Aos 43 anos, Ricardo Oliveira ainda mantém o físico e a rotinajogo que dá para jogartreinamentosjogo que dá para jogarum atleta. Acorda cedo, corre 10kmjogo que dá para jogarmédia por dia e faz treinosjogo que dá para jogarmusculação e boxejogo que dá para jogaruma academia própria, dentrojogo que dá para jogarcasa.
Abre Aspas: Ricardo Oliveira revela aposentadoria e reflete sobre trajetória no futebol
Estarjogo que dá para jogarforma não é e nunca foi um problema para ele, mas os efeitos do tempo são inevitáveis. De uns meses para cá, Ricardo Oliveira tem lembradojogo que dá para jogarum conselho que ouviu do ex-lateral Cafu, com quem jogou no Milan:
– Ele falou para mim lájogo que dá para jogar2006: "Garoto, não coloca números. Vai até onde a cabeça estiver bem, estiver feliz. Vai acordar no dia seguinte e, se a cabeça falhar, pensar 'pô, que saco levantarjogo que dá para jogarmanhã para ir treinar', pode parar, porque você vai deixarjogo que dá para jogarfazer aquilo que sempre teve paixãojogo que dá para jogarfazer, que é jogar futebol."
A paixão pelo futebol ainda está lá, mas Ricardo Oliveira decidiu que é horajogo que dá para jogarparar. Em entrevista ao Abre Aspas, do ge, o artilheiro e multicampeão anunciou a aposentadoria.
– A idade chegou e está tudo certo. Não tem problema, ninguém resiste à idade, ao tempo. Chega para todos, chegou para mim – disse o agora ex-jogador, que até março estava no Brasília, clube que acabou rebaixado no campeonato do Distrito Federal.
Ricardo Oliveira encerra a carreira sentindo-se realizado. Vestiu a camisajogo que dá para jogargrandes clubes do Brasil, venceu títulos importantes, como Liga dos Campeões e Copa da Uefa, e chegou à seleção brasileirajogo que dá para jogardiferentes momentos: ainda jovem,jogo que dá para jogar2002, e depois aos 35 anos,jogo que dá para jogar2015.
Em maisjogo que dá para jogarduas décadas como jogador, acumulou 800 jogos, 390 gols e também algumas frustrações, como não disputar a Copa do Mundojogo que dá para jogar2006, devido a uma lesão no joelho, e ficar fora da finalíssima da Libertadores do mesmo ano, pois seu contrato com o São Paulo acabava uma semana antes do jogo decisivo contra o Internacional.
Nesta entrevista exclusiva, Ricardo repassa a trajetória no futebol, diz ter sofrido preconceito religioso por fazer pregações evangélicas, relembra a rivalidade que criou com o Palmeiras e revela os planos para o futuro. Confira!
- Nome: Ricardojogo que dá para jogarOliveira
- Profissão: ex-jogador, pastor evangélico e empresário
- Idade: 43 anos
- Carreira: Seleção brasileira, Portuguesa, Santos, Valencia, Bétis, São Paulo, Milan, Zaragoza, Al-Jazira, Al-Wasl, Atlético-MG, Coritiba, São Caetano, Athletic e Brasília.
ge: Na apresentação que gravamos para abrir essa entrevista você disse ser "atleta profissionaljogo que dá para jogarfutebol". Porém, no bate-papo que tivemos antes, você conjugou o verbo no passado: "quando eu era jogador". Afinal, você ainda está na ativa ou decidiu se aposentar?
Ricardo Oliveira: – Eu acho que o futebol está dentro da gente, né? Quando os caras falam "é tão difícil parar", não é porque na cabeça do atleta ele pensa que chegou o momento. Que ele falou "bom, agora acho que acabou mesmo. Agora vou fazer outra coisa". Ele continua sendo atleta, não é na cabeça. Eu,jogo que dá para jogarfato, decidi. Eu já encerrei a carreira como atleta profissional. Eu estou decidindo agora junto com meu assessor uma data para a gente fazer um jogo festivo. Ainda não consultei nenhum clube para ver essa possibilidade, mas com certeza veremos.
– Como atleta profissional eu não atuo mais. E se tiver alguém pretendendo (contratar) o Ricardo Oliveira, sinto muito (risos). Mas acho que já passou essa fase. Até recentemente, no mês passado, eu fui procurado por pessoas que estão gerindo clubes e me chamaram para jogar. Eu agradeci e disse que agora está decidido na minha cabeça.
Quais foram os sinais que você foi recebendo do próprio corpo e da vidajogo que dá para jogarque era o momentojogo que dá para jogarparar?
– Antes dessa experiência, a última que eu tive lájogo que dá para jogarBrasília, eu já estava partindo para isso. Já tinha conversado com a minha esposa, falado com a família sobre isso e a minha cabeça sempre foi muito boa nesse sentido. Para mim não foi uma crise. Do tipo: e agora que que eu vou fazer? Vou pararjogo que dá para jogarjogar e agora? E a vida como vai ser? Não. Fiz uns cursos na CBF para entender um pouquinho mais, ter uma visão um pouco mais sistêmicajogo que dá para jogarfutebol. O que eu, enquanto atleta, só estava enxergando aquele campo verdejante, aquele terreno, aquele não é só um retângulo que eu jogava. Você sai um pouquinho dessa visão e você enxerga uma complexidade total, não é?
– Mas aí me veio um convite para jogar o campeonato lájogo que dá para jogarBrasília e eu fui. Achei que era interessante. E acabei fazendo na prática o que eu aprendi no curso. Ajudei um pouquinho lá o presidente a fazer uma gestão no clube, organizar um pouquinho. Pra mim, foi uma experiência bacana e aí depois disso realmente eu tinha decidido que que eu iria parar. 23 anosjogo que dá para jogarcarreira profissional muito intensa. 43 anos. A idade já estava pesando. Poxa, mantinha o meu "shape", era um cara que treinava sempre, mas já estava entendendo que estava na reta final da minha carreira. Eu falei 'bom, então essa vai ser a minha última experiência'. Eu conversei com a minha esposa, já estava decidido que realmente eu não ia mais continuar. Então, acho que foijogo que dá para jogartudo um pouco.
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Por que você jogou até os 43 anos? Foi a paixão pelo futebol? Achava que faltavam jogadores najogo que dá para jogarposição?
– É uma pergunta muito boa. Realmente,jogo que dá para jogarprimeiro lugar, paixão. Paixão mesmo. Eu vivi intensamente o futebol. Eu sou apaixonado por futebol. Hoje eu paro para assistir futebol. A gente senta, a gente discute futebol. Enquanto eu estava jogando, eu estava estudando futebol. E vendo como está o cenário nacional a gente fica um pouco triste, porque a gente vê o potencial que o Brasil tem. A questãojogo que dá para jogarvocê revelar jovens atletas que estão vindo aí e conseguir estruturar melhor esse futebol para manter os atletas que estãojogo que dá para jogarascensão. Segurar mais tempo no Brasil os jovens talentos que a gente continua revelando para criar mais vínculo com o clube. Enfim, a paixão é o que me manteve jogando até recentemente, aos 43 anos.
– Como eu falo, jamais vou conseguir retribuir ao futebol tudo que o futebol me deu. Nunca, jamais, impossível. Eu sou um menino que a probabilidadejogo que dá para jogarsair do lugarjogo que dá para jogaronde eu saí era muito pequena, então eu venci graças ao futebol. Por isso que eu sempre vou falar para as pessoas: quando você for falar que o futebol está perdido, que o futebol é sujo, pensa direitinho. Não é o futebol que está perdido, não é futebol que é sujo. Pelo contrário. O futebol me tiroujogo que dá para jogarum contexto extremojogo que dá para jogarpobreza, delinquência, esses tiposjogo que dá para jogarcoisas, me deu dignidade, condições para poder cuidar bem da minha família, para planejar o meu futuro, para poder ser um exemplo muito positivo na vidajogo que dá para jogarmuitos jovens atletas que eu tive é o privilégiojogo que dá para jogarconduzir.
– Eu acho que o futebol é maravilhoso. Ele continua sendo um agente poderosojogo que dá para jogartransformação. E é por isso que nós precisamos cuidar bem do futebol. Eu acho que essa paixão pelo futebol me fez sentar e aprender. É um mundo muito complexo e precisajogo que dá para jogarpessoas competentes para fazer futebol.
Pelo que você fala, podemos entender que você seguirá trabalhando no futebol...
– Sem sombrajogo que dá para jogardúvidas. Eu falei que não conseguiria pagarjogo que dá para jogarvida, mas vou retribuir. Vou dedicar o que me restajogo que dá para jogarvida ao futebol. Eu fiz o cursojogo que dá para jogargestão,jogo que dá para jogarexecutivojogo que dá para jogarfutebol. Na CBF eu tive professores incríveis. Profissionais que estão hoje nos grandes clubes e que deram aulas para a gente falando do que é a complexidade, uma visão mais sistêmicajogo que dá para jogarfutebol. Eu fui lembrando dos executivos, dos diretores com quem eu trabalhei, que por causa dessa pressão, dessa tensão tão forte do futebol, começaram a ter problemasjogo que dá para jogarpele. O corpo começou a reagirjogo que dá para jogaruma outra maneira, o cara não conseguia dormir bem, então vive uma pressão. Todos vivem. O que o torcedor enxerga aí do outro lado é totalmente diferente do que a gente vive aqui dentro, um atleta profissional, um diretor executivo. Ele pode estar indo bem ou não, mas falar que o atleta, o profissional da área não sente essa pressão não dá.
– E aí vem outras coisas que acabam acarretando problemas psicológicos. Os problemas familiares, né? Eu acho que seria algo muito importante a ser discutido: como você faz essa gestão na vidajogo que dá para jogarum atleta? Como você pega um cara, dá camisajogo que dá para jogarum grande clube para ele, com uma torcidajogo que dá para jogar40 mil, 50 mil todo jogo... Uma massajogo que dá para jogartorcedores que aonde ele vai os olhos dos torcedores estãojogo que dá para jogarcima dele, põe esse cara para jogar e acha que está tudo bem? Não é assim. Ele precisa se preparar fisicamente, tecnicamente, taticamente e psicologicamente.
– Hoje os atletas começaram a levantar a mão e pedir socorro. Eu soujogo que dá para jogaruma geração que se o atleta fizesse isso daí, era uma demonstraçãojogo que dá para jogarfraqueza. Hoje, é uma necessidade mental. Saúde. Levanta a mão, fala assim: "eu precisojogo que dá para jogarajuda, estou com problema". De onde vêm esses problemas? Precisa ser tratado isso daí.
E você acha que pode colaborar mais com esse atleta trabalhandojogo que dá para jogarum clube ou diretamente com jogadores? Aí não sei se na áreajogo que dá para jogaragenciamento, na áreajogo que dá para jogarmentoria...
– Eu estou me permitindo a praticamente tudo no futebol. Estou fazendo cursos, aprendendo, sentando com pessoas, indo aqui na federação, sentando com Mauro Silva, que para mim é uma referênciajogo que dá para jogargestor. Um cara íntegro, muito qualificado, que se preparou. Eu também gosto desse outro ladojogo que dá para jogardesenvolvimento humano, é uma coisa que queima no meu coração. Eu amo pessoas. O futebol não se resumia só a treinar e ir embora, eu dedicava tempo, sentava, pegava o menino: "e aí, como é que está? Vamos treinar mais um pouquinho? Eu vou fazer isso aqui, bora?". Ouvir os problemas que eles enfrentamjogo que dá para jogarcasa, cuidarjogo que dá para jogarpessoas. Acho que é fundamental, o sentido da criação nunca foi reinar sozinho, o homem precisajogo que dá para jogarpessoas.
– Essa é uma área no desenvolvimento pessoal que eu estou me capacitando, estou estudando para isso. Eu precisava me aperfeiçoar nessa área, porque para mim nunca foi suficiente jogar 23 anosjogo que dá para jogarcarreira profissional e falar "agora eu posso ser o treinador, vou ser o melhor treinador. Nenhum treinador presta. Agora eu vou ser o melhor treinador, porque eu joguei com grandes jogadores, frequentei a seleção brasileira e agora eu quero ensinar todo mundo". Pelo contrário, seijogo que dá para jogarnada.
– Preciso sentar, preciso entenderjogo que dá para jogartática, preciso entenderjogo que dá para jogargestãojogo que dá para jogarpessoas, preciso entender como é que funciona, como é que ele monta o time. O técnico tem 15 (jogadores) que amam ele, no máximo, o restante vai odiá-lo. Eu vi as crisesjogo que dá para jogarcada treinador. Viver isolado, solitário, treinador não participajogo que dá para jogarchurrasco na casajogo que dá para jogaratleta, não participajogo que dá para jogarfestajogo que dá para jogarfilhosjogo que dá para jogaratletas. Porque no Brasil tem a culturajogo que dá para jogarque se ele participar, ele é paneleiro. Então ele não pode ser próximo do atleta, só lá no campo. Vida solitária. O cara assume um compromisso pra jogar, pra treinar um clube, a família fica, ele vai sozinho. Morajogo que dá para jogarhotel. Se der errado,jogo que dá para jogartrês meses é mandado embora.
Pelo visto, ser treinador não anima muito você.
– Não, eu nunca sonhei com isso. Apesarjogo que dá para jogaralguns amigos falarem para mim que eu tenho perfil, tenho liderança, sei me comunicar... Mas se não queimar dentrojogo que dá para jogarmim, não adianta. Nunca foi a minha paixão, nunca foi um sonho meu, um desejo. "Ricardo, será que amanhã ou depois você não poderia?". Eu nunca vou falar aqui que não. Mas, enquanto eu estiver com essa cabeça que tenho hoje, para mim não é uma opção.
Você comentou que na passagem pelo Brasília, essa última najogo que dá para jogarcarreira, já exercitou um pouco do lado dirigente. Pode explicar melhor?
– Foram dois meses só. Sentei com o presidente que me fez o convite e falei que aquilo estava muito distante do futebol profissional. Muito, não é pouco. Anos-luz. Isso aqui não é futebol profissional. Você tem que mudar isso daí, se você quer fazer futebol, você tem que fazer futebol profissional.
– Cheguei a Brasília e vi a situação. Perguntei: e a minha programação? Estou chegando hoje, amanhã qual é o horário do meu exame? Não tinha. Eu sei, eu vim para cá porque eu quis. Eu estou aquijogo que dá para jogarcorpo e alma, eu vou te ajudar no que você precisar. Está com dificuldade nisso? Bom, se eu não souber, pode ter certeza que eu vou pegar o meu telefone, vou ligar para alguém e resolveremos. O que que eu posso fazer aqui? Mas eu vim para cá, eu fui contratado para jogar futebol. E pode ter certeza que eu vou procurar entregar isso dentrojogo que dá para jogarcampo. Agora, fora, conta comigo. O que aconteceu? Eu jogava e aí todos os dias estava sentado com o presidente para alinhar do goleiro, falar que o atleta não podia ter aquele tipojogo que dá para jogarinstalações...
Esse seu ladojogo que dá para jogaraconselhar foi muito falado, especialmente naquele seu retorno ao Santos. Por um lado era elogiado, mas também havia críticas nos bastidores, principalmentejogo que dá para jogarempresários falando que você aliciava atletas e os indicava para o seu agente. Isso realmente aconteceu? Essa proximidade com os jogadores acabou dando abertura para outro tipojogo que dá para jogarrelação?
– Acho que essa é uma pergunta muito boa e oportuna para a gente poder responder aqui, porque se você for procurar esse tipojogo que dá para jogarconversa que saiu... Quantos atletas, desses aí, trabalharam com meu empresário? Da minha épocajogo que dá para jogarSantos? Nenhum.
O Thiago Maia não?
– Nem Thiago Maia, nenhum. Nenhum desses atletas chegou a trabalhar com meu empresário. O que acontece, que é muito natural, é a gente sentar e conversar, cada um começar a falar se está feliz com seu empresário. Eu fiquei com o meu um período e depois saí. Trabalhei, foi legal, depois mudou. Isso é muito natural, vale para tudo na vida. Pode ser por um corretorjogo que dá para jogarseguros. Eu entendia e respeitava, nunca tive a oportunidadejogo que dá para jogarjustificar, porque achava que era desnecessário. Nenhum dos atletas dessa época trabalhou com o meu empresário.
Nessa áreajogo que dá para jogaragenciamento você pensajogo que dá para jogartrabalhar?
– Agenciar a carreirajogo que dá para jogarum atleta é o que todo mundo sonha. A grande maioria gostaria e é muito comum acontecer isso hoje. Acho muito bom, quanto mais atletas profissionais puderem se envolver no meio do futebol, melhor. Desde que se capacitem para isso. A capacitação é fundamental, não só como agentesjogo que dá para jogarfutebol. Mas também como gestores, executivosjogo que dá para jogarfutebol... Eu acho que o futebol ganha muito com isso. Se eu contemplo? Sem sombrajogo que dá para jogardúvidas. Eu precisaria estudar, sentar, aprender muito, ouvir pessoas desse mercado que já são autoridades, que sabem como fazer e aprender com esses caras, que realmente ganharam o mundo aí fazendo o gerenciamentojogo que dá para jogarcarreirasjogo que dá para jogaratletas.
Você nunca escondeujogo que dá para jogarreligião, inclusive sempre comemorava gols levantando as mãos para o céu. Como foi lidar com a religiosidade dentro dos clubes?
– Eu tive a minha primeira experiência com Cristo com 19 para 20 anos. Eu estava na transição da base da Portuguesa para o profissional e comecei a participar das reuniões dos atletas que eram feitas nas concentrações. A partir daí, eu tomei a decisãojogo que dá para jogarentregar minha vida para Jesus com 20 anos. Com o passar do tempo, fui realmente assumindojogo que dá para jogaruma forma muito tranquila essa responsabilidade ou liderança naturaljogo que dá para jogarpoder fazer essas reuniões.
– Elas são assim: cada concentração tem um período que está vago. A gente coloca lá que estará reunido no quarto tal às 9h da noite e vai ter um tempo aqui com Deus, ler uma palavra, ter um louvor. A gente coloca louvores numa caixinha e cada um tira e lê. Era bem legal, porque os atletas interagiam com o louvor. "Eu que vou colocar, eu que vou escolher". Normalmente eu era o encarregado semprejogo que dá para jogartrazer uma reflexão bíblica. Depois que eu passei a liderar, a partir daí, teve lugares que eu fui e já tinham as reuniões.
– Em alguns lugares, eu sofri um tipojogo que dá para jogarpreconceito,jogo que dá para jogarser convidado a me retirar e parar com aquilo dentro do clube. "Olha, não quero mais que você continue com isso aqui. Porque isso não se mistura com futebol, ok? Não gosto e não quero que que continue". Sabe que eu fiz? Parei, respeitei na hora. Tudo bem, não será feito mais.
– Sempre respeitei todas as autoridades. Eu entendo que todas são constituídas por Deus. Ficou claro para mim que não eram as pessoas, era ele (treinador) que não gostava. Ele é o treinador e mandou parar. Eu parei, chamei os atletas e comuniquei o pessoal, que ficou meio sem entender. Eu falei: "tem que parar, é autoridade. O treinador pediu. Não vamos poder mais se reunir aqui. Mas está tudo bem, gente. Ele não impediu vocêjogo que dá para jogarservir a Cristo. Ele não impediu vocêjogo que dá para jogarir à igreja. Ele não impediu você no seu quarto, se quiser, fazer ajogo que dá para jogarleitura bíblica no seu quarto".
Você pode falar quem foi?
– Não falo. Nunca falei, eu quero preservar. Eu vejo muitojogo que dá para jogarmoda hoje algumas pessoas levantando a mão e falando do grupo dos evangélicos. Para muitos, é um câncer dentrojogo que dá para jogaralguns clubes. Para mim, é vida. Para mim, muitos jovens foram transformados atravésjogo que dá para jogaruma palavra que foi liberada, atravésjogo que dá para jogaruma oração que foi feita.
Mas esse tipojogo que dá para jogarproibição, para que a gente entenda melhor, aconteceu uma única vez? Com um único treinador?
– Aconteceu mais vezes, e hoje eu vejo como isso cresceu dentro do futebol. E eu preciso, também para ser muito honesto quanto a isso, dizer que muitos treinadores apoiaram. Alguns treinadores pediam para que eu levasse a palavra para o grupo, pediam para que eu cuidasse desse ou daquele. Eles me chamavam muita das vezes e falavam: "estou sabendo que esse daqui está quebrando muito, leva ele para oração". Muitos atletas têm levantado a bandeira do evangelho. Eu nunca me envergonhei. Desde 2000, quando eu me converti, quando eu comecei a jogar, a minha comemoração foi sempre apontando o dedo para o alto, porque a Deus eu devo a minha vida, porque pra mim só faz sentido quando eu me conecto com Deus.
Essa proibição é algo que você aceita com naturalidade ou é algo que te toca?
– Isso me toca, porque eu entendo que levar Deus para as pessoas não pode ser nada pejorativo, nem negativo, nem ruim. Mas entendo que dentro daquele ambiente, se ele acha que está fazendo mal para as pessoas... Porque eu não acho. Estava fazendo mal para uma pessoa. Entendi o fatojogo que dá para jogareu ser proibidojogo que dá para jogarfazer uma reunião, um culto dentro da concentração. Nunca chegou no treinador que os atletas estavam insatisfeitos. O treinador disse assim: "eu não gosto, porque eu não compactuo com o mesmo dogmajogo que dá para jogarfé que você profere. Ok, é porque a gente diverge naquilo que a gente crê. É uma questãojogo que dá para jogarcrença. E eu, como treinador, não quero'". Volto a falar: se fosse uma insatisfaçãojogo que dá para jogarum grupo, ok. Mas erajogo que dá para jogaruma pessoa.
– Isso não atrapalhoujogo que dá para jogarnada, continuei treinando, continue dando o meu melhor. Todas as vezes que eu fazia gol, comemorava sempre do mesmo jeito. Aliás, até o meu nome eu perdi. Ninguém me chamava maisjogo que dá para jogarRicardo, era pastor há anos, desde quando eu voltei aqui para o Brasil. Então é isso e está tudo bem. Quando os clubes me contratavam, estavam contratando um profissional exemplar, que ia entregar o que eles queriam, ia entregar comprometimento. Ia entregar gol. Sempre um carajogo que dá para jogargrupo, muito positivo, que trabalhou dentro desse contexto coletivo, sempre priorizando o grupo. Não é por acaso que os lugaresjogo que dá para jogarque eu passei eu fui capitão. E um capitão é o elenco que escolhe. "Ah,jogo que dá para jogaralguns clubes, é o treinador." Não, porque se o elenco rejeitar ele, não importa.
Por que você não gostajogo que dá para jogarcitar o nome dos treinadores que proibiram seus cultos?
– Porque eu acho que é desnecessário. Eu não quero incitar ódio. Porque eu sei que tudo que a gente fala hoje você pode ser mal interpretado. Eu tenho um cuidado com as palavras que eu falo. Você sabe quem foi o cara que me mandou embora do Corinthiansjogo que dá para jogar1999? Não? Porque eu não falo.
Pelo que você fala, entendo que esses treinadores que te proibiramjogo que dá para jogarmanifestar a religião foram exceções, certo?
– Sim. Hoje tem treinadores que até pedem para os atletas que lideram as células estejam mais próximosjogo que dá para jogarum jogador que,jogo que dá para jogarrepente, está dando mais trabalho. Eles entendem que é um bem. Não é uma ideiajogo que dá para jogar“o que que esse cara tá fazendo aqui, velho? Esse cara está aqui e não quer jogar, esse cara está aqui e só quer fazer igrejinha.” Como eu já ouvi, né? “Pô, esse cara só quer fazer a igrejinha. Esse cara faz gol agora e só dedinho pro alto. Pô, eu queria alguém que fizesse gol e fizesse alguma coisa assim (na comemoração)” Pô, está tudo certo. Só que eu que fiz o gol (risos).
Você ouviu críticas, coisas ruins por ser religioso?
– Sim, eu ouvi bastante. Mas eu ouvi mais coisas boas. Com certeza essas perseguições contribuíram para o avanço do evangelho no meio do futebol.
– É a história da igreja. Quanto mais perseguiam a igreja, mais ela crescia. Quanto mais batiamjogo que dá para jogarmim, mais gol eu fazia e mais dedinho para o alto eu colocava. Não é porque eu queria afrontar, é porque é o meu jeitojogo que dá para jogaragradecer a Deus. Volto a falar: era para eu ser um traficante, um drogado, um alcoólatra, eu cresci no meio da favela, tive todos esses exemplos.
– Eu entrei com 11 anosjogo que dá para jogaridade no Pavilhão 9 (da penitenciária do Carandiru) para visitar o meu irmão, que depois que meu pai morreu deixoujogo que dá para jogarjogar bola, se meteu com coisa errada e pagou por isso. Fiquei perplexo com aquelas paredes escuras, com aquela gritaria e tudo. Eu falei para minha mãe: pelo amorjogo que dá para jogarDeus, nunca mais a senhora me traz nesse lugar, eu não quero nunca mais, uma cenajogo que dá para jogarterror. Eu tive problemas psicológicos com isso.
– Na escola onde eu estudava era oferecido droga para mim. Eu nunca usei droga. Eu fugi dessas coisas porque a minha mãe sempre falou assim: “Filho, tudo aquilo que você conquistar, que seja com suor do seu rosto, você seja um trabalhador e um homem honesto. Eu tive pouco tempo com meu pai, o perdi com oito anos. Na favela, minha mãe construiu uma vendinha pequena, que vendia doces, balas, e eu trabalhava lá desde pequenininho. Eu tenteijogo que dá para jogartodas as formas ser feliz. Eu tenteijogo que dá para jogartudo até os 19 anos, tentei ser cantor, tentei fazer um montejogo que dá para jogarcoisa e jogava bola, mas eu não me encontrei no mundo. Não entendia por que eu estava vivendo. Cristo me trouxe sentido, me fez entenderjogo que dá para jogaronde eu vim, por que estou aqui, para onde eu irei. Ele me deu proposta, significado. Isso é minha missãojogo que dá para jogarvida, poder levar o bem as pessoas. Eu acredito que Deus é você levar o bem para as pessoas.
Como planeja seu jogojogo que dá para jogardespedida?
– São situações que a gente ainda está pensando. Eu quero que seja no Brasil. O clube que eu comecei foi a Portuguesa, e muitas pessoas falam: “você saiujogo que dá para jogarlájogo que dá para jogaruma forma tão ruim.” Eu ia fazer 23 anos quando saí da Portuguesa. Não tinha cabeça que eu tenho hoje. Hoje tenho um contato com o presidente. E outra coisa:jogo que dá para jogartodas as minhas vendas a Portuguesa ganhou direitojogo que dá para jogarformação. O Santos, no Brasil, foi o clube que eu mais joguei. E eu sempre falei que o meu coração tem um pouco do São Paulo. Quando eu vim para cá,jogo que dá para jogar2006, estava machucado e fiquei fora da Copa por causa dessa lesão. Eu me machuqueijogo que dá para jogarnovembrojogo que dá para jogar2005 jogando contra o Chelsea pelo Bétis.
– Eu vim para o São Paulo, que cuidoujogo que dá para jogarmim, me recuperou. Eu voltei a jogar com cinco meses e meio, se não me falha a memória, depoisjogo que dá para jogaruma lesãojogo que dá para jogarcruzado anterior. O São Paulo me abraçou, cuidoujogo que dá para jogarmim, me deu colo, me devolveu para o mercado e o Bétis não me deixou jogar aquele segundo jogo da final da Libertadores que eu nunca consegui perdoar. Mas a minha performance no São Paulo me levou para o Milan para ser campeão da Champions, eu reconheço isso. Um detalhe, para quem não sabe: o São Paulo,jogo que dá para jogar2006, me mandou a medalhajogo que dá para jogarcampeão brasileiro e me colocou no pôster, com o Lugano, que também saiu no meio da temporada.
– Devo muito ao São Paulo, tenho muito carinho e respeitojogo que dá para jogarverdade por esse clube que me abraçou e cuidoujogo que dá para jogarmim num momento muito difícil. No melhor momento da minha carreira, na Europa, eu me machuco, fico fora da Copa, e o São Paulo vem, me recupera, me joga para cima, faz eu me sentir jogador novamente, me sentir importante e me devolve para o mercado europeu, eu vou para o Milan. A segunda passagem também foi vitoriosa, foi boa, fiz muitos gols. Mas foram períodos curtos.
– Então são possibilidades que eu estou falando para vocês, eu nem procurei ninguém para falar sobre essa situação. Seria interessante um desses três clubes para fazer esse jogo festivo e aí coroar a carreira, né? Reunir amigos e as pessoas que admiram o meu trabalho, seria legal.
No São Paulo, você jogou na épocajogo que dá para jogarque o Juvenal Juvêncio era presidente. Uma coisa que permeia muito o imaginário do futebol é a questão do bicho, a premiaçãojogo que dá para jogardinheiro. Com ele tinha muito disso mesmo?
– Tinha. Era impressionante a forma que ele fazia, a formajogo que dá para jogarmotivar, ele gostava desse negóciojogo que dá para jogaro jogador ir até ele e pedir, sabe? Ele tinha esse negóciojogo que dá para jogarque o jogador fosse até ele falasse: poxa, você é o nosso pai, você pode melhorar o nosso bicho. Ele esperava esse momento. Também vi ele bater forte na mesa e cobrar veementemente a gente dentro do vestiário. Ele fazia, é verdade, dava bicho, dobrava bicho no vestiário... A gente pedia, fazia aquele coro e aí ele: (imitando a voz rouca do Juvenal) “Tá bom, dobrado!” E aí todo mundo “aê”, começava abraçar ele e tal.
– A minha relação com ele foi muito boa, ele fezjogo que dá para jogartudo para que eu pudesse jogar aquela final (da Libertadores), o São Paulo queria pagar um valor que nem precisava para o Bétis, Para que eu pudesse jogar, infelizmente não deu certo. Era um cara que realmente colocava muito dinheiro porque ele queria ver o São Paulo ganhar o tempo todo. Para isso, ele tinha que é dobrar o bicho... Não era sempre que ele fazia, é claro, tinha jogo que ele falava assim: “é obrigaçãojogo que dá para jogarvocês ganharem hoje, vocês não precisamjogo que dá para jogarbicho, vocês precisam ganhar.” E tinha jogo que ele sabia que bem complicado e aí ele tinha essa carta na manga. Não época, a gente saía com um envelope bem pesado do Morumbi, tudojogo que dá para jogarespécie.
Abre Aspas: Ricardo Oliveira rememora estilojogo que dá para jogarJuvenal Juvêncio no São Paulo
No exterior você também pegou bichos altos?
– Peguei, no Al-Jazira eu peguei, no Bétis, também. Tinha um presidente muito folclórico, o Manuel Ruizjogo que dá para jogarLopera, que todo mundo conhece na Espanha. Ele trabalhava muito nesse formatojogo que dá para jogardar bichojogo que dá para jogarincentivo. Ele não pagava muito salário, mas tentava compensar com bicho, ele caprichava bemjogo que dá para jogardeterminados jogos, era bem interessante. Tem uma redejogo que dá para jogarshoppings lá muito conhecida por toda a Espanha, então ele dava alguns vouchers pros atletas utilizarem. Ele era acionista dessa rede. Aí o time ganhava e ele dava esses vouchers para os jogadores.
Há pouco, você citou a lesãojogo que dá para jogar2006. Aquela era ajogo que dá para jogarCopa, não é? Foi o maior baque dajogo que dá para jogarcarreira?
– Foi, sem sombrajogo que dá para jogardúvidas. Eu posso assegurar para você: a lesão me tirou da Copa, eu estava na Copa. O Fred foi no meu lugar. Eu me recuperei num período muito curto, sempre falando com o doutor José Luiz Runco, que foi quem me operou. Ele dizia: “Ricardo, nosso trabalho é te recuperar.” Ele nunca me falou “você vai para a Copa” ou “olha, o Parreira está perguntando.” Ele nunca alimentou a esperança. Ir a Copa era uma outra situação. Mas, sem sombrajogo que dá para jogardúvida, se eu não tivesse me lesionado estaria dentro.
Perguntei por qual clube você se sente mais identificado. Agora vamos mudar:jogo que dá para jogarqual clube do Brasil você jogou mais? Qual foijogo que dá para jogarmelhor versão?
– Eu acho que são três versões diferentes: a do início da carreira, que foi na Portuguesa. Em meadosjogo que dá para jogar2000 comecei a fazer gols, era ainda uma promessa, depois eu fui consolidando essa carreira e passeijogo que dá para jogarpromessa a uma realidade. Aí veio a convocação para a seleção brasileira, sem nunca ter passado pela categoriajogo que dá para jogarbase, veiojogo que dá para jogar2002, naquele grupo do penta. Essa versão minha foi uma versão muito poderosa, porque foi o início,jogo que dá para jogarque eu estava me mostrando para o futebol nacional, com muita explosão, muita velocidade, finalizava bemjogo que dá para jogardireita,jogo que dá para jogaresquerda, fazia goljogo que dá para jogarfora da área,jogo que dá para jogarfalta,jogo que dá para jogarcabeça. E com 20 anos. Essa versão, para mim, foi a melhor, que me projetou para o mundo. A do Santos,jogo que dá para jogar2003, ainda era a mesma versão da Portuguesa, porque eu fiquei só seis meses antesjogo que dá para jogarser vendido para o Valencia. Aí sim, na Europa, já fui criando um corpo, mudando um pouquinho o meu estilojogo que dá para jogarjogo, entendendo o que era aquilo ali.
– A segunda versão já éjogo que dá para jogar2006, no São Paulo. Eu venho da Europa nesse meu melhor momento, me recupero e, quando eu começo a jogar, aí dava para ver a diferença. Eu sempre fui um jogador muito técnico, não era só um cara que finalizava. Eu tinha drible, assistência. Essa é uma versão já com mais experiência. E acho que a última versão foi essa já caminhando para o final da carreira,jogo que dá para jogar2015 até 2017 no Santos. Fui artilheiro do Brasil com 35 anos, voltei à seleção brasileirajogo que dá para jogar2015 e,jogo que dá para jogar2016, estava convocado para a Copa América a Centenário, mas fiqueijogo que dá para jogarfora por causa da lesão depois da final do Paulistão, do bicampeonato.
– Onde eu vou hoje, sempre encontro muitos são-paulinos que me falam a mesma coisa: “cara, a gente gostajogo que dá para jogarvocê, você honrou a nossa camisa, se tivesse mais tempo no São Paulo estaria na história do clube como um dos maiores goleadores.” Mas, pelo fatojogo que dá para jogarter estado três anos consecutivos lá no Santos, é um clube que eu criei muita identificação, as pessoas sempre quando lembramjogo que dá para jogarmim no Brasil, falam muito do Santos. Eu acho que essa última versão, a versão 3.5...
Te levoujogo que dá para jogarvolta para a Seleção...
– Me levoujogo que dá para jogarvolta para a Seleção com 35. Naquela época eu era um dos jogadores mais velhos a frequentar a seleção brasileira atrás do Cafu. Hojejogo que dá para jogardia outros jogadores já passaram.
E qual foi o título mais marcante? Pode ser no Brasil ou fora.
– A Champions. O sonho máximojogo que dá para jogarqualquer atleta.
Era mais ou menos aquele time (risos).
– Eu acho que foi o último grande time que o Milan montou. Agora retomou novamente, está voltando a esse caminhojogo que dá para jogarconquistas,jogo que dá para jogarser protagonista na Champions... E a experiênciajogo que dá para jogarjogar com esses caras foi incrível. Não tive protagonismo, tá? Fiquei só um ano no Milan, Foi um ano complicado. Na minha estreia eu faço gol, a gente ganhajogo que dá para jogar2 a 1, mas logojogo que dá para jogarseguida acontece o sequestro da minha irmã aqui no Brasil, isso me atrapalhou totalmente.
Como foi aquele momento?
– O problema nem sempre é no campo, o problema muitas vezes é fora. Eu não conseguia performar, mas o Milan nunca me obrigou a nada. Pelo contrário, sempre me deixou à vontade, me abraçou. O (presidente Silvio) Berlusconi me chamou lá na sede do Milan, junto com (vice-presidente Adriano) Galliani, com o (diretor) Ariedo Braida, e disse: “o Milan está àjogo que dá para jogardisposição, o que você precisarjogo que dá para jogartodas as áreas, financeiro, a gente está aqui para te ajudar. Sinta-se querido e abraçado.” Isso me ganhou. Eu treinava quando podia, às vezes estava um pouco mais relaxado. Seedorf, Kaká, Serginho trataramjogo que dá para jogarme deixar à vontade.
– O Carlo Ancelotti foi um pai, me chamou na sala dele e perguntou se eu queria treinar. Eu disse: não posso ficarjogo que dá para jogarcasa, pensando sem fazer nada, pelo menos aqui eu tenho vocês pra descontrair um pouquinho, para não ficar pensando só nisso. Senão, vou morrer, não vou aguentar. Eu não quero ficarjogo que dá para jogarcasa, eu amo o que eu faço, não posso ficarjogo que dá para jogarcasa alimentando essa dor que me consome todo dia. Esse time do Milan foi espetacular. Eu choreijogo que dá para jogaruma forma diferente da que eu estava chorando por causa da situação da minha irmã, muito emocionado, porque eles se reuniram no vestiário, o Seedorf tomou a palavra e falou assim: “pessoal, queria pedir para todos uma salvajogo que dá para jogarpalmas para o Ricardo pela atitude, pelo comprometimento, pelo caráter, por ser um cara que está passando pelo que está passando e todo dia está aqui treinando, a gente não vê uma insatisfação dele, não vê má vontade no treino.” E aí eu chorei. O pessoal realmente me abraçou, sentiu a minha dor. Quando chegou a boa notícia, todo mundo também vibrou comigo, eu estava na Itália. O time realmente me marcou, e aí depois veio a coroação do Kaká como melhor do mundo que carregou o nosso time para aquela conquista. Foi muito legal ter feito parte desse grande time.
Como foi ajogo que dá para jogarrelação com Ancelotti e como vê a possível chegada dele à Seleçãojogo que dá para jogar2024?
– Eu vejo a discussão, tem uns que preferem que seja um treinador nacional, outros falam: “poxa, o Ancelotti, você acha que a forma que foi planejado isso daí está correto?” Não, eu não acho que está correto a seleção esperar um treinador. Mas, tratando-se desse profissional, sem sombrajogo que dá para jogardúvidas foi muito acertada a escolha. É só puxar aí o que esse cara ganhou, ele não precisa provar mais nada. E na gestãojogo que dá para jogarpessoas é fenômeno, abraça a todos, conversa. É um cara que é multicampeão, tenho ótimas memórias dele, me ajudou bastante. Que bom seria se (a ida para a Seleção) fosse para já, não é? Se ele pudesse já vir, estar aqui e acompanhar. Foi uma escolha acertadíssima.
– Eu acho que foi errado a forma, o planejamento, para mim, não está correto. A seleção pentacampeã não pode ser conduzida dessa forma: você põe um treinador interino, o Fernando Diniz, para ficar esse período e não seijogo que dá para jogarque forma eles vão se comunicar, se é que vão se comunicar. Vai mandar um resumo para ele do que foi feito? Não sei. Só acho que a seleção não merece ser conduzida dessa forma. Mas, se fosse optar por um profissional que não fosse o Ancelotti, eu vejo hoje um treinador no Brasil há muitos anos sendo campeão, conhecendo o futebol brasileiro e que está aí, que é o Abel Ferreira. Eu prefiro um treinador nacional, tá? Mas se a escolha é por um estrangeiro, para mim, o cara que está no Brasil há tantos anos ganhando é o Abel. Que conhece o futebol brasileiro, é o Abel.
Qual foi o treinador que mais fez você se desenvolver, potencializou o seu jogo e te deu prazerjogo que dá para jogartrabalhar?
– Rafa Benítez. Foi o primeiro treinador europeu que eu tive. Eu vinha com os vícios do Brasil, do jogador sul-americano. Quando eu cheguei no Valencia, comecei a treinar e tal, ele me observou e me deu uma semana. Na segunda semana, ele me chamou e falou assim: “Ricardo, vem aqui, vamos lá para dentro da jaula.” A jaula era nada mais do que um campinho, parecido com essesjogo que dá para jogarsociety, mas tinha grama natural, com uma mureta, que ele colocava os atletas lá para ficar chutando bola no muro e treinar o domínio. Ele não gostava que pisava na bola, gostava que dominasse a bolajogo que dá para jogarchapa, a parte interior do pé. E a bola não podia fugir muito, ele praticava um jogo muito rápido. Ele viu que eu fiquei emburrado, não gostei. Imagina: Ricardo Oliveira, 23 anos, tinha sido convocado para a seleção brasileira, artilheiro do Santos na Libertadores, já uma realidade no Brasil, vai para o Valencia e acha que era o cara. Eu tinha vícios que não sabia.
– A cultura do futebol espanhol é diferente, e o que o Benítez pensava sobre futebol era diferente. Ele percebeu que eu não gostei e chamou o Aimar: “Vem cá, fala para o Ricardo o que que eu fiz com você aqui.” Aí o Pablo deu risada e falou: “a mesma coisa”. Eu falei: bem, vou fazer isso. Fiz, trabalhei, joguei com ele, fiz gols importantíssimos, sendo titular com ele. Foi um ano histórico também do Valencia, ganhamos La Liga, quebrando a hegemoniajogo que dá para jogarBarcelona e Real Madrid e também a Copa da Uefa, hoje Europa League. Então, o cara diferente, que me marcou, foi Rafa Benítez. Não só por isso, mas porque nas preleções ele fazia o jogador pensar. Ele criava um problema no quadro tático e perguntava para um jogador aleatório: me responde, como é que a gente resolve esse problema? Ele ensinava e dizia: “para jogar comigo, tem que ser inteligente e saber que sejogo que dá para jogarum determinado momento surgir um problema dentro do campo você consegue resolver.” Mudou minha cabeça.
E dos brasileiros, quem você aponta?
– Eu trabalhei com uns bonzinhos, né? Peguei Dunga, Parreira, Zagallo, Leão no Santos, Muricy Ramalho no São Paulo, Ricardo Gomes, Carpegiani. Peguei uns bons, cara. Seria muito difícil falarjogo que dá para jogarum. O jeitojogo que dá para jogarlidar,jogo que dá para jogartreinar, dos caras que eu tive a oportunidadejogo que dá para jogartrabalhar no dia a dia, o Dorival Júnior me marcou positivamente. Foi muito vitorioso o período que nós tivemos. Ele tinha excelentes treinos, fazia uma boa gestão do grupo, conseguia trazer o jogador para um contexto coletivo, para ele se sentir parte do todo. Ele vem dessa linha mais modernajogo que dá para jogartreinos, não é? Tem o Lucas também, o filho dele, que é muito estudioso, ajuda demais nos treinos. Era gostoso, sabe? Chegava para treinar, tinha um treino diferente, sempre muito intenso, curtinho. Aí aquele time nosso encantou,jogo que dá para jogar2015, chegou a praticar o melhor futebol do Brasil. Tinha uma formajogo que dá para jogarcontra-atacar tão potente, tão poderosa, tão forte, marcou muita gente. No meu gol do bicampeonato, na Vila, contra o Audax (na final do Paulistãojogo que dá para jogar2016), eu fiquei uma semana sem treinar. E eu joguei esse jogo por causa do Dorival.
Por quê?
– Porque o doutor na época falou que eu não ia jogar. E eu falei: doutor, eu vou jogar. Ele falou: “Não vai, você precisa treinar”. Me lesionei no primeiro jogo, pisei num buracojogo que dá para jogarfalso, o joelho estava inchando, não treinei a semana toda. O doutor falou assim: “Você precisa treinar, não posso te liberar sem.” Aí no sábado eu fui para o campo, não consegui. Fui lá no Dorival e falei: professor, você já está sabendo que eu não vou conseguir treinar, não é? Ele falou assim: “eu estou sabendo”. Aí eu disse assim: bom, então eu queria que você soubesse que amanhã vou jogar. Não sei quantos minutos, mas amanhã vou jogar. Eu preciso jogar, preciso vestir a camisa. Eu preciso entrar, os meus companheiros precisamjogo que dá para jogarmim. Se eu conseguir 20 minutos, estou feliz. Se eu conseguir meia hora, se eu conseguir o primeiro tempo, eu estou feliz. Mas eu vou jogar. Eu preciso que você me dê essa confiança, tá? Eu quero jogar amanhã, você pode contar comigo. Aí falou: “então tá bom, amanhã eu conto com você.” Fui para o vestiário, continuei o tratamento e, no domingo, joguei. Toquei uma bolajogo que dá para jogarcondição, num contra-ataque, fiz o gol do título, foi o gol do bicampeonato.
Você falou desse Santos que encantava. Alémjogo que dá para jogarjogar bem, na Copa do Brasiljogo que dá para jogar2015 foi um time que eliminou o rival Corinthians, depois outro rival, São Paulo, mas na final perdeu para o Palmeiras. Pelo futebol que o Santos praticava, pela campanha que fez, pela união daquele, essa foi a derrota mais dolorosa dajogo que dá para jogarcarreira?
– Sem sombrajogo que dá para jogardúvida. Nós tínhamos totais condiçõesjogo que dá para jogarsermos campeões. Se não tivessem adiado aquela aquela final... Mudaram a data, e o nosso time estava embaladíssimo. A gente vai para um jogo depoisjogo que dá para jogaruma semana e tal, e a gente perde. Estava 2 a 0 para o Palmeiras, eu fiz o gol, e levamos para os pênaltis. A gente teve mais uma oportunidade ali, mas, infelizmente, não deu. A gente merecia muito.
No primeiro jogo o Santos teve muitas chances, mas só venceu por 1 a 0...
– O time estava voando, né? Por alguma questãojogo que dá para jogarplanejamento, a gente não sabe o que aconteceu, mudaram a data (da segunda final) e aí a gente acabou perdendo. No segundo jogo nós não merecemos, não jogamos nada. O que ficou marcado da primeira final foi aquele último lance, a bola do Nilson. Não entrou e ganhamosjogo que dá para jogar1 a 0, ficou um silêncio na Vila, um silêncio no vestiário. Aí eu entro, vejo aquele silêncio e tentojogo que dá para jogaralguma forma jogar para cima, não é? Pô, ganhamosjogo que dá para jogar1 a 0, uma final, um time difícil, parece que a gente perdeu o campeonato. Mas aquele sentimento parece que tomou contajogo que dá para jogartodos no vestiário e era praticamente inútil tentar jogar pra cima. Recebemos uma carga ruim, tipo assim: ganhamos o jogo, mas perdemos o título. Essa foi a mensagem que chegou. Dentro do vestiário, junto com David Braz, que sempre foi um cara que jogou (o ambiente) muito para cima... Mas parece que foi inútil. Isso no vestiário. Mas, depois, durante a semana, o trabalho volta e todo mundo está “vamos para cima que vai dar.”
Naquele momento a rivalidade entre Palmeiras e Santos se acirra, e do lado alviverde parece que essa rivalidade é personificadajogo que dá para jogarvocê. Tanto que na comemoração do título aparecem máscaras com o seu rosto. Por que você acha que virou alvo?
– Porque eu fazia muito gol, cara, fazia muito gol contra o Palmeiras, está claro. Eu fazia gols bonitos e tinha um pouquinho dessa perspicácia provocativa, eu gostava. Nessa época tornou-se a maior rivalidadejogo que dá para jogarSão Paulo (o clássico) Santos e Palmeiras, porque ambos chegavam na frente, estavam sempre disputando. E os jogos eram muito quentes, né?
– Isso foi bem interessante, foi bem legal e está tudo certo, faz parte do futebol. Pelo menos fazia nessa época, podia se provocar, incitava um pouquinho. Pô, a gente tem que ganhar desses caras... Foi crescendo a rivalidade. Eu provocavajogo que dá para jogarlá, eles provocavam também, tudo dentro do que o futebol permite. Hoje o futebol não permite mais isso, hoje já não pode mais, você faz uma coisinha e está faltando com respeito. Hoje, até comemorar gol já não é mais igual como era naquela época. Faz o gol “não, não, não, espera aí, juiz, VAR, está tudo certo? Mas, como sempre falei: sou fruto do futebol, sou filho desse esporte tão apaixonante e aceitei as provocações, provoquei, vivi intensamente. Não me arrependojogo que dá para jogarnada e está tudo certo.
Abre Aspas: Ricardo Oliveira relembra rivalidadejogo que dá para jogarclássicos contra o Palmeiras
Ali estava tudo dentro do jogo então?
– Para mim, totalmente dentro do jogo. Se eu ganho, iria pegar uma daquelas máscaras e iria usar. Futebol é isso, é por isso que é apaixonante, entende? Eu conheço muitos palmeirenses, até nas redes sociais o pessoal me manda mensagem lembrando. Eu sempre respondo assim: parabéns, eu vivi intensamente, para mim foi maravilhoso e fariajogo que dá para jogartudo para voltar a viver esse sentimento. Foi muito legal pra mim foi especial, criou-se essa rivalidade. No diajogo que dá para jogarque perdemos a final da Copa do Brasil eu estava lá não só fisicamentejogo que dá para jogarcampo, fazendo o gol que levou a disputa para os pênaltis, batendo pênalti, mas depois no rostojogo que dá para jogartodo mundo, lá na hora que eles levantarem o troféu. Foi bem intenso e foi bacana.
Antesjogo que dá para jogarte entrevistar, fui rever imagens, e encontrei uma entrevista que o Rafael Marques dá usando a máscara com o seu rosto...
– Isso é fantástico. É claro que eu queria ganhar o campeonato. Pô, eu fizjogo que dá para jogartudo, junto com meus companheiros. E sabia do que estava por vir se ganhasse e se perdesse. Faz parte do futebol isso daí. Encontrei quase todos (jogadores do Palmeiras) depois, zero problema. O Rafael, então, nem se fala. De abraçar, bater papo, está tudo certo. O Zé Roberto é um amigão...
Ouvimos que você encontrou o Fernando Prass numa padaria logo depois daquela trocajogo que dá para jogarfarpas.
– A gente mora no mesmo bairro e se encontrava direto. Tem uma história que eu cheguei no banco, e aí o gerente estava me atendendo e ele mudou assim, olhou para trás e ficou meio sem graça. Eu falei: o que que foi? Ele falou: “O Fernando Prass está aí.” Eu disse: o que foi? Você está pensando que a gente vai se pegar aqui dentro? Foi engraçado. Foi uma misturajogo que dá para jogarsentimentos, o gerente era palmeirense, eu vi uma misturajogo que dá para jogarsentimentos ali, ele lembrou tambémjogo que dá para jogarcomo a gente se pegava. Mas a gente (Ricardo e Prass) se encontrava e se cumprimentou sempre.
Estamos repassando ajogo que dá para jogarcarreira... gostaria que você apontasse o goleiro mais difícil que você enfrentou.
– O goleiro mais difícil que eu enfrentei? É fácil lembrar desse cara, ele deixava o gol para mim desse tamaninho: Dida. E eu subindo, começando na Portuguesa. O Dida me causava tremor. Eu ia bater pênalti nesse cara e pelo amorjogo que dá para jogarDeus. Era muito grande e frio.
E o melhor marcador?
– Zagueiro mais difícil assim que eu enfrentei? O Sérgio Ramos. Ele era muito rápido, tinha uma recuperação absurda. Forte, realmente foi um cara muito, muito difíciljogo que dá para jogarser batido. Em todos os jogos contra ele eu sofria demais. Venci, mas não muitos. E depois eu perdi bastante, principalmente quando ele foi para o Real Madrid.
E o melhor com quem jogou? É o Ronaldo?
– O melhor foi o Edu. Era um sócio perfeito. Assim eu tinha Joaquín, Marcos Assunção atrás, e o Edu que caía para o lado... Foi o Edu, sem sombrajogo que dá para jogardúvida. Por que não o Ronaldo? O Ronaldo é a minha maior referência, o meu ídolojogo que dá para jogarinfância. Mas eu não joguei muito com o Ronaldo. Apesarjogo que dá para jogara gente ter tido a experiência do Milan, que foi curta, eu tenho gols na minha carreira com passe dele. Imagina. Eu tenho jogos ao lado dele na Seleção, fazendo duplajogo que dá para jogarataque com Ronaldo. Mas o sócio, o cara que realmente... Foi o Edu. A gente fazia tantos gols juntos, e aquele ano foi histórico para o Bétis. O Edu me deu muitos gols, era um sócio fiel. Dividimos naquele ano a artilharia do time.
Gostaria que você falasse do atual momento dajogo que dá para jogarantiga função, ajogo que dá para jogarcamisa 9. Vira e mexe volta o debate sobre uma suposta carênciajogo que dá para jogarcentroavantes no futebol brasileiro. A posição mudou? Como vê essa posição atualmente?
– Acho esse um tema sempre muito atual e eu gostojogo que dá para jogarfalar desse assunto, sou um defensor nato do centroavante. O 9 é o centroavante. Hoje parece que banalizou, é o falso nove, é o cara que veste a camisa 9, é um atacante mais. Não, o 9 é o homem gol, ele tem que decidir. Todo mundo esperajogo que dá para jogarum camisa 9 gols. Eu me lembro quando o Yuri Alberto estava subindo para o profissional no Santos e que a gente ficava fazendo o treino todos os dias. Ele estava do meu lado, fazendo trabalhos, é nove, nove, nove. É um cara que precisa fazer gols. Hoje ele é cobrado por isso. Eu vejo duas situações: eu acho que nós perdemos a nossa identidade.
– Estamosjogo que dá para jogarum conflitojogo que dá para jogaridentidade do futebol brasileiro. Nós estamos buscando modelagem fora e trazendo para o Brasil, para que seja praticado no Brasil o que é feito lájogo que dá para jogaruma outra forma ejogo que dá para jogaruma outra cultura,jogo que dá para jogarum outro contexto. A gente pega as ideias que têm lá e traz pra cá.
– Eu acho que há uma defasagem na formação, isso para mim é claríssimo. Posso te dar um exemplo? Não é centroavante, mas olha o que aconteceu com Vinícius Junior no Real Madrid. Precocemente, ele explodiu, talvez maturou antes do que era esperado dele e começou a jogar no profissional. Quando ele chega ao Real Madrid, o pessoal falou assim: que loucura trazer um jogador desses, sem condição nenhuma para jogar no Real Madrid. Tecnicamente, é um jogador que tem qualidade, mas ele não tem fundamentos. Era assim, era absurdo o que ele passou lá. Olha o que ele se tornou, um jogador decisivo, que faz golsjogo que dá para jogarfinais, é uma realidade hoje.
O que acha dos novos centroavantes que estão surgindo no Brasil?
– A gente tem o Vitor Roque. Para mim, sem sombrajogo que dá para jogardúvidas, é um jogador que marca muita diferença no jogo, porque é potente, explosivo, combate, tem muitos contatos, não foge disso e tem gol, muitos gols. É um 9 estilo Ronaldo, sei lá. A gente tem o Endrick, um perfil diferente, não é altão, é baixo, lembra talvez um pouco o estilo do Romário, pelo jeitojogo que dá para jogarser, sai da área, movimenta bem, mas é um menino que também ainda está nesse processo. O Yuri Alberto já passou da fasejogo que dá para jogarser uma revelação, ele está aqui sofrendo bastante com isso.
Eu acredito que, na formação, se você consegue pegar um cara como Alex Ferguson fez com o Cristiano Ronaldo, traz ele do Sporting e fala assim: “Você continua fazendo o que você faz, mas agora eu quero que você entregue a gols. Você vai continuar fazendo isso, você bate muito bem na bola, tem boas assistências, tem um bom 1 x 1, mas, pela qualidade que você tem, você pode entregar muito mais. Quero gols.” O maior goleador praticamentejogo que dá para jogartodos os tempos o Cristiano Ronaldo se tornou, o Ferguson mudou ele.
– Eu acho que precisa encontrar esse profissional no Brasil e falar assim: homem gol? Tem. Sabe por que? Esse terreno é fértil. No Brasil, onde você vai encontra jogador bomjogo que dá para jogarbola. Mas você precisa desses profissionais qualificados, que têm um olhar, falar assim: opa, esse cara que é diferente, ele pode dar bom aqui, ele pode ser um bom centroavante, esse precisa treinar aqui. E dar tempo. Mas, talvez a necessidade econômica dos clubes, não permita. Eu acho que o Brasil não precisa buscar lá fora. Era o contrário, as pessoas vinham aqui procurar e copiar. Agora inverteu, o brasileiro parece que perdeu a identidadejogo que dá para jogarquem ele é, o país do futebol, pentacampeão do mundo, o maior jogadorjogo que dá para jogartodos os tempos saiu daqui, é fruto da nossa terra. (...) O Dorival colocou eu e o Gabigol para jogarmos juntos. Até então, era joga um ou joga outro, não dava para jogar os dois juntos. O Dorival chegou e falou: joga os dois, pronto.
Falamosjogo que dá para jogarmuita coisa nessa entrevista, até porque você viveu muita coisa no futebol. Há um tempo atrás, você lançou o livro "Do Carandiru ao Palácio". Pensajogo que dá para jogarservirjogo que dá para jogarinspiração para outros jogadores?
– Olha, só o futebol faz esse tipojogo que dá para jogarcoisa. Eu jogava bola lá no Carandiru. No bairro, né? Para que o pessoal entenda bem. Perto do presídio, mas no bairro. Eu jogava futebol com bolinhajogo que dá para jogarmeia. Tive influências negativas o tempo todo lá dentro do Carandiru. E o futebol me deu essa oportunidadejogo que dá para jogarser um exemplo hoje para as crianças, para os mais jovens. De ter sido uma referência muito positiva, apesarjogo que dá para jogarser um cara totalmente falho, que erra, que reconhece as imperfeições. Eu sou esse cara. Costumo dizer que a minha família sabe como eu sou, eu sei como eu sou. Mas no que diz respeito à minha profissão, o futebol me proporcionou coisas incríveis. Eu fui um cara muito leal ao futebol, que viveu intensamente todos os dias. Para mim, era uma paixão ir treinar. Sempre fui muito apaixonado por treino. Eu era o cara que se eu não estava nos planos, eu nunca tinha perdido os meus desejos. "Ah, tal treinador não conta com você". Eu conto comigo, continuo sonhando, continuo dando o meu melhor. "Ah, vai treinar hoje com time reserva dos reservas". Opa, eu estou fazendo o que eu sempre sonhei fazer e fazia intensamente.
– O futebol me proporcionou deixar um legado para as pessoas. Eu recebo mensagemjogo que dá para jogarpessoas falando assim: "cara, mudou minha vida ler o seu livro, ajogo que dá para jogarhistória, entendeu? Tenho uma história parecida com a sua, pois eu achava que eu não ia conseguir, mas lendo ajogo que dá para jogarhistória, vendo ajogo que dá para jogarperseverança, ajogo que dá para jogarfé... Eu vou lutar". Isso não tem preço. Recebo mensagensjogo que dá para jogarpessoas falando que estavam decididas a tirar a própria vida. O futebol tem um outro lado que as pessoas não conhecem.
– Eu sou uma exceção, eu sou uma rara exceção do futebol que atingiu a fama, que atingiu o ápice na carreira, que chegou à Seleção, que foi jogar na Europa.
– Levantei grandes troféus. Hoje, consegui construir um patrimônio, dar tranquilidade para minha família e para outras pessoas,jogo que dá para jogarpoder ser um meiojogo que dá para jogarresposta para quem está precisando. E eu conto sempre: o menino que chutava a bolajogo que dá para jogarmeia lá na favela do Carandiru hoje tem condiçõesjogo que dá para jogardoar bolas para as crianças que querem jogar futebol lá na favela. Ser uma referência positiva para os jovens e ser respeitado nesse meio do futebol não tem preço. É um troféu que eu guardo a sete chaves. Os troféus coletivos e individuais que eu ganhei são bacanas, estão lá no meu museu. Eu olho para dentro, admiro, levo meu filho para ver, mas o respeito que eu ganhei, que eu conquistei no meio do futebol, isso é impagável.