando. Com o Fernando Diniz também já estava torcendo bastante. A gente tem que torcer para o Brasil voltar a vencer, a conquistar títulos. É o país do futebol, o mundo deve ao Brasil, a gente precisa voltar aos trilhos e tenho certeza que o Dorival fará um grande trabalho, que os jogadores rendam na Seleção o mesmo que rendem nos clubes. A Seleção está bem servida.

— E sobre o Neymar, a gente tem que tratar o Neymar com muito mais carinho, o torcedor e a imprensa às vezes pegam muito forte com ele. Neymar é o melhor que nós temos agora depoisesportesdasorte soRonaldo, Ronaldinho Gaúcho, Rivaldo, essas feras que passaram, ele é o melhor que temos.

"A gente tinha que tratar o Neymar com mais carinho", diz Rafinha

– Temos que cuidar do Neymar, igual Portugal cuida do Cristiano Ronaldo, igual a Argentina cuida do Messi. Não estamos fazendo isso. Todos que estão na Seleção são bons, mas igual o Neymar não tem, é o melhor que nós temos. Temos que fazeresportesdasorte sotudo para sele voltaresportesdasorte soalto nível, aí teremos grandes chancesesportesdasorte sotrazer algo para o Brasil. Ele é o único que nós temos que faz diferença.

– Querem criticar? Critiquem quando ele jogar mal. Paremesportesdasorte sofalar da vida privada. Se pinta o cabeloesportesdasorte soamarelo ou azul, se a chuteira dele é verde, deixa ele à vontade. O Neymar é nosso craque, joguei contra e a favor. Temesportesdasorte socuidar deste moleque, se ele não jogar bem, aí falem. Não tem ninguém igual ao Neymar. Ele 50% é melhor que muitos. Torço para que esteja bemesportesdasorte sonovo. Ele é a nossa salvação.

Você trabalhou com Guardiola e Ancelotti, que já foram especulados para treinar a Seleção. Qualesportesdasorte soopinião sobre treinador estrangeiro para comandar o Brasil?

– Não, não, não, não gostaria. Pode ser o Guardiola, qualquer um, que eu não gostaria. Temos bons treinadores e treinador da Seleção tem que ser brasileiro. Com todo respeito aosesportesdasorte sofora, mas nós temos boa escolaesportesdasorte sotreinadores, bons treinadores aqui. É que o nosso torcedor, a imprensa quer resultado imediato e isso é o que falta para nós.

No relatório do Textor no ano passado, do 5 a 0 do Palmeiras sobre o São Paulo, você é um dos citados. O que você achou daquilo?

– Eu tive vontadeesportesdasorte sofalar algumas boas para ele, viu? Vou ficar quietinho, não vou responder, não. O São Paulo já fez a parte dele, mas ele foi um irresponsável, né?! As falas dele, o que ele diz éesportesdasorte souma irresponsabilidade muito grande. Um cara do calibre dele, respeitado no futebol europeu, dar umas falas daquelas e acusar essa situação foi bem irresponsável, mas não foi falar, não.

– O São Paulo vai tomar as providências. Um dia vou encontrar com ele pessoalmente e converso, estou com o inglêsesportesdasorte sodia e ele vai entender. Mas foi irresponsável, porque não pode acusar um jogador profissional e o São Paulo Futebol Clubeesportesdasorte souma situação daquelas.

Rafinha rebate acusaçõesesportesdasorte soJohn Textor: "Irresponsável"

Eesportesdasorte soque maneira você vê esse novo cenárioesportesdasorte sorealidade das apostas no meio do futebol, que tem causado episódios delicados?

– Eu vivi issoesportesdasorte so2010 na Itália. As pessoas falavam e eu não acreditava. É chato, estraga o futebol. Eu estava no Genoa quando teve esse escândalo na Itália. É uma coisa que a gente entende a situaçãoesportesdasorte socada um, mas não apoio e não passo pano, é horrível. Mas vi alguns garotos falando que estavam sem dinheiro, salário atrasado, isso e aquilo e vem a tentação, sem comida para a família, vem a fraqueza para abraçar a situação que acaba a carreira dele.

– É certo? Horrível, erradíssimo. Tem tanto paiesportesdasorte sofamília que sofre, não tem um centavo no bolso e não faz nadaesportesdasorte soerrado, não rouba. Não é certo, quem errou tem que ser punido e mancha o espetáculo. Imagina você entrar no campo para dar a vida e o outro estar na intençãoesportesdasorte sofazer um pênalti, fazer uma coisa.

– E mais errado ainda quem induz o outro a fazer uma merda dessa e estraga a carreira por causaesportesdasorte soR$ 30 mil. É um dinheirão? É, mas vai acabar a carreira por causa desse valor? Então, as pessoas que participam são erradas, mas também muito errado é quem induz.

Já falamosesportesdasorte soBayern, Seleção, Grêmio, e agora vamos falaresportesdasorte soFlamengo... O que você tem no seu coraçãoesportesdasorte sotudo o que viveu neste mundo Flamengo?

– Quando vi onde eu estava me metendo, eu vi que o negócio era muito maior do que eu imaginava. O Flamengo é um absurdo. Naquele momento, era a vontade dos torcedores que o Flamengo conquistasse uma coisa grande.

– Começamos a treinar durante a Copa América, e as pessoas parando na rua, por todo lado o Rioesportesdasorte soJaneiro inteiro Flamengo. Estreei contra o Goiás um domingo 11h da manhã. Nunca tinha jogado neste horário na minha vida. Primeira bola que eu pego, eu domino, dou chapéuesportesdasorte soum, chapéu no outro, dou uns toquesesportesdasorte socabeça e foi meu cartãoesportesdasorte sovisitas. Ganhamos por 6 a 1 e o bicho pegou. Na quarta-feira, já era jogoesportesdasorte sovolta contra o Athletico-PR e perdemos nos pênaltis.

Rafinha relembra Flamengoesportesdasorte so2019 e crava: "A gente sabia que iria ganhar"

– No fimesportesdasorte sosemana, fomos jogar contra o Corinthians e a torcida foi pegar a gente no aeroporto, protesto. Pensei: "Rapaz do céu, o que é isso? Duas semanas só que estou aqui". Fomos enfrentar o Emelecesportesdasorte soGuayaquil. Eles fizeram 1 a 0. O Diego quebrou a perna e no fim ainda tomamos um gol: 2 a 0. Falei: "Meu irmão, a casa caiu". Não podíamos ser eliminados.

– Fomos para o jogo do Emelec, depois do Morro da Mangueira era sinalizador para caramba, uma loucura. Abrimos 2 a 0 no primeiro tempo e acabamos levando para os pênaltis. Logo pensei do jogo com o Athletico-PR. Antesesportesdasorte soeu bater, o cara errou o pênalti, eu fui bater firme cruzado e fiz. Em seguida, o Emelec errou e depois daí eu realmente cheguei. Começou a minha vida no Flamengo.

Quem mais te impressionava naquela time?

– Era muito cara bom. O nosso ataque era a cara daquele time. Everton (Ribeiro) comigo na direita, Arrascaeta com Filipe na esquerda, Bruno Henrique e Gabigol. A "cozinha" era muito arrumada, o time encaixou. Aí, ninguém segurou mais a gente. Daí para frente, foi só alegria. Mas é aquilo: oito anos e meioesportesdasorte soBayernesportesdasorte soMunique eesportesdasorte soum mêsesportesdasorte soFlamengo vivi tudo isso que contei. Imagina se sai da Libertadores?

Rafinha ergue troféuesportesdasorte socampeão carioca — Foto: Marcelo Cortes / Flamengo

Vocês têm um grupoesportesdasorte soWhatsapp deste elenco. Conversando entre si, vocês têm noção do tamanho do que esse time representa?

– Hoje, depoisesportesdasorte soalguns anos e muitos saíram, outros já pararam, temos noção do que foi aquilo ali. Para nós, vivendo aquilo ali, foi muito intenso. É difícil você jogar no Brasil esses campeonatos longos e jogar com a certeza... Era difícil imaginar que tinha alguém melhor que nós. Não. A confiança era tão grande que a gente até brincava. O Gabigol falava que ia fazer dois, o Bruno Henrique também, então vai ser quatro. Era garantido.

– O Flamengo ganhou a Libertadoresesportesdasorte so2022, mas quem fala? E com uma campanha até melhor. Ganhamos Supercopa, Recopa, Carioca, Guanabara, Libertadores, Brasileiro, e jogando bem, o que é difícil. Manter um padrão no Flamengo, que é um clube gigante. Hoje, temos noção do que representa e que ficamos marcados não só pelos títulos, que é gostosoesportesdasorte soclube grande, mas pelo que a gente jogava, se divertiaesportesdasorte socampo, pelo que desempenhamos no Flamengo, a preparação, a caminhada...

A decisão da Libertadores completou cinco anos recentemente e mobilizou os torcedores nas redes sociais. Há ainda alguma históriaesportesdasorte sobastidores daquele diaesportesdasorte soLima que nunca foi contada?

– Para mim, foi a primeiraesportesdasorte soLibertadores, mas tinha jogado na Europa, Liga dos Campeões, Mundial, um monteesportesdasorte sojogo grande, já tinha vivido e para alguns não. Um dia antes do jogo, eu falei: "Fizemos samba o ano inteiro, churrasco ano inteiro, e agora na final não vamos fazer? Na boa nós vamos quebrar o patuá? Não, não, não". Falei com os roupeiros para levarem os instrumentos para o vestiário e quando acabar o treino ia ter samba, as dez mais para quebrar o gelo e ficar tranquilo.

– Estava todo mundo tenso e preocupado, mas os caras não queriam. Cada um foi para o chuveiro, banheira, todo mundoesportesdasorte sotoalha, e eu comecei o samba. O mais legal naquele momento foi que precisávamos quebrar aquela ansiedade. Saímos do Rio com a torcida levando a gente até o Galeão, avião saindo, helicóptero no Ninho. Nem eleição nos EUA tinha aquilo ali. Para sairesportesdasorte soVargem Grande foi quase duas horas. Não dava para fazer nada. Isso gera o quê? Ansiedade.

– Foi bacana demais, foi muito legal. Esse samba também foi maravilhoso, todo mundo veio, o Mister veio, o Braz participou, diretoria, comissão... Foi um samba legal mesmo e deu uma quebrada. Foi isso que ganhou o jogo? Não, mas deixou a gente mais tranquilo para a situação que estávamos vivendo e ficamos maisesportesdasorte soboa para o dia do jogo.

Teve samba também na final da Copa do Brasil, um título que o São Paulo nunca tinha vencido?

– Fizemos também, fizemos ali no barbeiro antes do jogo. Alguns não gostaram, ficaram meio tensos achando que estávamos contando vitória, mas não... Isso faz bem, dá uma descontraída, foi um samba legal.

E qual foi a pressão naquele momento?

– Aqui foi pior ainda. O que eu vivi no Flamengo na Libertadores, o São Paulo fez na final da Copa do Brasil. O que fizeram na saída para o primeiro jogo, nunca existiu no São Paulo na história, nem quando foram campeões do Mundial.

Na véspera da semifinal com o Corinthians, havia uma decisão da Polícia para impedir esse tipoesportesdasorte somanifestação e soubemos que você tentou reverter isso...

– Na verdade, foi o (Carlos) Belmonte (diretoresportesdasorte sofutebol do São Paulo). Eu e o Calleri falamos com ele que precisávamos da torcida. A torcida do São Paulo faz essa recepção como ninguém. Na arquibancada, eles dão show, sem querer fazer média com a torcida. Mas o que eles fizeram ali, pelo amoresportesdasorte soDeus, os caras incendiaram o Morumbi. Não tinha como. Estávamos a uns 300 metros do estádio e começou os caras empurrando o ônibus, rojão, bandeira para tudo quanto é lado.

Rafinha ergue a taça da Copa do Brasil, vencida pelo São Paulo — Foto: Ettore Chiereguini/AGIF

Você falou que participou da vindaesportesdasorte sojogadores para o São Paulo, houve também o caso do James... Vai trabalhar muito nas fériasesportesdasorte sobuscaesportesdasorte somais reforços?

– (risos) Quando o pessoal da diretoria pede ajuda, a gente liga, mas temos dirigentes e diretores muito competentes para isso, analistas. Quando dá, a gente liga... Liguei para o James, Lucas, Ferreirinha, Luiz Gustavo, para todo mundo. Mas o pessoal do clube é muito capacitado para isso, está monitorando todo mundo. Se precisaresportesdasorte souma ajuda, pode ter uma ligação chamando para o nosso lado. Isso faz diferença também.

Você é um cara marcado pela liderança. Estamos falandoesportesdasorte sotabus no meio do futebol e um deles é a dificuldade que jogadores gays têmesportesdasorte soexternar a orientação deles. Em um caso hipotético, se um colega no vestiário te pedisse uma opinião, você aconselharia a sair do armário?

– Eu não tenho preconceito nenhum com essas coisas, não. Eu vi na Alemanha, um país que o futebol feminino é gigante, mas aqui fica issoesportesdasorte sofutebol ser só masculino e tem esse problema. Mas cada um temesportesdasorte sovida. O cara está feliz e quer seguir a vida assim? Respeito. Eu vou saber o que o cara faz da vida pessoal? Não me interessa.

– O ambiente atrapalha, porque tem muita gente que não tem essa maturidadeesportesdasorte soum vestiário só com homem. Não vou ser hipócrita, eu sei que é difícil e passei por isso na Alemanha. Alguns jogadores assumiram no Sttutgart e depois tiveram problemas até entre eles. O futebol é uma escola da vida e às vezes o cara tem um preconceito e não gosta. Falando por mim, se um dia alguém perguntar, eu falo para levar a vida feliz, mas os caras têm medo também da sociedade, o torcedor...

– Não vamos ser hipócritasesportesdasorte sofalar que tudo é bonzinho, porque não é. Temos um país que tem a mentalidadeesportesdasorte sofutebol para homens e tem gente que não aceita. Falando por mim, cada um levaesportesdasorte sovida, se é gay ou não, se quer se abrir ou não, eu respeito. Quem sou eu para julgar ou falar o que cada um tem que fazer. Se viesse me consultar, eu daria minha opinião na boa sem preconceito. Às vezes, tem alguém com a gente ali no dia a dia, é gay, e ninguém sabeesportesdasorte sonada.

Voltando para essa reta finalesportesdasorte socarreira, você já decidiu o que fazer depois que parar? Pensaesportesdasorte soficar no futebol?

– Eu quero virar a chave do atletaesportesdasorte sofutebol profissional, sair e me preparar. Fazer estágio na Alemanha, Inglaterra, Espanha, ir nos treinadores que trabalhei e fazer estágio. Aqui no Brasil também... Em 2026, quero começar minha carreira como treinador. Sei que a caminhada é difícil, mas vou trabalhando, me dedicar, fazer o que tiver que fazer, paraesportesdasorte so2026 estar na beira do campo como treinador.

Você já comentou sobre trabalhar com o Filipe Luís. É realmente uma possibilidade?

– Tem a possibilidadeesportesdasorte soum dia trabalhar junto. O Filipe é meu irmão, mas tenho convite do Jorge Jesus, do Xabi no Leverkusen... Tenho bastante convite para ser segundo, estar junto e aprender. Vou decidir ainda, começar como auxiliar, fazer estágio.

São 32 títulos, entre eles Champions, Mundial e Libertadores. Qual o tamanho do Rafinha para o mundo do futebol?

– Em relevância? Sou suspeito para falar isso, mas tem que respeitar o velhinho, né?!

Como o Márcio definiria o Rafinha?

– É cobra criada, né?! É um vencedor, tem que respeitar. Um privilegiado. É difícil você ser campeão uma vez, tem jogador com dois, três títulos na carreira toda, olha quantos eu tenho? Eu agradeço muito a Deus e não peço nada. E tem que respeitar o nego velho, para ganhar tudo isso aí não é fácil, não. Dá para contar história. Até brinco com o Doutor Sanchez que se juntar nós dois, todos os títulos, dá para enrolar umas cinco múmiasesportesdasorte sotanta faixa.

– Eu sou um privilegiado e vencedor na minha vida, principalmente. Os títulos são consequência do que fiz na carreira, mas sou privilegiado. É o que eu falo para os moleques que eu sou um cara chato, mas se eles forem chatos como eu e vencedores, ótimo. Sou chato, cobro, mas sou vencedor. Tiro onda, faço um samba, mas quando é para pegar doído, eu pego.

– De que adiante ser simpático e não ser vencedor, não ganhar título? Aí, não. Sou chato, cobro, procuro ser exemploesportesdasorte sotodos os sentidos, chegar cedo, dedicação, eu sou chato e todo mundo do São Paulo sabe. Pego no péesportesdasorte sotudo, reclamoesportesdasorte sotudo, mas sou campeão. Prefiro ser assim: um chato vencedor do que um simpático que não ganha nada.